sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O meu amigo Jaime


Recebi há pouco a brutal notícia de que o meu amigo Jaime Zucula morreu num acidente de automóvel.

Noivo no meu livro sobre o "Lobolo em Maputo", conheci-o como extrovertido operário da Mozal e depressa nos tornámos amigos daqueles bem próximos, de boas e más horas.

Neto do último régulo do Xipamanine, mandado como operário de ferrovias para a ex-RDA, foi desenrascando a vida como podia ao longo de muito tempo, até conseguir um trabalho estável e razoavelmente bem pago nos últimos anos.

Uma vida cheia, cuja narrativa há muito adiada não poderei, agora, deixar de apressar.
Mas também absurdamente curta, e obscenamente terminada quando, por fim, conseguia ir a pouco e pouco construindo com orgulho a sua casa na Machava-Socimol, dar melhores condições de vida à família.

Este tem sido um ano terrível, cheio de morte e perda.
Hoje, de novo, sinto vontade de não ser ateu, para poder ter um deus com quem reclamar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crise, precariedade e outras violências


«Os recentes fenómenos de violência pública ocorridos em diversos países surgem associados a violenta precariedade, rutura do contrato social e desigualdade, acompanhadas pela fragilidade negocial de instituições mediadoras e pela descrença em alternativas de protesto eficazes.

A presença destes fatores, clara e crescente em Portugal, não conduz inevitavelmente à violência pública de cariz político; mas quer o seu reforço, quer a interação com outros fatores (como as práticas de repressão), propiciam fortemente esse resultado.

As atuais políticas públicas criam um barril de pólvora.»

  O hiper-resumo da comunicação que irei apresentar, dia 27 às 14 horas, na conferência Portugal em Mudança - Diversidades, Assimetrias, Contrastes, organizada pelo ICS no auditório 2 da Fundação Gulbenkian. Os restantes resumos das comunicações estão disponíveis aqui.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Portugal em Mudança - diversidades, assimetrias, contrastes

 

26 de Novembro


10h 30m – Paul de Grauwe, «A Crise das Dívidas Soberanas: Mundo, Europa, Portugal»
(moderador: Ricardo Costa)

12h – Crises: o passado no presente
Fátima Bonifácio (moderadora), Nuno Monteiro, Rui Ramos, Pedro Lains

14h 30m – Democracia e Poderes
Marina Costa Lobo (moderadora), António Hespanha, António Costa Pinto, Pedro Magalhães, Luís de Sousa, Paulo Trigo Pereira

16h 15m – Estado Social, Desigualdades e Minorias
José Luís Cardoso (moderador), João Ferreira de Almeida, Mónica Vieira, José Manuel Sobral, Carlos Farinha Rodrigues, Elísio Estanque


27 de Novembro


9h 30m – Crescer em Portugal
Cristiana Bastos (moderadora), Teresa Pizarro Beleza, José Machado Pais, Ana Nunes de Almeida, Vítor Sérgio Ferreira, Manuel Carvalho da Silva

11h 15m – Famílias e Envelhecimento: Mudanças e Desafios
José Luís Garcia (moderador), Manuel Villaverde Cabral, Karin Wall, Sofia Aboim, Mónica Truningen, Anália Torres

14h – Territórios e Desordens
José Manuel Rolo (moderador), António Figueiredo, João Ferrão, Luísa Schmidt, Paulo Granjo, Jorge Malheiros

16h – Portugal Social: O Que Nos Falta? (mesa redonda)
António José Teixeira (moderador), Boaventura Sousa Santos, José Felis Ribeiro, José Ferreira Machado, Maria Manuela Silva, Viriato Seromenho-Marques, Jorge Vala


Programa completo disponível aqui.
Resumos disponíveis aqui.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Citações de café (35)



Ontem, ao re-inaugurar as instalações da Sicasal em dia de greve geral, o nosso primeiro (ou será segundo?) declarou frente às câmaras televisivas que «Temos que mostrar que o nosso amor pelo país não é platónico».

Ou seja (com vossa licença), a ideia é mesmo fodê-lo...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Congresso Democrático das Alternativas apoia a Greve Geral e apela à adesão dos cidadãos



A situação criada ao país e aos cidadãos pelas políticas de austeridade, resultantes do memorando da troika e das agendas sociais do atual governo, é injusta, catastrófica e insustentável.

A proposta de Orçamento de Estado para 2013 – reforçando de forma brutal a espoliação dos rendimentos do trabalho e estrangulando as condições para a proteção social e o fornecimento de bens coletivos essenciais, como a saúde e a educação públicas – representaria, a ser aprovado, um acelerado empobrecimento do país e da generalidade dos cidadãos, um agravamento da recessão, da diminuição de procura interna, das falências, do desemprego e da fome, um insuportável e contraproducente massacre às condições de vida e à coesão social.

Representaria, afinal, um novo e calamitoso passo no ciclo vicioso de austeridade desigual, promovida em nome do pagamento da dívida e do equilíbrio orçamental, mas que impossibilita esse pagamento e equilíbrio à medida que destrói o país, a dignidade e as condições de vida dos cidadãos.

Conforme salienta a Declaração do Congresso Democrático das Alternativas (aprovada no passado dia 5 de Outubro) e se torna a cada dia mais evidente, qualquer saída economicamente eficiente, socialmente sustentável e humanamente digna para a atual crise implica a denúncia do memorando da troika, a renegociação dos montantes e termos da dívida e a implementação de políticas de crescimento económico sustentável, que requerem a reposição e reforço dos rendimentos do trabalho.

Trata-se de soluções cuja concretização exige mudanças profundas, generosas e corajosas tanto a nível nacional, quanto das políticas comunitárias que têm vindo a ser seguidas.

A inédita convergência internacional de greves gerais e outras ações anti-austeritárias no dia 14 de Novembro reforça, por isso, a importância e acuidade da Greve Geral que, no nosso país, foi convocada pela CGTP-IN e por grande parte dos sindicatos filiados na UGT.

À imperiosa necessidade de todos nós, cidadãos, dizermos «Basta!» às políticas austeritárias e as revertermos, junta-se a evidência de que essa necessidade é um imperativo partilhado por muitos outros povos europeus. Com isso se reforçam, também, as condições para que esta Greve Geral seja não apenas justa e necessária, mas também eficaz.

Por essas razões, a Comissão Organizadora do Congresso Democrático das Alternativas apoia a Greve Geral convocada para o dia 14 de Novembro e apela a todos os seus concidadãos para que a ela adiram. Apela ainda a que, nesse dia, também exprimam o seu protesto, descontentamento e exigência de políticas alternativas através da participação nas ações públicas convocadas no âmbito da Greve Geral, juntando-se assim às iniciativas que terão lugar em vários países europeus – Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal, Roménia, Reino Unido, República Checa, Eslovénia, Suíça, Áustria, Holanda e Polónia.

Equivalência à cadeira de "Pseudo-Jornalismo Canalha II", por apenas 1,30 euros


1. Pegue numa foto confusa daquela manifestação acerca da qual lhe mandaram instigar repulsa.


2. Arranje um título que permita uma desculpa para, juntando cores pouco legíveis, só se ler à primeira vista de quem se trata e que mostraram como são. Por exemplo, "Forças Armadas mostram", e depois uma coisa qualquer que não se leia, como "cartão vermelho" escrito a vermelho sobre castanho.

3. Ponha por cima, em letras garrafais e numa sequência e arranjo gráfico em que esse título corresponda, nos outros dias, à fotografia que se lhe segue, uma coisa horrorosa e repulsiva de que esteja a ser acusado um membro do grupo que se está a manifestar na foto. Por exemplo, "Militar manda queimar filho recém-nascido". Chiça!

4. Se ainda não estiver toalmente seguro do efeito e o quiser reforçar com uma cena mais discreta e subliminar, enfie com um rodapé que reforce a repulsa. Por exemplo, oito fotos de bebés fôfinhos, com um discreto título do tipo "Bebés da esperança".

5. Sirva aos clientes e passantes. Se alguém reclamar, diga que é mera coincidência resultante das prioridades do interesse jornalístico, reclame que é um jornalista respeitado e isento e nunca faria nada de tão baixo.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Uma excelente oportunidade de ouvir a esquerda europeia que está contra as troikas



Hoje às 21h, no Pavilhão Municipal do Casal Vistoso (Areeiro).


Estarão Alexis Tsipras, da Syriza (Grécia), Jean-Luc Mélenchon, do Parti de Gauche (França), Gabrielle Zimmer, do Die Linke (Alemanha) e Cayo Lara, da Izquierda Unida (Espanha).

Independentemente do partido em que se milite (ou de não se militar em nenhum), parece-me bem que vale a pena ver a esquerda europeia a unir-se contra a austeridade.