terça-feira, 12 de março de 2013

O que é investigar?


Está a caminho das livrarias este livro que escrevi com Michel Cahen e Carmeliza Rosário, dando o pontapé de saída para uma colecção entusiasticamente dirigida pelo sociólogo e bloguista moçambicano Carlos Serra.

Pela minha parte, falo sobre «Terreno, teorias e complexidade: como não descobrir só o que se espera descobrir».

Concebida a pensar em Moçambique, a colecção tem vindo a congregar tantos temas e nomes interessantes  das ciências sociais nos países de língua oficial portuguesa que, parece-me, se justifica uma disponibilização mais global. Acho que vou meter uma cunha para isso...

segunda-feira, 11 de março de 2013

Estado social e determinismos economicistas? É a política, tosc@!


À medida que as funções sociais do estado são objecto de planos de desinvestimento que as comprometem e transferem para o campo dos negócios privados, é repetido um lugar-comum que, de aparentemente tão sensato, chega a ser reproduzido «à esquerda». Saúde e escola públicas e universais, segurança social digna, são luxos do passado porque o Estado social é um particularismo histórico resultante de uma conjuntura excepcional de crescimento económico constante, insustentável fora dessas condições. Urge desnudar essa falácia.

Assim começa o meu artigo «É a política, tosc@!», no número deste mês do Le Monde Diplomatique. Num dossier onde está muito bem acompanhado por outros de Carlos Farinha Rodrigues, de Hugo Santos Mendes e de Manuela Silva.

Conforme é habitual, só o disponibilizarei online no fim do mês. Até lá, se estão interessad@s, comprem o jornalito...


O mundo ao contrário


Primeiro, foi a Standard & Poor's a dizer que o planeado corte de 4.000 milhões de euros nas despesas do estado constituiria uma ruptura do contrato social que, acrescida às quebras dos salários e ao aumento do desemprego e impostos, representa um elevado risco social de violência pública.

Agora, vem a Moody's dizer que é porreiro alargar os prazos de reembolso dos empréstimos, mas que é também necessário um corte nos juros e uma prorrogação do seu pagamento, para além de um efectivo apoio do BCE nos mercados secundários.

Até para a bandidagem especulativa se tornou claro que, para receber dinheirinho, é conveniente não matar o cliente.
Só pelas áreas governativas se vai insistindo que fazer o país recuar 100 anos é o melhor caminho para o futuro, a trilhar com urgência, antes que se acabem as desculpas das imposições externas.

Entretanto, aguarda-se a qualquer momento uma declaração solene da presidente do FMI, afirmando que, afinal, é eticamente inaceitável que, lá porque se empresta dinheiro, se imponha aos países como eles têm que viver e que políticas públicas têm que aplicar (para além de se ganharem umas centenas de milhares de euros para controlar se eles o estão a fazer). E também que, como uma obscenidade dessas só pode ser aceite por bananas em estado de extrema necessidade e achando que não têm outra alternativa, as imposições politico-económicas do memorando ficam sem efeito.

São de esperar violentas recções discordantes por parte de Gaspar, Borges, Passos Coelho e Constâncio. Consta que Barroso já foi avisado para dizer que sim.