As voltas finais do G.P. da Bélgica foram, hoje, um espectáculo magnífico.
Dois pilotos brilhantes e correctos, Hamilton e Raikkonen, dando tudo por tudo pela vitória, com pneus para seco e numa pista alagada, sempre no fio da navalha.
Junto com situações salvas in extremis, houve passos em falso impossíveis de evitar. Um, Hamilton a "cortar" uma chicane para não ficarem ambos ali. Outro, Raikkonen a despistar-se sozinho, face a um aquaplaning incontrolável.
Retomado o fôlego, muito lamentei essa desistência e muito me congratulei com a merecida vitória de Hamilton e com o facto de existirem pilotos dispostos a lutarem pela vitória como aqueles dois fizeram.
Afinal, não.
Hamilton foi penalizado com 25 segundos (o suficiente para ganhar Filipe Massa, o outro piloto da Ferrari, que por ali andou gerindo a vidinha sem atrevimento ou um golpe de asa), por voltar a lutar pela 1ª posição logo depois de, como lhe competia, deixar Raikkonen passar para a frente no seguimento da ultrapassagem por fora da chicane.
Aquilo que eu vi foram 3 minutos de rara beleza, disputados em condições extremas mas no respeito das regras e com correcção - maior, certamente, do que o célebre duelo entre Villeneuve pai e Arnoux, umas décadas atrás. O que vi foi aquilo que a fórmula 1 deveria por vezes ser. Mas isso sou eu, um mero entusiasta que só acompanha esta coisa há pouco mais de 30 anos.
O que viu quem manda na tasca foi, parece, a Ferrari a perder.
Uma coisa que, por essas bandas, é inaceitável desde há alguns anos e tem levado a jeitinhos e jeitões cada vez mais obscenos.
Com este, para além da verdade desportiva, talvez se mate a emotividade deste desporto.
A McLaren, marca por quem corre Hamilton, vai recorrer da penalização.
Com o que lhes tem feito a FIA, não lhes auguro grande sorte...
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Ferrari tem à força que ganhar
Etiquetas:
+ comentados,
Croniquices,
É a vida,
It's a small world
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Segundo informações Hamilton não podia efectuar a ultrapassagem em La Source mas sim na curva seguinte, mas como o senhor sabe muito de F1 talvez estes estejam enganados.
O que me lembro de polémicas anteriores é que ele teria (como fez) que deixar passar o oponente antes da curva seguinte, não que deixá-lo fazer a curva seguinte à frente.
Não tenho pretensões de omnisciência nem tenho o regulamento desportivo à frente - e, com as mudanças que sofre, até pode ter essa nova norma.
Mesmo que assim seja:
Por um lado, também é proibido (e discutível que assim seja) fazer mais de uma mudança de trajectória em recta e o Schumacher infringia isso a toda a hora, sem nunca ser punido.
Por outro, situações duvidosas têm que ser analisadas no contexto das condições e limitações em que ocorrem, e com bom senso. Não se trata de jogos de xadrez ou de playstation mas (particularmente numa situação como esta) algo que ocorre em condições extremas e que começa com o evitamento de um acidente entre 3 carros. Não ter em conta o contexto e a correcção dos envolvidos, num caso em que não há queixas possíveis dos oponentes a não ser por anti-desportivismo, releva de perseguição.
Por fim, numa altura em que toda a gente se queixa das procissões em "bicha pirilau" e das dificuldades técnicas de ultrapassagem, tomar uma posição destas não só é injusto como repressor dos maiores artistas e da sua criatividade e mestria, dentro dos limites da correcção e risco limitado. É estimular ainda mais que só se ultrapasse nas boxes.
Mas, volto a dizer, isto sou eu a falar.
Paulo,
Estava eu a assitir a corrida com o meu filho e quando percebi que o Hamilton, por quem torço, embora também não possa dizer que não torço pelo brasileiro Massa - que vem amadurecendo na sua competência no guiar, sem se precipitar como antigamente - fez mais uma das suas infantilidades, e naquele momento disse: o Hamilton tem que ser penalizado. Ou seja, ao ter que cortar caminho para não provocar um acidente, ficou na frente Raikkonen. Pelas regras deixou o Raikkonen retomar a posição, mas de uma forma que se aproveitou para de imediato pegar o vácuo facilitando em muito a ultrapassagem naquele momento. Por isso foi penalizado. Ou seja, acabou por se beneficiar na mesma por ter "cortado caminho" e entrou mais tracionado do que a Ferrari e pegou o vácuo da mesma e ultrapassou-a.
Porque é que classifico a atitude do Hamilton de infantil? Estava ele naquele momento com uma MacLaren com um desempenho muito superior ao da Ferrari do Raikkonen. Iria-o ultrapassar quando o quizesse. Porque faze-lo daquela forma? Erro estratégico infantil. Mereceu, ao meu ver, a penalização duas vezes. Porque se aproveitou do "corta mato" e porque de novo mostrou o lado precipitado de um grnade piloto mas ainda imaturo.
Um abraço.
Zé Paulo
Viva, Zé Paulo.
Poderá ter sido infantil (até porque o adversário se despistou pouco depois), mas interessa o que foi deito e não o que deveria ter sido feito, se o Hamilton fosse o Jackie Stewart ou o Niki Lauda.
Quanto à penalização, deixo aqui a opinião deste último (Lauda), que subscrevo:
«THIS IS THE WORST JUDGEMENT IN THE HISTORY OF F1, the most perverted judgment I have ever seen.
It's absolutely unacceptable when 3 functionaries (stewards) influence the championship like this.
Hamilton DID NOTHING WRONG. He was on the outside, he then let him (Raikkonen) by, which is the rule, and afterwards he passed him.
There was nothing special in what happened. Hamilton did the right thing in letting him by before again passing him.
IT WAS AN ABSOLUTELY PERFECT DRIVE FROM Hamilton, although I was disappointed with his spin on the second lap.
That was unnecessary, but in the end he made up for it in much more complicated conditions, and he did a perfect race.
It was very high risk at the end of the race for both of them, but he made fewer mistakes and won the race. He couldn't have done any better.
He executed perfect car control when it was wet. He did a perfect job, won the race, and you can only take your cap off to him and congratulate him.»
Quanto aos regulamentos, pude confirmar que Hamilton não era obrigado a deixar Raikkonen fazer a curva seguinte à frente, mas apenas a deixá-lo passar antes da curva seguinte.
À luz do regulamento, a penalização só pode basear-se numa interpretação elástica, subjectiva e especulativa acerca de ele ter «tirado vantagem» ao cortar a chicane.
Entretanto, há, é claro, coisas mais importantes a acontecer no mundo. Mas é que gosto deste desporto e respeito os seus verdadeiros actores, aqueles que vão dentro dos carros...
PS:
"Torço" por Hamilton, desde Monaco 2007, mas não da forma como "torci" por Senna.
(Já o vi, aliás, fazer depois disso algumas corridas de uma mediania confrangedora.)
Se Raikkonen não se tivesse despistado e tivesse ganho aquela "guerra", depois de ter feito a melhor corrida até à chegada da chuva, estaria agora a comentar a sua excelência em Spa e a justiça da sua vitória.
Agora fazerem o Massa "ganhar" assim, meu deus?
Paulo,
está certo voce. Com toda a certeza há bem mais prioridades no planeta para serem vistas do que um incidente na F1. Mas também sou eu um apaixonado pela F1.
Me parece que deve ter ficado claro para si que não é, e não foi, a minha interpretação que só poderia o Hamilton ultrapassar após a curva seguinte.
A minha interpretação, diferente da do Lauda, é que o Hamilton tirou vantagem na manobra do "corta o mato", ao não deixar a Ferrari se colocar em uma posição clara de um posicionamento neutro para que ele voltasse então a atacar e ultrapassar.
E um comentário final. O Hamilton não foi assim tão excepcional nesse duelo, pois se o Raikkonen não tivesse batido, o Hamilton já havia perdido de novo a posição da liderança da corrida. Quer dizer, não foi assim tanto por duas razões. Tinha um carro melhor, precipitou-se na manobra da ultrapassagem e depois ainda atrapalhou-se com um retardatário (Trulli ?) e acabou por deixar o Raikkonen passar, que também sem grande dominio da vermelhinha, foi parar no muro.
Grande abraço,
Zé Paulo
O que é preciso é que haja gente atrás do volante que não faça a gente adormecer frente à TV, mesmo com o barulho dos fórmula 1, não é?
PS: a interpretação acerca da curva era sua, mas do anónimo que me acusou (se calhar com razão) de me armar em sabe-tudo.
Agraço
Enviar um comentário