Caro Paulo, Começo por felicitá-lo novamente por esta apresentação!
Apesar de já estar convencido sobre as enormes potencialidades que a teoria do caos poderia ter para as ciências sociais, fiquei ainda mais seguro disso após ouvir a sua intervenção. Claro que esta teoria acaba por “abanar” diversos pilares, designados científicos, que nos foram incutidos durante anos e anos. Deste ponto de vista é até algo desestruturante, em termos de pensamento, e talvez por isso, recebe fraca receptividade por parte de quem trabalha na área das ciências sociais. Parece-me ter sido isto que levantou algumas reservas por parte de alguns colegas da plateia. Todavia, a teoria do caos, enquanto modelo teórico, parece-me que pode ser utilizada nas ciências sociais, no mínimo, como teoria auxiliar ou de médio alcance (termos apresentados por R. Merton). Senão, vejamos se faz (ou não) sentido para as ciências sociais considerar este ponto vista:
As relações e interacções sociais podem também ser dominadas: por elevados níveis de complexidade (não só entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, mas também, por exemplo, com a tecnologia, com o ambiente, e por ai adiante), por incertezas e imprevisibilidades, por aleatoriedade, por riscos e perigos, por aspectos não-lineares (ou seja, por interacções que dificilmente poderemos prever o seu resultado). As relações sociais são também influenciadas e condicionadas por aspectos multifactoriais, logo, faz sentido que se possa encontrar “bifurcações, triforcações, tetraforcações” e por ai adiante! Claro que nas relações sociais existem regularidades, mas não existem também irregularidades e excepções que podem resultar de ligações complexas, inesperadas e eventualmente inantecipáveis? Seguramente que sim. Em resumo, parece que a teoria do caos pode apresentar alguns princípios bastante úteis para as ciências sociais. Mas aquilo que referi é apenas a ponta do iceberg... dado que existem outras potencialidade que não referi!
Se resolver escrever um artigo a desenvolver esta temática, cá estarei para o ler; caso contrário, podemos continuar o debate por aqui...
Talvez valha a pena postar aqui alguns dos pontos essenciais e pôr a discussão. O trabalho até já me foi facilitado por uma amiga que, com a cabeça "deformada" por longos anos de prática jornalística, me pediu para lhe explicar o que é que estava em causa "em poucas frases"...
O problema é que a preparação deste seminário e, depois, as 1as Jornadas do ICS, na 2ª e 3ª, me deixaram o trabalho acumular-se a um nível perigosamente próximo do caótico. Mas farei isso logo que possa.
Entretanto, parece poder juntar-se, lá no ICS, um conjunto de pessoas (pequeno, mas suficiente para começar) dispostas a, sem grande formalidade, se irem juntando para começarmos a explorar o potencial das teorias do caos na aplicação à análise de casos concretos. Se a coisa avançar, como proporei e espero, decerto estaremos abertos a quem queira vir meter a sua colherada.
Aguardamos todos a colocação desses pontos para debate!
Espero que esse conjunto de pessoas, apesar de restrito, possa avançar nesse sentido! Seria bom sinal...
De qualquer modo, mesmo no meio de tanto "caos laboral", espero que consiga encontrar algum tempo para redigir um artigo sobre este tema; os seus leitores agradecem!
Vou agora mesmo escrever-lhe 1 mail sobre uma iniciativa que iremos promover aqui na empresa.
É um cidadão do mundo que nasceu português em 1963, é casado e tem uma filha.
Antropólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), doutorou-se em 2001 e realiza pesquisas tanto em Portugal como em Moçambique.
Mete o nariz em terrenos de estudo tão diversos como a indústria, as práticas curativas e mágicas, os processos de aprendizagem, as práticas políticas, as relações laborais ou o direito familiar.
No entanto, as suas pesquisas possuem um fio condutor comum: compreender as concepções e respostas sociais à incerteza, ao perigo e à tecnologia, em contextos de mudança cultural e social.
Vai sendo também docente no ICS e na FCSH, depois de ter passado pela Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
É autor de diversos livros e artigos, alguns dos quais irão sendo afixados aqui no blog.
Os seus trabalhos receberam, em 2007, dois reconhecimentos de que muito se orgulha:
Por parte dos seus "pares", o Prémio Sedas Nunes para as Ciências Sociais.
Por parte dos seus "objectos de estudo", o estatuto de membro honorário da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique.
desde a actualização anterior, à Argélia, Bielorússia, Cazaquistão, Chipre, Costa Rica, Egipto, El Salvador, Etiópia, Guiana, Honduras, Jersey, Katar, Letónia, Líbano, Malawi, Nicarágua, Paquistão, Senegal e Suazilândia
Nkosi Sikelele Mama Africa
SELECÇÃO DE ARTIGOS - MOÇAMBIQUE
Dragões, Régulos e Fábricas: espíritos e racionalidade tecnológica na indústria moçambicana
A mina desceu à cidade: memória histórica e a mais recente indústria moçambicana
O que é que a adivinhação adivinha?
Saúde e doença em Moçambique
Pluralismo jurídico e direitos humanos: os julgamentos de feitiçaria em Moçambique
Trauma e limpeza ritual de veteranos em Moçambique
O linchamento como reivindicação e afirmação de poder
Gémeos, albinos e prisioneiros desaparecidos; uma teoria moçambicana do poder político
A recusa de ser irrelevante - 5/2/2008 e 1-3/9/2010
6 comentários:
Caro Paulo,
Começo por felicitá-lo novamente por esta apresentação!
Apesar de já estar convencido sobre as enormes potencialidades que a teoria do caos poderia ter para as ciências sociais, fiquei ainda mais seguro disso após ouvir a sua intervenção. Claro que esta teoria acaba por “abanar” diversos pilares, designados científicos, que nos foram incutidos durante anos e anos. Deste ponto de vista é até algo desestruturante, em termos de pensamento, e talvez por isso, recebe fraca receptividade por parte de quem trabalha na área das ciências sociais. Parece-me ter sido isto que levantou algumas reservas por parte de alguns colegas da plateia. Todavia, a teoria do caos, enquanto modelo teórico, parece-me que pode ser utilizada nas ciências sociais, no mínimo, como teoria auxiliar ou de médio alcance (termos apresentados por R. Merton). Senão, vejamos se faz (ou não) sentido para as ciências sociais considerar este ponto vista:
As relações e interacções sociais podem também ser dominadas: por elevados níveis de complexidade (não só entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, mas também, por exemplo, com a tecnologia, com o ambiente, e por ai adiante), por incertezas e imprevisibilidades, por aleatoriedade, por riscos e perigos, por aspectos não-lineares (ou seja, por interacções que dificilmente poderemos prever o seu resultado). As relações sociais são também influenciadas e condicionadas por aspectos multifactoriais, logo, faz sentido que se possa encontrar “bifurcações, triforcações, tetraforcações” e por ai adiante! Claro que nas relações sociais existem regularidades, mas não existem também irregularidades e excepções que podem resultar de ligações complexas, inesperadas e eventualmente inantecipáveis? Seguramente que sim. Em resumo, parece que a teoria do caos pode apresentar alguns princípios bastante úteis para as ciências sociais. Mas aquilo que referi é apenas a ponta do iceberg... dado que existem outras potencialidade que não referi!
Se resolver escrever um artigo a desenvolver esta temática, cá estarei para o ler; caso contrário, podemos continuar o debate por aqui...
Abraço e bom trabalho!
Talvez valha a pena postar aqui alguns dos pontos essenciais e pôr a discussão.
O trabalho até já me foi facilitado por uma amiga que, com a cabeça "deformada" por longos anos de prática jornalística, me pediu para lhe explicar o que é que estava em causa "em poucas frases"...
O problema é que a preparação deste seminário e, depois, as 1as Jornadas do ICS, na 2ª e 3ª, me deixaram o trabalho acumular-se a um nível perigosamente próximo do caótico.
Mas farei isso logo que possa.
Entretanto, parece poder juntar-se, lá no ICS, um conjunto de pessoas (pequeno, mas suficiente para começar) dispostas a, sem grande formalidade, se irem juntando para começarmos a explorar o potencial das teorias do caos na aplicação à análise de casos concretos.
Se a coisa avançar, como proporei e espero, decerto estaremos abertos a quem queira vir meter a sua colherada.
Aguardamos todos a colocação desses pontos para debate!
Espero que esse conjunto de pessoas, apesar de restrito, possa avançar nesse sentido! Seria bom sinal...
De qualquer modo, mesmo no meio de tanto "caos laboral", espero que consiga encontrar algum tempo para redigir um artigo sobre este tema; os seus leitores agradecem!
Vou agora mesmo escrever-lhe 1 mail sobre uma iniciativa que iremos promover aqui na empresa.
Abraço!
Un saludo desde Oman.
Paulo, por favor mande-me o seu endereço email...obrigado, abraço.
Mandei, para o seu endereço hotmail, mas não recebi resposta. Irei procurar se estará a usar outro endereço.
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