Sempre que começo a escrever sobre o caso Relvas/Lusófona, só me saem coisas impublicáveis.Seja pelo enorme insulto que constitui para alunos, professores e cidadãos em geral, seja porque vários fios que permitem compreender a teia de aranha em questão exigiriam mais provas do que o conhecimento pessoal, para que pudessem ser escritas sem ameaças (e despesas) de processos.
Mas uma coisa sinto necessidade de dizer:
A nenhum dos alunos do único curso de antropologia que por lá foi leccionado a licenciatura saiu na Farinha Amparo.
Todos trabalharam no duro e, pelo menos nas cadeiras de Antropologia Económica, de Antropologia do Simbólico, de Teorias Antropológicas e de Antropologia da Educação (que leccionei), as notas que alcançaram foram plenamente merecidas, perante programas tão ou mais exigentes do que os seus congéneres noutras universidades.
Por outro lado, este caso rouba-me a possibilidade de continuar a utilizar a frase paternalista que, na FCSH, me permite responder de forma mais ou menos simpática àqueles alunos sornas que não foram às aulas nem estudaram nada (e que tiveram um 8 por favor, para irem a exame), quando eles pedem pelas alminhas um 10, que consideram um direito e um serviço público .
Tenho vindo a dizer, nessas ocasiões, «Dar-lhe um 10 seria o piorzinho que eu lhe podia fazer. Quem é que quer alguém que faz cadeiras troncais de um curso com 10? Seria escrever no seu certificado de habilitações que você é incompetente. Mais vale estudar alguma coisa no ano que vem.»
Já não lhes posso dizer isso, sem pelo menos lhes perguntar se estão seguindo a trilha dos Juliens Sorrel de O Rosa e O Laranja. Pois, nesse caso, esse 10 pode vir a equivaler a uma licenciatura quase completa, e eu é que passo por parvo...
Lá terei, então, que adoptar um mais trivial «se quer um 10, estude um mínimo dos mínimos para merecer passar, mesmo que com a mais medíocre das notas!»
3 comentários:
Perfilho totalmente o que aqui vai escrito, porque também sou professor da Lusófona e os meus alunos suam a estopinhas para merecerem passar nas cadeiras à minha responsabilidade. Alguns vão lá duas , três ou mais vezes até demonstrarem que têm o conhecimento mínimo para obter passagem. E a quem digo que para fazer uma licenciatura com dez ou onze, mais vale ficar em casa e poupar o dinheirinho.
Nuno Cardoso da Silva
www.PorOutroLado.com
Novas Oportunidades
"PS associa licenciatura de Relvas ao "espírito" das Novas Oportunidades"(in JN)
Correndo o risco de ser injusto com todos os citados, diria que esta associação que o deputado faz, até que tem algum sentido. Lendo o percurso académico e político do ministro MR, e não conhecendo a sua filiação partidária, dir-se-ia um modelo de referência das Novas Oportunidades à la PS
Quantos milhares de doutores feitos "nas coxas" estes 38 anos!
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