Fiquei bastante surpreendido quando, ao abrir o Público de hoje numa dupla página sobre os resultados das eleições moçambicanas, dei de caras com uma frase minha que o jornalista escolheu para colocar em letras bem grandes:
«Mesmo que as coisas não melhorem como as pessoas gostavam, está-se em paz e consegue-se ir vivendo, e isso é valorizado.»
Não é, de facto, o tipo de questão que um jornal costume destacar, de entre as muitas outras sobre tácticas partidárias e estatais, mensagem política, usos de meios, and so on.
Mas depois percebi - ou, pelo menos, julgo ter percebido.
Aquela frase foi escolhida exactamente por sair fora do trivial analítico em que quase sempre se esgotam as declarações feitas nestas circunstâncias.
Foi escolhida por chamar a atenção para um factor que julgo ser fulcral, mas que não é equacionado, por não fazer parte do "manual do comentador".
Por ser algo a que, independentemente da sua importância bem real, só daria atenção um antropólogo praticante que se tivesse vindo a aperceber dessa relevância ao longo da sua convivência corrente com as pessoas.
E muito agradeço ao João Manuel Rocha (o jornalista em causa), por me ter feito lembrar essa coisa simples e essencial acerca da minha profissão.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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