sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Filhos de quatro patas

Há uns dias, a minha cadela apareceu com uma diarreia brava, transformada em prisão de ventre à custa de Ultralevur e de uma dieta de arroz.
Hoje, no passeio da manhã, a coisa lá voltou ao normal e, de regresso a casa, fui ufano contar a novidade à minha senhora.

Sendo eu pai, já tinha visto entrar, para os motivos de conversa conjugal, os cocós de bebé e de criança pequena.
Mas, desta vez, não consegui deixar de pensar:

«Que raio!... Então não é que estou a discutir caca de cão com a mulher com quem casei?»

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cerejeiras cardinalícias em flor



Costuma dizer-se que Braga é a terra dos três "Pês".
Curiosamente, todos eles ligados à sexualidade.

No caso dos primeiros "Pês", a ligação deriva de uma obsessão pelo sexo, herdada das pancadas do santo meu homónimo e reforçada por uma historicamente tardia imposição de celibato - que, dizem as más línguas, terá aumentado o recurso às segundas e aos terceiros "Pês", para além da sedução/violação de criancinhas.
Isto a par, claro, de uma bem mais saudável produção de "afilhados", ou de humanas erupções como aquelas que deram origem a dois livros razoavelmente eróticos e com a palavra "crime" no título - como se as paixões, sublimadas ou carnais, fossem criminosas.

As segundas "Pês", está claro, estão ligadas à sexualidade por capitalizarem profissionalmente essa obsessão, seja por parte dos primeiros "Pês", seja dos desgraçados a quem as sexualizadas prédicas deles infernizaram a vida.

Já os terceiros "Pês" não podem deixar de carregar consigo a ligação à sexualidade, visto que foram sendo empurrados, ao longo dos tempos, para uma definição de si próprios que os reduz ao particularismo de se sentirem atraídos por pessoas com genitais semelhantes aos seus, por muito que cada um dos assim catalogados seja bruto ou simpático, genial ou boçal, egoísta ou generoso.

Mas, uns dias depois da patética censura a um desfile carnavalesco em Torres Vedras, Braga ganhou um quarto "Pê" ligado à sexualidade: os polícias.

Então não é que, numa feira do livro, houve umas alminhas fardadas que decidiram apreender os exemplares de um book, por ter na capa uma pintura "pornográfica", acima reproduzida?
Vieram depois a alegar os seus chefes que a apreensão, que continuavam a achar uma coisa normal, se devia ao «perigo de alteração da ordem pública». Ou seja, houve umas outras alminhas (com dimensão intelectual e emocional semelhante à das retratadas em seguida, por Sokal, nos Premières Enquêtes do Inspecteur Canardo), a ameaçarem que faziam e aconteciam, pelo que os bons dos polícias acharam que, em vez de lhes mandarem ter juízo e, se necessário, impedirem os desacatos que ameaçavam, deviam aceder às ameaças de violência.

Mais tarde ainda, os livros foram devolvidos. Não porque a PSP reconhecesse que os seus agentes de defesa da lei tivessem cometido uma ilegalidade cretina e um gravíssimo abuso. Não! Foi porque a reprodução, afinal, era de «uma obra de arte», o que fazia com que deixasse de ser pornográfica...

Não vou aqui discorrer sobre legalidade, censura, abuso de autoridade, ou sequer sanidade intelectual.
Só comento:

A "ordem pública" posta em causa, em 2009, pela pintura de uma vagina?
Querem ver que o tal de "poder feminino" é, afinal, tão enorme e tenebroso como o pintam os machos com psicose da castração?

"First Pet" continua a ser português

Está confirmado.
Obama vai adoptar um cão de água português para o cargo de "first pet".

Segundo fontes bem informadas, a decisão terá sido tomada por os acessores lhe terem garantido que ficava mal não aceitar nenhuma das sugestões que o Bush lhe tinha feito, na hora de passagem de poderes.
Ora o George W terá garantido a Obama que, desde a Cimeira das Lages, ficou com a certeza de que não há pets tão fieis como os portugueses.

Como bem se confirma pelos novos dados acerca dos voos da CIA para Guantanamo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

E eu sem vender a casa...



É notícia do dia que a taxa Euribor desceu abaixo dos 2%.
Não percebo porque é que a minha casa antiga, um verdadeiro docinho na very typical zona de Alfama/Portas do Sol ainda continua à espera de comprador.

Olhem: se estão interessados, avisem para o antropocoiso@gmail.com ...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Brinquedos, guerra e dinheiro

Fazendo um esforcinho para voltar ao ritmo, aqui vai:



Uma guerra fora de casa é sempre um óptimo negócio para muitos.
Mas, se ganhar dinheiro com os canhões e com a manteiga continua a ser um incontornável clássico, e se a reconstrução "humanitária" e o petróleo estão mesmo a dar (fazendo os diamantes parecerem trocos), o pessoal do Pentágono decidiu meter a mão na massa e dar sumiço a 125.000 milhões de dólares (dos States, não do Zimbabwe) destinados à reconstrução do que tinham destruído.
Azar! Deu-se pela falta deles.

Os militares parece não terem percebido que, por muito que se tenham transformado em managers, só com o know-how civil das boas famílias e melhores relações (e, de preferência, com umas geracções de experiência) é que se consegue roubar à séria e sem ser apanhado.

Entretanto, soube-se agora que, por alturas do meu post anterior (há uma eternidade, portanto), colidiram dois submarinos nucleares, um francês e outro britânico. A razão do choque estará, provavelmente, nas tecnologias de anti-detecção que utilizam e no segredo de estado acerca das suas rotas. Ao que parece, só dão uns pelos outros utilizando a conhecida técnica de estacionar o automóvel "de ouvido".

Acontece que, para além do perigo representado pelos seus mísseis (também eles nucleares), uma fuga nos reactores destes brinquedos seria um pesadelo incomensurável para o mar e a humanidade.

Eu bem sei que, para além de um importante produto económico, estas vagamente fálicas maquinetas de destruir o mundo substituiram, já há décadas, os mega-porta-aviões nos concursos de medir pilinhas que vão sendo realizados entre os países poderosos ou que querem acreditar que o são.

Mas não será altura de banir do mar estas traquitanas?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Seminário sobre Poder em África

Entretanto, ao regressar de Braga, teremos segunda-feira no ICS um seminário sobre Poder em África, aproveitando a presença por cá de colegas de outros países, envolvidos nesta temática.

Haverá comunicações deste vosso criado e de José Jaime Macuane (UEM), Daniel Costa (UCV), Edalina Sanches (ICS), Gerhard Seibert (CEA-ISCTE), Elisabete Azevedo (U. Cape Town), José Reis Santos (UNL) e um orador a anunciar, moderadas por Franz Heimer, Marzia Grassi e Marina Costa Lobo.

Podem aparecer à vontade, que a gente não morde.

Lá vou eu andar à volta dos linchamentos...


Amanhã, seguirei para Braga onde, para além de rever amigos se conseguir, irei participar no Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais.

Entre tanto tema interessante, lá havia de ser "cravado" para integrar um grupo de trabalho sobre Linchamentos, com gente que tem dedicado muitíssimo mais tempo ao tema do que a minha modesta passagem teórica por ele: os paulistas José de Souza Martins, Sérgio Adorno e Jaqueline Sinhoreto e o moçambicano Carlos Serra.
A origem dessa presença, vários de vocês o saberão, é o artigo que está disponível para download aqui, que desenvolve algumas reflexões afixadas cá no blog.
Lá estarei, então, às 16h15m de sexta-feira, honrado com a companhia e convite, e desejoso de aprender umas coisas.

Os meus sentimentos estão, no entanto, divididos.
Embora vários colegas me tenham estimulado a aprofundar a questão e propostas que sugiro no tal artigo, trata-se de um tema muito violento emocionalmente e que, pelo menos a mim, deixa marcas - pois não tenho a saudável capacidade de sentir os "objectos de estudo", que são pessoas, como tubos de ensaio num laboratório.

Ainda por cima, andei também há pouco a trabalhar acerca de um outro tema pesadote: gémeos, albinos, prisioneiros políticos, Operação Produção...
A coisa deu aso a uma outra honra, a selecção do artigo respectivo (download aqui) para publicação na Travessias, a revista que será distribuída no Congresso.
Mas, as duas juntas, dão-me uma vontade de parar de pensar em violência extrema e socialmente aceite que vocês nem imaginam.

Não há por aí ninguém interessado em financiar uma pesquisa sobre criancinhas felizes, amimaizinhos amorosos ou jazz?