segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

€urobimbos


Para usar uma expressão em português supostamente rural, «a minha alma está parva» com a arrogância, irresponsabilidade e imbecilidade dos ministros das finanças do €urogrupo.

Para darem «um puxão de orelhas» a um governo democraticamente eleito com o mandato de acabar com a austeridade das mais gravosas medidas do programa assinado, por outros e sob coação, com a troika, sentam-se a "negociar" com a proposta de manter tudo como antes - o que é sabidamente impossível.

Mas, para além do ridículo da situação e da declaração de se estarem nas tintas para a democracia (desde que os seus resultados não sejam os que gostam) que ela constitui, e para além da cobardia de terem embarcado nisto os que foram eleitos a dizer que "há vida para além da austeridade" e os que disseram que as propostas gregas são sensatas e razoáveis, fico parvo com o facto de não parecerem perceber que a Grécia tem alternativas fora da UE, e que elas são terríveis para o futuro da União.
Está bem que são ministros das finanças/contabilistas,não têm obrigação de perceber dessas coisas,  mas seria de esperar que os seus primeiros-ministros lhes tivessem posto a trela, ou percebessem eles próprios um bocadinho de política internacional.

Para a China, os Estados Unidos ou mesmo a Rússia em crise, os milhares de milhões de Euros de que a Grécia precisa para estabilizar a sua situação são trocos.
Para a China, aplicá-los a juro baixo na Grécia seria um excelente investimento a prazo, não saindo esta da UE.
Para a Rússia, poderia facilmente significar o fim das sansões da União Europeia, pois basta que um país membro as vete para que elas deixem de existir enquanto tal.
Para os Estados Unidos, para além de porem a Europa de cócoras e assegurarem ascendente sobre um parceiro fulcral na NATO, intervir seria ainda a melhor forma de assegurar a continuidade das sansões.

Para estes toininhos (de que as declarações contentinhas de Maria Luís são uma patética disclosure) nada disto existe e o mundo acaba no BCE.

Mas outra disclosure aconteceu: o lamentável documento entregue ao ministro grego das finanças, com a indicação de "confidencial", foi por este disponibilizado publicamente logo após o precipitado fim da reunião, tornando visível a todos a cagada do €urogrupo.
Parece que os senhores ficaram muito agastados com esse facto.
O que é uma razão para esperança. Talvez, afinal, sejam menos imbecis do que o seu comportamento.