terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ministros caindo em Moçambique

Foram ontem exonerados por Armando Guebuza, Presidente da República de Moçambique, os ministros da saúde (Ivo Garrido), do interior (José Pacheco), da agricultura (Soares Nhaca) e da indústria e comércio (António Fernando).

Em Moçambique, tais decisões são raras e sempre significativas de muito mais que meras substituições de pessoas – mesmo se, geralmente, as razões e significados só sejam totalmente compreensíveis para quem se mova nos centros de decisão partidária.

O que quererão dizer, agora, estas exonerações?
Se o segundo caso era inevitável mais tarde ou mais cedo (embora, por exemplo, o ex-ministro da defesa tenha sobrevivido mais de um ano à tragédia do rebentamento do paiol de Malhazine), se o terceiro parece ser sintomático da necessidade de se mostrar que se pretende fazer algo de substancial e efectivo no sector, e se o quarto surge como o bode expiatório da decisão de aumentos brutais de preços, já o primeiro tinha desde há anos uma imagem de marca de confronto com os profissionais do seu sector que, para se ter mantido tanto tempo, até parecia agradar ao Presidente.
Teria sido a ameaça de greve dos médicos, e a necessidade de o governo não se confrontar com mais conflitos sociais complicados nos próximos tempos?

Mas tudo isto são meras especulações de quem se deita a adivinhar e gostaria de compreender mais. E várias coisas.
Em que medida resultarão estas mudanças de medidas cosméticas e marketing político? E em que medida resultarão de uma nova e real estratégia político-económica e de exercício do poder? Em que medida resultarão de meros reajustes das relações de poder internas?
Pois... não sei.

Neste outro blog, tentam-se discutir as razões. Se alguém tem algo a dizer que ajude a compreender o assunto, que entre no debate, ou por aqui.


Entretanto, neste cantinho à beira mar plantado, discute-se entusiástica e apocalipticamente se o orçamento vai ser aprovado (e, quanto muito, as alternativas onde cortar despesa ou obter receita), mas não por que raio e em que medida são necessários cortes tão bruscos e brutais…

Ou seja, da mesma forma que em Moçambique as elites políticas acharam evidente que, com a desvalorização da moeda e a "mão invisível" do mercado (internacional), os preços tinham que subir em flecha e o povo que comesse brioches, assim por cá se corre a criar o caos recessivo (e a, qualquer dia, apelar aos brioches) para acalmar o "mercado" dos bancos especulativos, predatórios e há pouco salvos por dinheiros públicos, quando há alternativas institucionalizadas em que os juros custam cerca de 1/4 do que eles cobram.

É isso sintomático de quê?

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