quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O segredo do nosso primeiro



(a propósito disto e descoberto aqui)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A brigada do acne

I.
Perderemos em breve a oportunidade de chamar "nosso primeiro" a José Sócrates.
É cada dia mais claro que se trata de um líder partidário (e, logo, de um PM) a prazo.

Para além dos zunzuns mediáticos, da observação do comportamento dos nossos representantes parlamentares mais rosados e dos súbitos silêncios de algumas personagens relevantes, vão surgindo umas coisas públicas em que se juntam os cheiros a balões de ensaio, a arroteamento de terrenos e a avisos à navegação.

Não serão muito sintomáticas desse estado de coisas as sempre desalinhadas e saudavelmente desbragadas observações de Ana Gomes.
Mas penso, por exemplo, num pequeno artigo de opinião de Ana Benavente, publicado há uns dias no Público, cujo conteúdo de "back-to social-democratic(-although-light)-basics" nada tinha, quanto ao tom, de reformulação no quadro presente, mas tudo tinha de um separar de águas num "depois" que já começou.

É verdade que aquilo que a sua leitura me trouxe à memória era (independentemente do impacto público que o livro que me recordou teve na altura) de uma pobreza política franciscana. E é também verdade que (ao contrário deste artigo actual) se tratava então de lançar uma personagem messiânica, e não de lançar um quase anónimo tiro de uma batalha de sucessão já assumida, mas de que a agora snipper não será certamente a cabeça de cartaz.
Mas, com todas essas devidas distâncias, o que o artigo me lembrou foi Portugal e o Futuro.

E, de recordação em recordação, também as súbitas e intensivas reuniões do nosso primeiro - usemos enquanto podemos - com as suas estruturas partidárias de topo me lembraram um acontecimento cuja imagem televisiva perdura como recordação dos meus, então, 10 aninhos: a "Brigada do Reumático".
O paralelo é inevitável, dada a necessidade e sofreguidão que denota em garantir declarações de lealdade por parte daqueles que se nomearam e promoveram, no salão de uma casa prestes a ruir.

Mas, dado o recente contexto stendhaliano de "O Rosa e o Laranja" e tendo em conta a ponta de véu levantada sobre os precoces e empenhados boys que enchameiam o aparelho de estado e as empresas por ele participadas, talvez seja mais apropriado falarmos de "Brigada do Acne"...

II.
No meio deste quadro, Fernando Nobre anunciou a sua candidatura à presidência da república, por entre generalizadas sensações de manipulativas vinganças soaristas.

O chato é, claro, a previsível fragmentação de candidaturas à esquerda, desde logo com o espaço aberto ao nosso moribundo primeiro - (re)usemos enquanto podemos -para lançar uma do PS "oficial".

Quanto ao discurso transmitido pelo agora candidato, creio que, no seu back-to-republican-basics em tempos de centenário, ele é bem capaz de ter pernas para andar.
Isto porque nem eu, que estou bem longe de sofrer de anti-partidarite e não acredito na existência da tal de "sociedade civil" (a que poderíamos continuar a chamar, como no tempo da outra senhora, "forças vivas da nação", agora acrescentadas das ONGs e com as dependências estatais e partidárias modificadas e talvez reforçadas), fiquei insensível às suas linhas de força.
E porque não é de substimar a velha tendência (a que tão pouco fui imune) para pressupormos que a competência numa área louvável é transferível para outras actividades.

Será que ainda vamos assistir a um "efeito Ramalho Eanes" em versão civilista e mais à esquerda?
É ainda uma vaga possibilidade.
Mas sempre daria para neutralizar aquela actual apetência, à direita, pela emergência e afirmação de um ainda inidentificável "salvador da pátria" - apetência apontada há tempos atrás pelo Miguel Portas (talves inspirado no Gramsci) e, creio eu, com toda a razão.

Entretanto, na mesma noite e no meio de toda a salganhada que nos rodeia, Manuel Alegre arranjou maneira de, lá por Coimbra, se insurgir contra o excesso de "intriga" política.
Uma formulação ambígua e que até poderia corresponder a uma louvável declaração geral de princípios mas que, dita por si e neste último par de semanas, tem um significado e um destinatário bem concretos.

Talvez. com isso, Alegre possa ter dado um passo para receber o apoio da direcção do seu partido, a par da bela quantidadede votos que tal arrasta - embora, no quadro actua, isso seja cada vez mais duvidoso.

Mas temo bem que tenha reduzido a quase zero a possibilidade de vir a receber o meu.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Wonderful worlds

Frente à montra de uma loja, a filhosca pediu-me um adiantamento da mesada, para comprar um peluche curtidão do aligator trompetista de A Princesa e o Sapo.

Chegados a casa, o bicharoco foi crismado, porque «ele tem muito mais cara de Jeremias do que de Louis. Não achas?»

O Braçoforte que me perdoe, mas acho que, neste caso, ela tem toda a razão.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Referências cruzadas

Esta manhã, estava um solzinho bem convidativo.
Mas, mal puz o nariz fora da janela, ia-me constipando.

Embora isto se passasse antes do primeiro cafézinho do dia, deu-me para me armar em erudito e pensar: «Então não é que, neste tempo televisivo de "O Polvo", logo me havia de ir lembrar de um filme?» - o "Sol Enganador".


E logo reparei que, se escrevesse isto, ainda corria o risco de ser interpretado ao contrário -juntando, quem me lesse, metáforas jornalísticas às cinéfilas e televisivas.

Que raio!
Já nem do tempo se pode falar!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um silêncio emocionado

Tenho andado chocado, ao mesmo tempo que estupefacto, com diversos acontecimentos nacionais recentes.
Com destaque, claro, para os desenvolvimentos que têm vindo a público acerca da cada vez mais evidente paranoia anti-mediática do nosso primeiro, e para a naturalidade com que os ocupantes do poder político parecem encarar o uso dos meios estatais e para-estatais no silenciamento de coisas desagradáveis.

Em Itália, o magnata dos media manipulou-os, num quadro de grande concentração empresarial, para aceder ao poder político.
Por cá - onde pouca actividade empresarial de grande escala vive sem alguma (ou muita) dependência estatal ou de relações a esse nível - tudo indica, cada vez mais, que quem acede ao poder político se sente no direito de condicionar os media, através de pressões pessoais, financeiras ou mesmo por controle accionista que mobiliza os meios e poder estatal, para calar vozes e investigações incómodas, na expectativa de se reproduzir no poder.

Mas, a par desse caso, outros houve.
Talvez menos graves, mas igualmente sintomáticos de sentimento de impunidade na utilização de meios públicos como se eles fossem meros objectos do arbítrio de quem foi nomeado para os administrar, e de irrelevância, para quem decide, das consequências das suas acções.

O travo que fica na boca é mais do que um sabor a abuso na forma de exercício do poder.
É um travo de assalto e subversão (na prática) de princípios essenciais do regime em que é suposto vivermos.
Mas é uma intuição baseada em muitos e fortes sintomas; argumentável e sustentável em dados, mas demasiado grave para que tais argumentos e dados a salvaguardem de eventuais procedimentos judiciais.

E, por isso, tudo o que tenho tido vontade de dizer (para lá daquilo que aqui fica laconicamente escrito), é impublicável sob a sempre leve e curta forma de um post.

Daí o meu silêncio nos últimos dias e acerca destes assuntos.
Para o qual peço as vossas desculpas e compreensão.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Um perigoso buraco

Uma notícia recente, acerca do destino a dar ao Arquivo Histórico da Câmara de Lisboa parece confirmar aquilo que suspeitava quem passava pelo Vale de Stº António:

O enorme buraco que ali foi criado (com uma parede de betão a amparar o que resta de uma colina que, com ele, perdeu uma encosta) corresponde a um projecto abandonado.

Pedro Santana Lopes enterrou ali 3 milhões de euros e António Costa abandonou a ideia - dizem alguns que pelos seus custos faraónicos, sugerem outros que por existirem dúvidas acerca da segurança da contenção de terras.

A segunda hipótese é, claro, gravíssima no imediato.

Mas, mesmo que se dê o caso de tais dúvidas afinal não existirem, continua a estar ali um grave problema por resolver.

Apesar da impressionante quantidade de betão empregue para amparar a colina (cortada na vertical para escavar alicerces), uma coisa é a pressão das terras ser depois distribuída pela estrutura do prédio que se previa construir, outra é ter ali um paredão isolado, apenas sustentado em si próprio.

Mais a mais, o betão (como qualquer outro material) envelhece, degrada-se, cria zonas de fragilidade.
E mais depressa o faz quando foi empregue numa obra abandonada, que nunca merece a vigilância e manutenção de algo que está a ser utilizado.

Por outras palavras, os prédios que já estavam implantados na crista do que resta da colina estão, a prazo, ameaçados por aluimentos.

Que irá a Câmara de Lisboa fazer?
Repor as terras - o que também cria perigos e erosão e deslizamentos, imprevisíveis na forma que possam tomar?
Confiar que, com tanto betão ali metido, «não há de haver azar»?

Não sei.
Mas pelo menos que, desde já, se tenha consciência do problema e da necessidade de o solucionar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010