E daí, talvez não...
(agradecendo ao Luís Patta o envio do video)
Blog de Paulo Granjo
Juro que não volto a ir a dois aniversários infantis na mesma tarde!
Fui hoje (ontem) participar, enquanto espectador entusiasta, nas acções de campanha eleitoral de um amigo de longa data.
Curiosamente, é candidato a deputado num distrito em que vivi durante alguns anos e que me continua a dizer bastante. Um distrito onde (curiosamente, ainda) um outro conhecido de longa data, que muito respeito, é também cabeça de lista, por outro partido.
Tirando a qualidade do almoço que constituia uma das acções, foi um dia de surpresas agradáveis, ou em que reforcei as boas imagens que já tinha.
Sobre a seriedade, a capacidade, o jeito, a pertinência e importância das propostas.
Será (assim o espero, mas para isso são necessários os papelinhos nas urnas, que a eleição não está certa) um deputado que, de facto, vale a pena.
Vivendo em Lisboa, não posso votar nele.
Mas, se estão no distrito de Santarém, pensam nisso.
Eu não hesitaria. E sem ser pela amizade.
A suspensão do processo de avaliação profissional do juíz Rui Teixeira, que foi instrutor do "Processo Casa Pia", está a fazer correr alguma tinta.
Sete ex-directores da CIA escreveram uma carta pedindo o fim dos inquéritos a práticas ilegais de tortura por parte da sua malta.
É uma cena que desmoraliza o pessoal, que até já se julgava ilibado por anteriores inquéritos-fantoches - dizem eles.
Começada oficialmente a campanha eleitoral em Moçambique, a Frelimo passou da ameaça à violência sobre o MDM, na sua "reserva de caça" de Gaza.
Os ocupantes de 2 automóveis, em cuja liderança foram reconhecidos o filho e o genro do Presidente do Conselho Municipal lá do sítio, destruíram a sede do MDM no Chókwè, ferindo 3 dos seus activistas.
Jornalistas de O País estiveram no local e confirmaram os acontecimentos, mas a estatal Rádio Moçambique diz que se trata de "um boato".
Isto começa bem!...
E o Zimbabwe ali tão perto.
E trata-se também, claro e de forma imprescindível, de possuir a credibilidade, enquanto pessoa e enquanto político, para poder dizer essas coisas.
Mas, posta a esperança a rodar, mais os sustos se assustaram, em ambos os lados do establishment:
A Renamo disparou sobre ele em Nacala e vai-lhe agredindo activistas aqui e ali.
A Frelimo rodeou a sua comitiva, no Xai-Xai, com dois camiões cheios de bandeiras e de militantes a cantarem insultos e a ameaçarem a população para não se aproximar.
Os organismos estatais que gerem as eleições já haviam alcançado o prodígio de actualizar os cadernos eleitorais com material informático (fornecido por uma qualificada empresa de transportes pertencente a uma família ligada ao poder) que sistematicamente se avariava no centro do país e para cuja reparação só estavam disponíveis técnicos até ao Save.
Agora decidiram, inusitadamente tarde e sem explicações ou esclarecimentos, excluir as listas de candidatos do MDM em 9 dos 13 círculos eleitorais.
Curiosamente, as supostas falhas viriam da força política que, na apresentação de assinaturas para formalização das candidaturas a Presidente da República, entregou o menor número de processos considerados irregulares.
A resposta, conforme seria de esperar, não foi um esbracejar ameaçador.
Daviz Simango e o MDM interposeram recurso ao Concelho Constitucional (que, assim como assim, é formado por juízes) e farão a campanha eleitoral como planeado, enquanto aguardam por uma decisão favorável.
Mas, pela rua e pelos media, a indignação alastra.
Que vai sair daqui?
Não faço ideia.
Há quem diga que, após o peculiar recenseamento e com acções intimidatórias de ambos os lados ao MDM, talvez a Frelimo chegue aos 2/3 necessários para alterar a Constituição e eternizar o actual presidente no poder, através do desaparecimento do limite de mandatos.
Nos "caniços" de Maputo, muita gente prevê, projectando para as urnas as mudanças que observa no seu bairro, que Guebuza será facilmente reconduzido, mas a Frelimo perderá a maioria absoluta devido à votação do MDM, acabando o total "posso, quero e mando".
A uma cada vez mais vociferante e inconsequente Renamo, ninguém augura outra coisa senão uma forte quebra eleitoral.
Esperemos para ver.
E, esperemos, que sem mais violência e com tão poucas golpadas quanto possível.
... embora ainda em pleno processo de esquizofrenia cultural.
Espero afixar ainda hoje uma foto alusiva a esse confuso estado.