Um grande dia! Entendo o que dizes que ele devia ser feito um General. Não vejo ser necessário. Ele é muito mais do que um par de divisas e posição hierarquica. Zè Paulo
É verdade. Mas o título é referente a uma polémica actual em Portugal: a promoção a general, depois de décadas na reforma, de Jaime Neves.
Trata-se de um homem que no 25 de Abril foi sempre arranjando desculpas para não fazer sair a sua unidade de Comandos, tendo outros que fazer as missões que lhe estavam atribuídas - comandando inclusive escriturários recrutas, como na ocupação da TV... Depois, no 25 de Novembro, fez sair a principal força vitoriosa e, nos dias que correm, faz declarações contra a "entrega das colónias", embora a descolonização fosse um dos 3 principais objectivos do Movimento dos Capitães, a que pertencia.
Entretanto, os homens com ainda maiores responsabilidades entre os vitoriosos do 25 de Novembro, mas que se destacaram no 25 de Abril, foram bloqueados na carreira.
O Salgueiro Maia, então, foi uma verdadeira vergonha. Conheci-o alguns anos antes da sua morte precoce e "estava na prateleira", a dirigir o museu da EPC e com um posto abaixo daquele a que teria direito por mera antiguidade. Já doente, foi-lhe até recusada pelo governo da altura uma pensão a que tinha direito.
Parece que tinha razão um derrotado do 25 de Novembro que entrevistei há muitos anos atrás, para um trabalho de licenciatura: «Não é o 25 de Novembro que "eles" não nos perdoam. Há até alguns que estiveram do nosso lado e estão bem hoje em dia. O que eles não nos perdoam é termos feito o 25 de Abril.»
Ao ver estas imagens do dia 25 de Abril vieram-me de novo as lágrimas aos olhos, tal como andei com elas por esse dia e seguintes. O Salgueiro Maia, tal como Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço, e para além da razão que muito bem explicas, deveriam ser não apenas Generais, mas sim Marchais, pois quem viveu nesses tempos sabe bem que, caso o golpe falhasse, as suas vidas estavam condenadas, e foram estes Homens que deram a cara e a vida para que o 25 de Abril acontecesse de verdade. Mas, todos sabemos, para que estes fossem objecto de tão elevada promoção, o Jaime Neves seria concerteza despromovido a Sargento Ajudante. E isto não pode ser, pois não se vê nas imagens do dia nenhum dos Sócrates, Barroso, ministros actuais ou passados....E eles estavam cá, em Lisboa, nesse dia! Alguns quase de fraldas, é certo, mas poderiam estar ao colo dos paizinhos, não é? Obrigado, Paulo, por me teres feito agora correr mais umas lágrimas de alegria.
O espírito do 25 de Abril, muito bem retratado nas imagens do dia, será sempre presente em todos os que, como nós, sempre dirão alto e bom som: Viva o 25 de Abril ! E cada vez com mais força quanto mais assistimos a promoções de tipos como o Jaime Neves, a inaugurações de nomes de largos de provincia com o nome de Salazar, e operações de marketing de reabilitação do passado fascista. E não são os actos em si, como referes, mas o que eles têm de significado bolorento.
Nasci pouco menos de um mês antes deste grande dia.
Diz-me a minha Mãe, que nesse dia estava eu impossível de aturar e que vestia um 'babygrow' amarelo.
Sou da geração que faz agora os 35, e também a mim me vêm as lágrimas aos olhos de ver estas imagens. Mais ainda agora, que longe da Pátria , esta data ainda é mais sentida.
É preciso dizer-se que JNeves aparece agora como se tivesse sido silenciado e afastado. Isso é mentira, como está bom de ver. Se somos governados por gente do 25 de Novembro e ele é o seu herói, não há forma de crer que tenha sido silenciado. Na verdade, os problemas dele foram outros, de indole civil, como muito estarão lembrados. O assunto andou pelos jornais, não foi segredo. Quanto a Salgueiro Maia, esse sim, um Homem de coragem e integro, merecia mesmo ser promovido a titulo póstumo. Se os reformados podem ser promovidos, porque não os que faleceram? A Família merece-o. (Lembro aqui Inês que depois de morta foi rainha - já que comento de Coimbra). Maria Mota
É um cidadão do mundo que nasceu português em 1963, é casado e tem uma filha.
Antropólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), doutorou-se em 2001 e realiza pesquisas tanto em Portugal como em Moçambique.
Mete o nariz em terrenos de estudo tão diversos como a indústria, as práticas curativas e mágicas, os processos de aprendizagem, as práticas políticas, as relações laborais ou o direito familiar.
No entanto, as suas pesquisas possuem um fio condutor comum: compreender as concepções e respostas sociais à incerteza, ao perigo e à tecnologia, em contextos de mudança cultural e social.
Vai sendo também docente no ICS e na FCSH, depois de ter passado pela Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
É autor de diversos livros e artigos, alguns dos quais irão sendo afixados aqui no blog.
Os seus trabalhos receberam, em 2007, dois reconhecimentos de que muito se orgulha:
Por parte dos seus "pares", o Prémio Sedas Nunes para as Ciências Sociais.
Por parte dos seus "objectos de estudo", o estatuto de membro honorário da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique.
desde a actualização anterior, à Argélia, Bielorússia, Cazaquistão, Chipre, Costa Rica, Egipto, El Salvador, Etiópia, Guiana, Honduras, Jersey, Katar, Letónia, Líbano, Malawi, Nicarágua, Paquistão, Senegal e Suazilândia
Nkosi Sikelele Mama Africa
SELECÇÃO DE ARTIGOS - MOÇAMBIQUE
Dragões, Régulos e Fábricas: espíritos e racionalidade tecnológica na indústria moçambicana
A mina desceu à cidade: memória histórica e a mais recente indústria moçambicana
O que é que a adivinhação adivinha?
Saúde e doença em Moçambique
Pluralismo jurídico e direitos humanos: os julgamentos de feitiçaria em Moçambique
Trauma e limpeza ritual de veteranos em Moçambique
O linchamento como reivindicação e afirmação de poder
Gémeos, albinos e prisioneiros desaparecidos; uma teoria moçambicana do poder político
A recusa de ser irrelevante - 5/2/2008 e 1-3/9/2010
6 comentários:
Um grande dia!
Entendo o que dizes que ele devia ser feito um General. Não vejo ser necessário. Ele é muito mais do que um par de divisas e posição hierarquica.
Zè Paulo
É verdade.
Mas o título é referente a uma polémica actual em Portugal: a promoção a general, depois de décadas na reforma, de Jaime Neves.
Trata-se de um homem que no 25 de Abril foi sempre arranjando desculpas para não fazer sair a sua unidade de Comandos, tendo outros que fazer as missões que lhe estavam atribuídas - comandando inclusive escriturários recrutas, como na ocupação da TV...
Depois, no 25 de Novembro, fez sair a principal força vitoriosa e, nos dias que correm, faz declarações contra a "entrega das colónias", embora a descolonização fosse um dos 3 principais objectivos do Movimento dos Capitães, a que pertencia.
Entretanto, os homens com ainda maiores responsabilidades entre os vitoriosos do 25 de Novembro, mas que se destacaram no 25 de Abril, foram bloqueados na carreira.
O Salgueiro Maia, então, foi uma verdadeira vergonha.
Conheci-o alguns anos antes da sua morte precoce e "estava na prateleira", a dirigir o museu da EPC e com um posto abaixo daquele a que teria direito por mera antiguidade. Já doente, foi-lhe até recusada pelo governo da altura uma pensão a que tinha direito.
Parece que tinha razão um derrotado do 25 de Novembro que entrevistei há muitos anos atrás, para um trabalho de licenciatura: «Não é o 25 de Novembro que "eles" não nos perdoam. Há até alguns que estiveram do nosso lado e estão bem hoje em dia. O que eles não nos perdoam é termos feito o 25 de Abril.»
Ao ver estas imagens do dia 25 de Abril vieram-me de novo as lágrimas aos olhos, tal como andei com elas por esse dia e seguintes.
O Salgueiro Maia, tal como Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço, e para além da razão que muito bem explicas, deveriam ser não apenas Generais, mas sim Marchais, pois quem viveu nesses tempos sabe bem que, caso o golpe falhasse, as suas vidas estavam condenadas, e foram estes Homens que deram a cara e a vida para que o 25 de Abril acontecesse de verdade.
Mas, todos sabemos, para que estes fossem objecto de tão elevada promoção, o Jaime Neves seria concerteza despromovido a Sargento Ajudante. E isto não pode ser, pois não se vê nas imagens do dia nenhum dos Sócrates, Barroso, ministros actuais ou passados....E eles estavam cá, em Lisboa, nesse dia! Alguns quase de fraldas, é certo, mas poderiam estar ao colo dos paizinhos, não é?
Obrigado, Paulo, por me teres feito agora correr mais umas lágrimas de alegria.
O espírito do 25 de Abril, muito bem retratado nas imagens do dia, será sempre presente em todos os que, como nós, sempre dirão alto e bom som: Viva o 25 de Abril !
E cada vez com mais força quanto mais assistimos a promoções de tipos como o Jaime Neves, a inaugurações de nomes de largos de provincia com o nome de Salazar, e operações de marketing de reabilitação do passado fascista.
E não são os actos em si, como referes, mas o que eles têm de significado bolorento.
Malandro!
Puseste-me com pele de galinha, ao ler-te.
Caro Paulo:
Nasci pouco menos de um mês antes deste grande dia.
Diz-me a minha Mãe, que nesse dia estava eu impossível de aturar e que vestia um 'babygrow' amarelo.
Sou da geração que faz agora os 35, e também a mim me vêm as lágrimas aos olhos de ver estas imagens. Mais ainda agora, que longe da Pátria , esta data ainda é mais sentida.
25 DE ABRIL SEMPRE!
Um Abraço do Japão,
L.F. Afonso
É preciso dizer-se que JNeves aparece agora como se tivesse sido silenciado e afastado. Isso é mentira, como está bom de ver. Se somos governados por gente do 25 de Novembro e ele é o seu herói, não há forma de crer que tenha sido silenciado. Na verdade, os problemas dele foram outros, de indole civil, como muito estarão lembrados. O assunto andou pelos jornais, não foi segredo.
Quanto a Salgueiro Maia, esse sim, um Homem de coragem e integro, merecia mesmo ser promovido a titulo póstumo. Se os reformados podem ser promovidos, porque não os que faleceram? A Família merece-o.
(Lembro aqui Inês que depois de morta foi rainha - já que comento de Coimbra).
Maria Mota
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