quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Freeportando un poco más


Enquanto o nosso primeiro reedita a rábula da cabala, procurando agora pôr a ênfase nos media em vez de no sistema de justiça, a procuradora responsável pelo processo esclarece que ainda não há suspeitos porque as suspeitas (que existem) ainda não estão fundadas, mas em investigação; quando e se houverem suspeitas fundadas, haverá arguidos, sendo Sócrates um dos nomes que constam do processo.

Temos, assim, um contínuo de possibilidades com dois pontos extremos:

Na melhor hipótese, o Freeport foi autorizado em tempo record e nos dias finais daquele governo (a par de uma alteração da legislação no mesmo dia, que o permitiu autorizar) porque o então ministro do ambiente o terá considerado um projecto de tamanho interesse nacional que era seu dever patriótico viabilizá-lo, mesmo que com custos ambientais.
Aquela superfície comercial seria, assim, a modos de que um PIN BUÉ DE MAIS, para um ministro do ambiente tipo primeiro-ministro avant la lettre que, por isso, teria a mania de que afinal era mas é ministro da economia.
Nesta hipótese extrema, quem se abarbatou com o dinheiro deveria ter sido o tal Sr. Smith, que teria inventado esta desculpa para esconder o facto, lançando o opróbio sobre os probos e incorruptíveis portugueses, a quem apenas o sentido do dever e o patriotismo teriam movido.

Na outra hipótese extrema, terão havido umas jogatanas e o arrastar de incompatibilidades legais, que uns subornos substanciais, envolvendo o próprio ministro, terão feito desaparecer da noite para o dia.

Entre o "céu" de um ministro com umas prioridades um bocado peculiares e o "inferno" da bandalheira e podridão total, abre-se toda uma série de combinações intermédias, envolvendo nepotismo, tráfego de influência (que são candidamente reconhecidos por alguns intervenientes) e corrupção.
Pois... é que quando se fala da possibilidade de "luvas" o pessoal parece que se esquece que o tráfego de influências também é crime, e nada ligeiro. Se calhar, por se achar que é um direito de quem detém algum tipo de poder e daqueles que os rodeiam.

Olhem... é esperar para ver.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Rapidinhas freepórticas

É uma delícia acompanhar, mesmo que num só jornal, as notícias freepórticas.

Embora as alterações à Zona de Protecção do Estuário do Tejo tenham ficado um ano na gaveta e dela tenham saído miraculosamente a 3 dias das eleições, ao mesmo tempo que a aprovação do Freeport que vieram possibilitar, quer o ministro-megafone de serviço (antes de isto ser sabido) quer o nosso primeiro (já depois disso) juram pelas alminhas que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
E a malta pensa... 'Tá bem, abelha!

Entretanto, o DCIAP diz que o processo é urgente por haver políticos envolvidos, mas não há suspeitos.
Horas depois, vem-se a saber que os ingleses não só consideram Sócrates suspeito como gostariam de ter acesso aos seus movimentos bancários.
É caso para dizer "good luck"!...

Então vo'mecês não vêem que a gente, cá nesta terra, só suspeita de quem manda em nós quando estamos nos cafés e nos corredores, nunca oficialmente?
Ainda arranjam para aí um conflito diplomático, com as tropas de choque do nosso primeiro a gritarem contra a intromissão na política e assuntos internos de um país soberano há (quantos são?) séculos, e a voltarem a mudar o hino para «Contra os bretões, marchar, marchar!»...

O que a gente se vai rir...

A crise trocada por cêntimos

Com um agradecimento ao 2º Remador, a versão legendada em português da mais simples e divertida explicação da crise que nos crisa está disponível aqui.

Os snobs que acham que as legendas atrapalham podem linkar a partir daqui.

Divirtam-se e aprendam.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Citações de café (16)

Piadinhas na hora


«Vai lá, vai... Até a Barraka Obama.»

Alegrias e perguntas


1. Bush foi-se


2. Obama chegou



a) E agora, Israel X Palestina?

b) E agora, Zimbabwe?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Voltinhas

Nos intervalos da escrita de um chatíssimo texto inglês acerca de um tema muito interessante (...) fiquei a saber que o Toix teve uma exposição fotográfica no Instituto Camões, em Maputo. Pela amostra, lindíssima.
Convido-vos a darem uma vista de olhos no blog e a convencerem-no a afixar mais algumas fotos, para que nós, que não pudemos ver in loco, não percamos tudo.

Entretanto, aí ao lado no "Eu cá gosto", entrou uma referência que há muito lá deveria estar: Wehavekaosinthegarden. Regalem-se.

Vocês 'tão-se a passar!


Mais de 250 alminhas a fazerem 400 e tal downloads de artigos que puz no 4Shared?

Quase 80 maduros que se interessam por Determinismo e Caos Segundo a Adivinhação Moçambicana? 50 e tal que acham a Antropologia À Porta de Casa uma coisa que vale a pena ler?

Querem ver que os direitos de autor do próximo livro ainda vão dar para levar a família a um bom restaurante japonês?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Em nome de Jeová, o não misericordioso, e cuspindo nos mortos do holocausto

Confesso.
Uma das razões por que tenho andado daqui ausente é a impossibilidade de não comentar aquilo que se está a passar em Gaza e a difculdade emocional de (tal como em relação ao Zimbabwe) o fazer sem me tornar insultuoso e repetitivo.

Mas o bombardeamento, pelas tropas de Israel, da delegação da ONU e das instalações dos jornais internacionais que ainda não conseguiu calar ultrapassa em tudo os níveis de decência, estupefacção e nojo que se poderiam imaginar.

Perante algo como isto, não vou proferir impropérios, nem repetir ou comentar debates de abstracta política internacional que já todos ouvimos.
Digo apenas o seguinte:

Hoje, o estado de Israel considera que pode e deve quebrar todas as regras de guerra e de decência, mais básicas à civilização de que partilha. Só se pode fazer isso quando se considera o opositor infra-humano.
O estado de Israel cospe na morte e na memória dos milhões de judeus cujo holocausto legitimou a sua existência.

Uns desenvolvimentos de realpolitik, aqui e aqui. E mais aqui.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MOÇAMBIQUE EM ANÁLISE - amanhã, no ICS

Um regresso rapidinho, só para vos dizer que na próxima 4ª feira, 14 de Janeiro, se vai realizar no ICS, Lisboa, o seminário "Moçambique em Análise", com os seguintes intervenientes:

10h./12h.30m.
- Danúbio Lihahe (UEM) "Cheias e reassentamento de populações no vale do Zambeze"
- Paulo Granjo (ICS – UL) "Albinos, prisioneiros, deportados e contrato social"
- Jason Sumich (London School of Economics) “The Mozambican case as a critique of the neo-patrimonial interpretation of African elites”

14h./16h.30m.
- Fernando Florêncio (Un. Coimbra) "Estado Novo, Estado Velho. Um tipo de neo-indirect rule em Moçambique"
- Sofia Aboim (ICS – UL) “Reapropriar a tradição: significados contemporâneos da poligamia”
- Linda van Kamp (VU Un. Amsterdam) "Navegação transnacional em Maputo: porque é que o Pentecostalismo brasileiro importa para o casamento, o amor e a sexualidade"


Às 18 horas, será feito o lançamento público do número da Análise Social subordinado ao tema "Moçambique Actual - continuidades e mudanças", do qual apresentarão leituras críticas Adolfo Yañes-Casal (FCSH - UNL) e Manuel Ennes Ferreira (ISEG - UTL).

São todos bem-vindos!