domingo, 31 de outubro de 2010
Comício Para Restaurar a Sanidade, Washington DC
Mas como o Orçamento 2011 fez de mim um chato armado ao sério, escolhi o mais aborrecido - embora, reconheçam, com um cheirinho anarca.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
A velhice bate à porta...
E ela nem sequer fala de TV a preto-e-branco (ou de a ir ver a casa do vizinho)!
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
Lamborghinis, Rolexes e Revoltas
Ouvi outro dia num telejornal que, neste crísico ano, a venda de Lamborghinis e Jaguares duplicou em Portugal.
O que me lembrou uma anedota dos tempos do cavaquismo primo-ministerial. Embora, segundo parece, nestes tempos de cavaquismo socrático tenha havido um up-grade para uma marca ainda mais cara.
« Um automobilista pára na berma da estrada, onde um homem ensanguentado se lamenta, ao lado do seu carro destruído.
- O meu Ferrari!... O meu Ferrari!...
- Oh, homem! Deixe lá a merda do carro! Já viu que está todo ferido? Até tem a mão esquerda decepada!
- A mão esquerda? Oh! O meu Rolex!... O meu Rolex!... »
E de tudo isto me lembrei, ao ver esta foto de Frédéric Paletou.
Como dizia o outro, faites la liaison.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Teleguiar o Estado a partir da presidência do partido?
Um artigo especulativo mas muito interessante, publicado hoje no Canalmoz, levanta uma hipótese curiosa (mas plausível) acerca da pressa demonstrada pela bancada parlamentar da Frelimo em rever a Constituição moçambicana.
Será que, agitada pelas visíveis tensões e competição entre grupos de interesses (e facções político-empresariais) no seu seio, vendo o aumento do número de mandatos do Presidente da República como uma alteração arriscada a nível interno (veja-se o caso Mbeki) e externo (reacção dos "doadores"), e tendo dificuldade em encontrar um candidato presidencial forte que não subvertesse o status quo interno, a direcção da Frelimo pretende tornar o Presidente e o Primeiro-Ministro figuras teleguidas pelo partido, que continuaria a ser liderado por Armando Guebuza?
A ideia é que o Presidente da República (todo-poderoso no actual quadro constitucional)passaria a ser eleito indirectamente, pelo parlamento, e veria as suas competências diminuídas até às de um corta-fitas. O Primeiro-Ministro (actualmente, um coordenador governativo)tornar-se-ia o efectivo chefe de governo e ganharia competências estatais para além dele, mas ficaria em bastante maior dependência do parlamento do que está, hoje, o Presidente.
Confesso que a política partidária moçambicana me interessa muitíssimo pouco, em si própria.
E que também não sou nenhum entusiasta do estudo de formatos constitucionais.
Mas lá que (como dizia o Levi-Strauss acerca dos tótemes) a hipótese levantada pelo Canalmoz é «boa para pensar» e, independentemente de ser ou não factualmente verdadeira, nos dá indicações interessantíssimas acerca da forma como a política é pensada em Moçambique "de cima para baixo", lá isso é verdade.
Mas... Será que a coisa é muito diferente por cá - ou que seria, se um partido tivesse 3/4 dos assentos parlamentares?
É que, quanto à promiscuidade (e coincidência) entre elites políticas e económicas, temos vindo a dar passos significativos em direcção à moçambicanização...
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Um padrão que urge quebrar
«Um terceiro grande vector de potenciação do perigo decorre, contudo, das próprias relações sociais e de poder existentes no espaço laboral. Verifica-se, de facto, que as chefias desenvolvem frequentes pressões para que, a fim de melhorar os resultados de produção (mantendo ou aumentando o seu volume, evitando uma paragem ou acelerando um arranque), os trabalhadores executem intervenções ou adoptem procedimentos que, embora mais expeditos, são mais perigosos.» (p. 272)
Antes da explosão e derrame no Golfo do México, a BP recebeu vários estudos que alertavam para a pouca fiabilidade dos sistemas de segurança e apelavam à suspensão da perfuração, mas ignorou-os a fim de maximizar os seus lucros.
Três horas antes da derrocada que isolou os célebres 33 mineiros chilenos, estes alertaram a direcção da mina para barulhos muito fortes e pediram para sair, mas não foram autorizados a abandonar a produção.
Quando, em 2000, escrevia a tese que conduziu ao livro sobre a refinaria de Sines que inicialmente citei, não encontrei outros livros ou artigos que abordassem a subalternização (e incumprimento) das medidas de segurança aos objectivos de maximização da produção e dos lucros, por parte de empresas cuja actividade é perigosa.
10 anos depois, a questão continua a ser minimizada ou ignorada.
No entanto, vamos encontrá-la sistematicamente no centro dos grandes acidentes mais mediáticos e é plausível que ela esteja na base de muitos outros casos que não despertam o interesse da imprensa.
Mesmo as empresas que repetem à exaustão, aos seus quadros e operários, «safety first, production second» nos demonstram, através da sua preocupação e insistência, que o perigo de que o contrário aconteça é bem real e quase uma tendência esperada em indústrias desse tipo.
Cada novo caso de que temos conhecimento nos indica que nenhum deles é um particularismo local ou cultural, um pontual desvio perverso.
Aquilo que eles nos mostram é um padrão sistemático, não de negligência, mas de consciente subordinação da segurança aos critérios economicistas.
Um padrão que só será domável ou quando a (má) experiência e a (boa) racionalidade de uma empresa leva a uma política activa de combate a essa tendência, ou quando as empresas são a isso obrigadas, através de regulamentação e controle exterior.
Um padrão, afinal, que urge quebrar.
A nível nacional e internacional.
O que passa, antes de mais, por reconhecer que o problema existe e é fulcral.
Depois, por o tornar visível e explícito, para as epresas e para a sociedade.
E, claro, por tomar medidas que o combatam.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Paternalismo e latifundiários absentistas
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Salários baixos e cestas básicas
Um livro novo sobre a crise financeira e orçamental
Apresentação e lançamento 4ª feira, às 18 horas, no ICS (Av. Prof. Aníbal Bettencourt 9, a Entre-Campos).
sábado, 16 de outubro de 2010
Mais uma razão para o chumbar!
Teixeira dos Santos diz que, se a proposta governamental de Orçamento Geral do Estado para 2011 for chumbada, os canais de financiamento estrangeiro (leia-se, a compra de títulos de dívida pública pela banca comercial) serão imediatamente encerrados, sendo «inevitável» recorrer ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira.
Tirando a evidente falácia da primeira parte do raciocínio (pois os abutres teriam uma óptima desculpa para exigir juros mais altos em futuras emissões, mas era o que faltava deixarem escapar essa oportunidade de negócio mais chorudo), até seria óptimo que tal acontecesse.
Afinal, que mal teria, numa crise que exige investimento e estímulo à economia, recorrer a uma fonte de financiamento com juros a cerca de 1/4 do valor exigido nos mercados financeiros, em vez de mergulhar as pessoas em terríveis dificuldades e a economia em profunda recessão, para tentar satisfazer esses mesmos mercados e os governos dos países cujos bancos mais dívida soberana compraram antes?
É verdade que 1/3 do dinheiro do Fundo de Estabilização vem do FMI, que teria a possibilidade de fazer exigências. Mas poderiam tais exigências aproximar-se, sequer, daquilo que o Governo está já disposto a fazer neste orçamento? Não parece plausível.
A única razão "racional" para os governos dos países em dificuldade orçamental (devido aos ataques especulativos dos mesmos mercados financeiros que foram salvos, por governos, da crise que eles próprios provocaram) não recorrerem ao Fundo de Estabilização é evitarem reconhecer que fizeram asneira da grossa e que não conseguem sair dela, sozinhos, sem mergulharem os seus países no descalabro socio-económico - alternativa que preferem, a pôr em causa a sua imagem.
Outra razão é, claro, a incapacidade de pensarem a política e a economia para lá dos entrolhos da ditadura do impessoal "mercado", mesmo quando andaram com ele ao colo e são por ele atacados de morte.
Diria então que, se o chumbo da proposta de OGE pode obrigar ao recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, mais uma razão para a chumbar!
PS: voltarei a esta questão, de forma mais circunstanciada e argumentada, logo que possa. É que não é fácil nem curto desconstruir lugares-comuns e, sobretudo, é desaconselhável fazê-lo com o grau de irritação que agora sinto.
PS2: o tema foi objecto de um esclarecimento que talvez vos interesse, aqui.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Algo me diz que vai ser um sucesso arrasador
Com alguma surpresa, vi vários colegas dizerem o mesmo, incluindo um em quem isso muito me surpreendeu.
Parece que esta Greve Geral vai ser mesmo uma coisa séria.
Los 33 ( se puede reproducir libremente)
Luis Sepúlveda
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Cueca de la C.U.T.
Muito obrigado.
O trabalho de uma vida
Particularmente, aquelas pessoas que conseguiram utilizar o seu conhecimento, criatividade e experiência para inventarem uma forma alternativa e segura de os trazer de volta até nós, mais de 2 meses antes da previsão inicial.
Há, realmente, alturas e soluções que valem e fazem valer toda uma vida de trabalho.
Pouco depois, ouvi o mineiro Mario Sepulveda pedir que não os passem a tratar como estrelas de cinema, e lembrar, no meio da sua alegria, que aquilo que aconteceu obriga a que se repensem as condições de segurança em que se trabalha nas minas chilenas.
E, imperceptivelmente, dei por mim a cantarolar o hino da C.U.T.
E orgulhoso de me sentir seu irmão.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
François Houtart para Nobel da Paz
Conheço o seu trabalho e vida. Assinei aqui.
Pensem nisso.
Ministros caindo em Moçambique
Em Moçambique, tais decisões são raras e sempre significativas de muito mais que meras substituições de pessoas – mesmo se, geralmente, as razões e significados só sejam totalmente compreensíveis para quem se mova nos centros de decisão partidária.
O que quererão dizer, agora, estas exonerações?
Se o segundo caso era inevitável mais tarde ou mais cedo (embora, por exemplo, o ex-ministro da defesa tenha sobrevivido mais de um ano à tragédia do rebentamento do paiol de Malhazine), se o terceiro parece ser sintomático da necessidade de se mostrar que se pretende fazer algo de substancial e efectivo no sector, e se o quarto surge como o bode expiatório da decisão de aumentos brutais de preços, já o primeiro tinha desde há anos uma imagem de marca de confronto com os profissionais do seu sector que, para se ter mantido tanto tempo, até parecia agradar ao Presidente.
Teria sido a ameaça de greve dos médicos, e a necessidade de o governo não se confrontar com mais conflitos sociais complicados nos próximos tempos?
Mas tudo isto são meras especulações de quem se deita a adivinhar e gostaria de compreender mais. E várias coisas.
Em que medida resultarão estas mudanças de medidas cosméticas e marketing político? E em que medida resultarão de uma nova e real estratégia político-económica e de exercício do poder? Em que medida resultarão de meros reajustes das relações de poder internas?
Pois... não sei.
Neste outro blog, tentam-se discutir as razões. Se alguém tem algo a dizer que ajude a compreender o assunto, que entre no debate, lá ou por aqui.
Entretanto, neste cantinho à beira mar plantado, discute-se entusiástica e apocalipticamente se o orçamento vai ser aprovado (e, quanto muito, as alternativas onde cortar despesa ou obter receita), mas não por que raio e em que medida são necessários cortes tão bruscos e brutais…
Ou seja, da mesma forma que em Moçambique as elites políticas acharam evidente que, com a desvalorização da moeda e a "mão invisível" do mercado (internacional), os preços tinham que subir em flecha e o povo que comesse brioches, assim por cá se corre a criar o caos recessivo (e a, qualquer dia, apelar aos brioches) para acalmar o "mercado" dos bancos especulativos, predatórios e há pouco salvos por dinheiros públicos, quando há alternativas institucionalizadas em que os juros custam cerca de 1/4 do que eles cobram.
É isso sintomático de quê?
domingo, 10 de outubro de 2010
A recusa de ser irrelevante
No entanto, só em Novembro vos disponibilizarei o texto on-line. É que se trata de uma revista que considero muito necessária e para quem, tanto quanto imagino, todos os exemplares vendidos são importantes.
Entretanto, também o habitual número temático anual da Alternatives Sud será, desta vez, dedicado a África.
Do índice, só conheço ainda o meu artigo 'Sortant «de la bouteille» : raisons et dynamiques des émeutes au Mozambique', inicialmente centrado no 5 de Fevereiro de 2008, mas que foi cortado e restruturado para também abarcar os acontecimentos deste ano.
Logo que saiba mais, informar-vos-ei.
Reflexões ociosas - 5
Ou à humilhação de verificarmos que ainda andámos, quixotescos, a defender quem há muito nos sacaneava?
Ou à revolta e incredulidade por nos vermos publicamente acusados, por elas, daquilo que elas próprias nos fizeram?
E será que, aí chegados, tudo isto não devia ser já irrelevante?
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
É a glória!
Há quem ache que a antropologia (ou mais precisamente, uma história de antropóloga tesuda) merece uma canção!
Parabéns, Zé Neves!
Então, minha gente, o Prémio Sedas Nunes 2010 distinguiu José Neves, com o livro Comunismo e Nacionalismo em Portugal!
Daqui envio ao Zé um forte abraço de parabéns e o desejo de muitos mais sucessos futuros.
E segue também um grande abraço para o Harry West, que mereceu uma Distinção Especial do júri, pelo seu também excelente livro Kupilikula - o poder e o invisível em Mueda, Moçambique.
São duas obras que a todos aconselho.
domingo, 3 de outubro de 2010
Os velhotes dão juventude
Os concertos das bandas de velhos rejuvenescem a audiência.
A prova é que os adultos entradotes que são entrevistados pela televisão se comportam como groupies pré-adolescentes.
O verdadeiro empreendedorismo
Que, se há em Maputo alguém que mereça o epíteto de "empreendedores" (com que enchem a boca aqueles a quem sobram capitais vindos não se sabe muito bem de onde e que só os aplicam em negócios não-produtivos), esse alguém são os desempregados e desempregadas "formais" que, anos a fio, viram o mundo do avesso a descobrir e inventar todo o tipo de actividades e pequenos negócios que ponham comida na mesa lá de casa.
Nem de propósito, este é o cartoon de hoje das sul-africanas Madam & Eve.
Enjoy.
sábado, 2 de outubro de 2010
Frase do ano no Inimigo Público
«OCDE recomenda ao Governo aumentar impostos, fazer despedimentos em massa, baixar salários e cortar nos benefícios, caso contrário os portugueses vão sofrer tempos difíceis»