sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Anacronismos militares

Quando estava na tropa (e Loureiro dos Santos também), os generais fizeram correr o boato de que não iriam receber o salário no mês seguinte.
Grande comoção nos gabinetes e corredores ministeriais e, da noite para o dia, o sistema remuneratório foi alterado, com aumentos cuja percentagem crescia brutalmente à medida que subia o posto a que se aplicavam.

Poucos anos depois, começou a falar-se abertamente do direito de organização sindical para os militares - a tal questão que Miguel Sousa Tavares, com a sua sapiência generalista acerca dos lugares-comuns de mesa de café, veio a considerar "coisa terceiro-mundista" na televisão.

As escandalizadas reacções contra a possibilidade de sindicatos para militares basearam-se em dois aspectos:
Por um lado, num artigo inconstitucional da legislação, elaborado para fazer os militares "regressarem aos quarteis", passado o PREC.
Por outro, de forma ideologicamente mais elaborada, apontavam-se especificidades éticas de uma instituição baseada numa cadeia de comando, em que era responsabilidade dos superiores hierárquicos compreenderem, canalizarem e defenderem os interesses dos subordinados.
(Comparado com essas linhas de discurso, o estafado argumento de que a representação sindical poria em causa a disciplina e a eficácia na execução das ordens já fazia figura de parente pobre, pela sua evidente falácia face à realidade observável nos sítios onde essa representação existia.)

É claro que essa ideia dos generais como melhores defensores dos seus homens (extensiva aos oficiais e aos sargentos, relativamente a quem esteja "abaixo" de cada um deles), só parece evidente quando olhada a partir de cima.
As preocupações e interesses socio-profissionais de um general não são os de um major, os de um oficial não são os de um sargento, e os de nenhuma dessa gente são os de uma praça - pelo contrário, são com muita frequência contraditórios ou mesmo opostos. Por muita retórica exótica que se mobilize, nenhum empregado considerará que o gestor da empresa é a melhor pessoa para representar os seus interesses perante o dono. E, sempre que se fala em nome de alguém, para "lhe dar voz", está a retirar-se a esse alguém a própria voz, o espaço para falar em nome próprio.

Mas essa visão paternalista da instituição militar e da cadeia de comando juntou-se à experiência de eficácia da ameaça velada, quando proferida por pessoas com estrelas nos ombros.
O general na reserva Loureiro dos Santos, provavelmente a mais respeitada figura pensante das forças armadas, veio "avisar" que, perante a degradação das condições socio-profissionais dos militares, a "rapaziada mais nova", com mais sangue na guelra e menos experiência, era bem capaz de se meter em aventuras armadas - embora esclareça que «Penso que está fora de questão qualquer coisa organizada, mas [podem surgir] actos um pouco irreflectidos que normalmente as pessoas mais novas são levadas a praticar».

Isto, num quadro em que os actuais Chefes de Estado-Maior se remetem ao silêncio e em que dois ex-Chefes de Estado-Maior (do Exército e da Armada) «partilharam as preocupações manifestadas (...) sobre sinais de descontentamento preocupantes dentro das Forças Armadas».

Portanto, a coisa está má, os paizinhos na reserva assumem o seu ideológico papel de defensores dos seus rebentos (embora Loureiro dos Santos, modestamente, tenha a extraordinária ideia de apontar o Governo como «representante sindical da instituição militar» - assim como o Belmiro de Azevedo é delegado sindical dos trabalhadores do Continente), e fazem-no através dos meios a que se habituaram: as manifestações de desagrado através de ameaças evidentes mas não assumidas de forma explícita.

De caminho, procura legitimar-se a anacrónica "representação por parte dos superiores" e acha-se normal que se negue aos militares o direito de consulta e negociação sobre questões socio-profissionais, mas não a possibilidade de agitarem espantalhos de pronunciamentos armados.

Lições preliminares desta história:

- Não bastam a inteligência, o prestígio e o conhecimento de causa para se evitar ficar enredado em atitudes e raciocínios anacrónicos e socialmente inaceitáveis.

- A recusa de possibilitar aos militares mecanismos adequados de representação socio-profissional tem graves efeitos preversos, mesmo se a ameaça velada de Loureiro dos Santos corresponde mais a uma performance simbólica do que a um perigo real.

- Urge colocar na ordem do dia o direito dos militares a representação sindical, sem dramas ou histerias, como aliás devia há muito ter sido feito.

adenda a 31/10: O CEMGFA pronunciou-se acerca dos problemas existentes, desdramatizando. Não fez qualquer reparo ao tom das intervenções de LS.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

E-mails, again


Pois é. Disse uma asneira no meu post de ontem acerca da devassa dos e-mails de funcionários das finanças por parte da IGF.

Segundo esclareceu durante o telejornal um docente especilizado nessa área jurídica, mesmo a abertura de caixas de e-mail e consulta dos destinatários, remetentes ou subjects (ou até a consulta dos históricos, para verificar a que sites se acedeu) constitui um crime à luz da legislação em vigor, caso seja feita sem autorização explícita do trabalhador.
A excepção são investigações criminais, efectuadas pelas forças policiais competentes e com autorização judicial.

Assim, mesmo que a abertura e leitura dos e-mails tenha sido feita pelo DIAP, com autorização implícita do Tribunal de Investigação Criminal ao interpretar que as mensagens correspondiam a correspondência já aberta que poderia ser apreendida pelo Ministério Público (interpretação bastante extensiva e que Garcia Pereira considera hoje errada, na p. 39 do Público), tudo o que foi feito antes é ilegal e abusivo.

Em suma, a Inspeção Geral das Finanças cometeu mesmo um crime ao aceder às caixas de e-mail dos funcionários e identificar destinatários e subjects, tendo o Ministro das Finanças autorizado esse crime.
Voltamos à estaca zero.


Entretanto, o Navegador Solidário indica-nos, num comentário, este link para as posições do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos.
Vale a pena ver. Embora, se os funcionários abusados foram as vítimas directas deste caso, são uma ínfima minoria das pessoas a quem este assunto diz respeito. Todos nós.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Já?

No Tennessee, aquele estado norte-americano que produz uns cachimbos de sabugo de milho que são óptimos no verão e formas de estar na vida que fazem o Mississipi parecer New York, foi detido um par de neo-nazis que queriam matar Barak Obama.

Há quem desconfie que não fosse por causa dos seus pontos de vista acerca da economia ou da guerra do Iraque.

Ainda os e-mails das finanças

A versão impressa da notícia que deu origem ao post anterior introduziu um dado novo em relação à versão digital disponibilizada ontem e, entretanto, também corrigida.

A abertura das mensagens de e-mail terá sido feita «após obter uma autorização judicial» - ou, mais precisamente, após o Tribunal de Instrução Criminal ter considerado que e-mails eram «correspondência já aberta» e poderiam, por isso, ser apreendidos pelo Ministério Público.

Antes disso, a Inspeção Geral das Finanças "apenas" tinha aberto as caixas de e-mail dos funcionários e identificado os milhares de mensagens que centenas deles tinham enviado a orgãos de comunicação social, a par dos respectivos "subjects", feito um relatório e passado a bola às autoridades policiais, por não conseguir culpar ninguém apenas com base nesses dados.

Esse pormenor faz uma enorme diferença.
Deixa de se tratar de um crime que exigia a imediata demissão do ministro e procedimento criminal dos envolvidos, para passar a ser uma escandaleira que exige discussão política e ética.

Porque, mais do que a zona de penumbra acerca da ilicitude legal, ou não, daquilo que foi feito pela própria IGF sob autorização do ministro, interessará discutir a ilegitimidade de tais atitudes e práticas, no exercício do poder.

domingo, 26 de outubro de 2008

Be afraid, be very afraid


Os ministros das finanças são sempre umas personagens talhadas para o ódio público, por muito boa pessoa que sejam.
Afinal, são o rosto de quem nos vai ao bolso, das benesses fiscais para as actividades especulativas, dos cortes orçamentais para despesas sociais, and so on.

Não é de esperar é que eles sejam o rosto de atitudes policiescas indignas e de legalidade no mínimo duvidosa. Que sejam o rosto, não dos impostos que nos pesam, mas da assunção pelo Estado de prerrogativas e métodos próprios da PIDE, de regimes totalitários ou de um qualquer 1984.

Acontece que os e-mails dos funcionários da Direcção-Geral de Impostos foram sistematicamente violados pela Inspecção Geral da Finanças, à procura de fugas de informações para os jornais.

Claro que tais fugas de informação violam o dever de lealdade dos funcionários e o sigilo fiscal (a não ser que se refiram a falcatruas feitas pelos próprios serviços, caso em que o segundo não se coloca e o primeiro se submete ao dever de denúncia de ilícito legal).

Mas, num país em que (pelo menos legalmente) só juízes podem autorizar escutas telefónicas e é proibida a violação de correspondência, é normal que um Direcção-Geral se lembre de violar correspondência electrónica e que um Ministro ache natural (e se ache no direito de) autorizá-lo?

Que gente é esta, que nos governa?
Num outro país, que está bem longe de ter 34 anos de democracia e de estado de direito, fui avisado do facto de os telefonemas e e-mails de académicos serem controlados e vigiados. Mas, mesmo aí, a coisa era vista como um ilegalidade e abuso, perpetrado pela "secreta".

Em Portugal, é suposto tornar-se admissível?
E, se um Ministro acha isso normal, é suposto que o DIAP ache também normal aceitar esses materiais como provas?

Do Ministro, só espero a demissão.
Da Assembleia da República, a clarificação do vazio legal acerca deste assunto, se é que ele existe.
E, se não existem dubiedades ou vazios na lei, espero do Ministério Público a criminalização das pessoas que autorizaram e executaram esta vergonha.
Dos meus concidadãos portugueses, espero que não compactuem com estes Big Brothers em crescimento.
Este caso mostra que já há razão para dizer «Be afraid, be very afraid». Se acharmos que "é a vida", vão ver como tudo isto crescerá muito depressa.

Coprofilia

Li a coisa há um par de dias num daqueles jornais gratuitos mas, como não a encontrei online em lado nenhum, pensei que vocês não iam acreditar se eu me limitasse a contar.
O Arrastão forneceu agora um link para uma notícia do DN, pelo que já não passo por mentiroso. É assim:

O presidente da associação de estudantes da Universidade de Évora (a bela terra onde nasci, helàs) ficou muito agastado por, no seguimento de queixas de alunos, o reitor ter proibido umas praxes na escola de regentes agrícolas que deus tenha, cujo ponto alto era fazer os caloiros rastejarem na bosta dos animais, pontualmente apimentada pela de algum praxista que estivesse mais aflito.

Diz o chavalo que a malta gosta tanto da coisa que até há gente do 2º ano que pede pelas alminhas que os deixem também chafurdar no esterco.
Para além do mais, acrescenta, «é uma manifestação cultural que deve ser respeitada».

Eu até sei que aquela antiga escola, agora pólo da Universidade, tinha a tradição de acolher como alunos os filhos mais ineptos dos latifundiários do tempo da outra senhora - o que arrastava consigo um ethos, uma elevação intelectual e um refinamento de gostos como aqueles que costumamos encontrar, nos filmes, entre os membros mais volumosos das equipas universitárias de football americano.

Supunha que a origem social e o nível mental dos alunos se tinham alterado com o tempo, mas não imaginava que tanto tinha sido preservado do ethos original. Tirando as ovelhas negras que se queixaram à reitoria, parece que ainda hoje, ali, a malta gosta é de merda.
Apesar disso - acreditem num antropólogo, mesmo sem que ele cite uma lista infindável de exemplos escabrosos em defesa da sua afirmação - o facto de uma coisa ser uma «manifestação cultural» não quer dizer que deva «ser respeitada».

E, se esta descoberta for muito chocante, eh pá... Encham a banheira de bosta e vão curtir e relaxar um bocado.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ideologia neo-liberal não funciona, diz o guru

Alan Greenspan, o todo-poderoso presidente da Reserva Federal norte-americana durante 18 anos e guru prático do neo-liberalismo, reconheceu hoje, perante uma comissão do Congresso, que a ideologia que o tem guiado está errada.

O anterior "maestro infalível" do sistema financeiro e fervoroso defensor da ausência de regulação sobre as actividades financeiras considerou que «cometeu um erro» ao confiar que os mercados livres podiam auto-regular-se sem intervenções estatais.

Nas suas próprias palavras, «Errei ao presumir que os interesses próprios das organizações, especialmente bancos, eram de molde a constituírem a maneira mais capaz de proteger os accionistas e a sua equidade nas firmas.»

Quando o presidente da comissão lhe perguntou se «Por outras palavras, considera que a sua visão do mundo, a sua ideologia, estava errada, não funcionava?», respondeu:

«Absolutamente, precisamente. Sabe, é precisamente essa a razão por que fiquei chocado, porque durante 40 anos ou mais encontrei provas consideráveis de que ela estava a funcionar excepcionalmente bem.»

Não sei se é pelas tsunâmicas consequências destas palavras para os reprodutores nacionais daquilo que defendiam Greenspan e outra "gente grande" que, embora essa parte da audição esteja há horas a abrir os noticiários da Sky News, a notícia não aparece nos sites dos jornais portugueses.
Se vier a aparecer, peço que me avisem. Tal como me avisaram de aqui.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O VPV deve estar a bater palmas


Parece que um ladrãozeco qualquer roubou o computador de Miguel Sousa Tavares, com um novo livro já bem adiantado lá dentro.

Eu, a quem o "apagão da cegonha" e uma empresa informática incompetente fizeram desaparecer, há uns 8 anos atrás, uma tese de doutoramento em que o mais difícil já estava feito, só me posso solidarizar.

As hostes de entusiastas da literatura lightópretenciosa, da qual têm todo o direito de gostar, devem estar prestas a entrar em depressão.

E o Vasco Pulido Valente deve estar a rejubilar efusivamente, vendo no acontecimento um golpe do destino em defesa da cultura patrióexpatriada. Ai, ódios de estimação...


nota: esta do "rejubilar efusivamente" paga direitos de autor ao Miguel Cartaxo.

A socialista Merkel e o conservador Sousa

Andei à procura da notícia online, mas não encontro. Portanto, acreditem em mim ou vão à página 3 do Público de ontem.

«Os gestores dos bancos que recorrerem ao plano especial de apoio ontem aprovado pelo Governo alemão ficam com os salários limitados a 500 mil euros por ano (1) e não podem receber prémios ou outras compensações adicionais. Durante o período em que estiverem sob intervenção estatal, os bancos não poderão pagar dividendos aos accionistas privados - apenas ao Estado.»

Por cá, o recurso ao aval estatal para empréstimos interbancários não prevê minudências estaticistas desse tipo.
Não há cá pré-condições sociais, económicas ou morais, que essa gente é que percebe dessa coisa dos negócios financeiros (como se viu) e das políticas salariais para si próprios (como se continua a ver).

Claro que uma coisa é um aval e outra é uma recapitalização. Mas assim, sem quaisquer condições, quando está como está a situação real desses parvalhões como eu que, quando pedem um empréstimo, têm que o pagar?
Claro, também, que não há almoços grátis, muito menos com o nosso primeiro. Mas nem quero imaginar qual será a retribuição que ele espera.

Há quem goste de dizer que se acabou a direita e a esquerda. Se calhar, irão dizer que estamos perante uma prova disso.
A mim, parece-me que se acabou uma outra coisa: o bom senso para os lados terceiraviistas.


(1) Também posso? Também posso?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ainda os albinos

O Expresso desta semana dedicou a página 41 (clique para aumentar) aos ataques à vida e segurança dos albinos, que têm vindo a ser discutidos aqui e noutros blogs, como este e este.

Parte da rica informação que a jornalista Margarida Mota me transmitiu por telefone não coube nos limites de caracteres de que os jornais sempre sofrem, mas surge um dado que para mim é totalmente novo:
A ocorrência, na África do Sul e Zimbabwe, de violações de albinos por parte de seropositivos, que esperam com isso ficar livres do SIDA - tal como vem acontecendo há anos relativamente a raparigas virgens.

Interpretar porque é que alguém se foi lembrar de mais esse horror é relativamente simples. Terá quase certamente a ver com o poder, atribuído aos albinos, de secarem as coisas à sua volta - neste caso, secar a doença, ou o virus seu causador.

Mas, antes que a coisa alastre pela região, convém compreender um pouco melhor o que é que se passa.
Alguém tem informações acerca deste novo fenómeno?

Pela minha parte, vou alertar os meus "colegas" da AMETRAMO, para estarem atentos e poderem combater esta crença, mal ela se revele em Moçambique.
Porque, ao contrário dos estereotipos habituais, os curandeiros estão muito longe de ser uns tradicionalistas acríticos imersos em superstições.
E, em assuntos como este, a palavra deles vale muito mais, junto da população, do que a de qualquer médico.

domingo, 19 de outubro de 2008

Porno-antropologia?

Então não é que me chegou aqui um maduro vindo de Osaka, que se deu ao trabalho de aceder ao coitado do Antropocoiso através de um site chamado Porno-Digest?

Eu bem sei que há quem considere que este clássico do tio Malinowski é um livro pornográfico. Mas, enfim... há passagens de outro clássico, a Biblia, que o batem aos pontos.

Também sei que o mundo é muitas vezes obsceno e que a gente o estuda.
Mas... linkado num site especializado em porno?! Será uma tomada de posição epistemológica?

Acidente químico em Estarreja


Como tantas vezes acontece, a notícia é lacónica e está enfiada num cantinho (o "Local", que parece ser tudo o que o caso merece).
De facto, são coisas "normais" e "pouco relevantes", se não se dão à frente de uma multidão, nem estão interesses urbanísticos em causa.

Uma fuga de anilina em estado gasoso, no complexo químico de Estarreja, provocou 14 vítimas.
Dos 3 casos mais graves, um já teve alta, o outro é considerado "estável", pelo que o terceiro estará em risco de vida.

A informação é dada pelo Comando Distrital de Operações de Socorro, sendo provável que ninguém vá perguntar à empresa em causa o que aconteceu e porquê.

sábado, 18 de outubro de 2008

Natureza da cultura


Quando, há uns anos, nevou pela última vez em Lisboa, não dei por nada porque a família estava toda esparramada no sofá a ver o Amadeus.

Hoje, que uma chuvada repentina, com granizo à mistura, provocou enxurradas em Lisboa, também só soubemos à noite, pelo telejornal.
A essa hora, eu andava a saltar com a filhosca de auscultador em auscultador da FNAC, enquanto a minha senhora procurava os livros exigidos pelas cadeiras lá do curso.

Parece que o tio Levi-Strauss é que tinha razão. A cultura opõe-se à natureza.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mundo Louco e Vida Podre

Ainda é bebé, mas promete.

Dia internacional de luta contra a pobreza (3)



nota: a justificação moral da usura e do capitalismo é que o lucro constitui a compensação pelo risco da aplicação do capital.

nota 2: para lhe emprestarem dinheiro para a casa, obrigaram-n@ a fazer um seguro que reembolsa o banco se você morrer ou não puder trabalhar? Ah, sim? Não me diga!...

Dia internacional de luta contra a pobreza (2)


8% dos europeus com emprego vivem abaixo do limiar da pobreza.

Dia internacional de luta contra a pobreza

Teste a sua memória

A propósito disto, convido-vos a fazerem um pequeno teste:

1 - Sabe de cór o refrão do «Sobe, sobe, balão sobe»?

2 - Sabe de cór um artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem?

Podem responder na caixa de comentários. Anonimamente, se quiserem.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Diplomacia silenciosa volta a atacar

Mugabe tinha chegado a um acordo extremamente vantajoso com a "oposição", tomando em conta que perdeu as eleições e as barbaridades em que se meteu, antes e depois da primeira volta das presidenciais.
Desrespeitou-o, querendo "dar" ao MDC, após negociações infindáveis, apenas 3 ministérios irrelevantes.
Como obviamente não aceitaram, decidiu formar governo sozinho.

Espero com impaciência as leituras positivas da situação que desta vez irão fazer, em Moçambique, os apologistas da "diplomacia silenciosa" mbekiana.

Prometam dinheiro aos homens!

O que a diminuição das taxas do BCE não conseguiu, conseguiram os avais estatais aos pedidos de dinheiro pelos bancos:
A Euribor baixou, para uns ainda obscenos 5,367 %.

É caso para dizer: Prometam mais dinheiro aos homens! Sei lá, Bentleys, Lear Jets, qualquer coisa...
É que eu estou mesmo à rasca.

Eu cá prefiro o IgNobel


Nestes tempos em que a hiper-burguesia descobriu, com espanto, que a economia não é só a bolsa e os negócios financeiros em cima de coisa nenhuma, suponho que faz sentido atribuir o Nobel da economia a quem estuda os padrões do comércio e a localização das actividades económicas.

Mas confesso que me pareceria mais apropriado o tal estudo acerca do efeito do ciclo ovulatório das dançarinas eróticas sobre as gorjetas que recebem.
Teria mais piada e deve ser muito mais compreensível para quem, brincando com biliões para aqui, biliões para ali, nos dá cabo da vida.

Quando os líderes não têm juizo...

... até o bebé chorão ganha com um Renault.

Entretanto, o Hamilton acha que ameaçar um adversário de despiste e bater-lhe mesmo deviam ter punições diferentes...
E o Massa acha que acertar em cheio em alguém que o ultrapassou não deve ser punido, porque jura pelas alminhas que nem foi de propósito. E até deve ter razão, porque quando abalroou o Bourdais este é que foi punido...

É verdade que as contas para o campeonato ficam emocionantes.
Mas tudo isto me começa a tirar a vontade de ver mais algum Grande Prémio este ano.

nota: a foto é de um plenário sindical lá na Renault. Como se vê, em grande unidade de esquerda trazida pela crise, pois o senhor do fato-macaco (do PS a julgar pelo punho esquerdo), está a apoiar a mesma proposta que os outros (que, pelo punho direito levantado, são comunistas). O director (à esquerda, em baixo) também está eufórico, embora preocupado com a carteira e um bocado à rasca por se fazer passar por vermelho; por isso, algo me diz que devem ter decidido mais uma nacionalização dos prejuizos.

sábado, 11 de outubro de 2008

Já não se pode ser prof


Na ida ao blog do Carlos Serra, dei com este bela imagem, que dedico aos professores do meu país, lixados por uma senhora que dizem que era minha colega, antes de virar ministra.

Linchamentos recrudescem em Moçambique

Carlos Serra dá-nos desde ontem conta de um recrudescimento nos linchamentos urbanos e periurbanos em Moçambique, com 7 mortos nos últimos dias.

Com uma sequência impressionante nos primeiros meses do ano, estes linchamentos (embora não os rurais, que parecem ter dinâmicas e sentidos diferentes) tinham-se tornado relativamente raros desde o momento em que os emigrantes moçambicanos se tornaram vítimas de violência e linchamentos xenófobos na vizinha África do Sul, em Maio deste ano.

Que esse efeito traumático tivesse estancado os linchamentos domésticos era, aliás, coerente com a minha sugestão de que eles constituiam, também e entre outras coisas, formas ritualizadas de reivindicação e afirmação de poder sobre a vida da comunidade, num quadro de incerteza e de sensação de abandono por parte do estado.

Se essa minha sugestão de leitura do fenómeno tem algum mérito, justifica-se perguntar que razões puseram fim à acalmia dos últimos meses.

Será que a mera passagem do tempo neutralizou o efeito traumático dos acontecimentos de Joanesburgo, permitindo de novo pôr em prática formas extremas de punição pública e de expressão política?

Será que alguma coisa fez agravar o sentimento popular de abandono e de que são irrelevantes para os mais poderosos e ricos?
E, a ser assim, será plausível que a catadupa de casos de corrupção e desvio de fundos (onde se destaca o de um ex-Ministro do Interior e vários generais durante o exercício do cargo) possa ter sido uma nova gota de água, num país onde é popularmente aceite que os dirigentes "comam mais", mas não que "comam sozinhos" e à custa da fome de quem administram?

Pedem-se e aceitam-se hipóteses e opiniões!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

PS promete questionar a Constituição


Esperava muitos argumentos curiosos na discussão das propostas de Lei que pretendem abolir a proibição de casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas ainda a coisa não começou e já as minhas expectativas humorísticas foram ultrapassadas.

Leio que o PS, com disciplina de voto como se se tratasse do Orçamento de Estado ou de uma Moção de Censura ao governo, vai votar contra, com uma declaração de voto a dizer que afinal é a favor.

Leio também que não promete para a próxima legislatura a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas "um amplo debate nacional sobre igualdade e orientação sexual".

Mensagens que passam:

1 - O PS vota contra, porque está a favor. Mas... olhem: vocês não percebem, porque isto é política.

2 - Ou o partido que nos governa não percebeu que promete sujeitar a "amplo debate nacional" o princípio constitucional que proibe a discriminação com base na orientação sexual (entre outras coisas, como "raça", género ou confissão religiosa), ou então coloca a hipótese de o fazer e consequentemente, coloca a hipótese de o abolir, caso o "amplo debate" assim determine.

3 - Quando o nosso primeiro mete os pés pelas mãos nalgum assunto, a partir daí é cada cavadela sua minhoca.
4 - Como a bancada do PS parece estar cheia de pessoas que nada têm de imbecil, devem ter, como diz o povão, uma paciência de corno. Coitados.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Nova África do Sul

Já referi por aqui que Jacob Zuma é, a vários títulos, uma figura muito pouco simpática.
A misogenia e a história da alegada violação (que, se o não foi, esteve lá muito perto) são elementos bem fortes e justificados dessa má imagem.
Referi também no tal post que, se calhar, em comparação com Mbeki os sul-africanos não ficaram a perder com a troca.

Entretanto, recebi um dia destes, num e-mail de uma amiga, esta foto que salienta bem uma visão feminina da questão.
Vinha apenas legendada "The New South Africa".

Com essa mesma legenda, aqui fica.

Curiosidades da imigração em Portugal (2)

Contrariando o estereotipo dos bairros degradados de imigrantes, há zonas "nobres" de Lisboa em que a população já deverá ser maioritariamente brasileira e ucraniana.

Não que sejam ricaços a emigrar.
Simplesmente, como os apartamentos estão bem situados, têm áreas grandes e muitas divisões, poucas famílias as podem comprar ou alugar.
Os proprietários ou inquilinos acabam por alugar os quartos um a um, por preços bons mas comportáveis, ficando com a casa cheia e fazendo um dinheirão com o conjunto das rendas.
Há mesmo quem se tenha especializado nesta prática de subaluguer, gerindo vários apartamentos.

São coisas do tal de mercado.
E, também, o surgimento de sociabilidades novas, que acabam por se espraiar para os quintais das traseiras, ao fim-de-semana.

sábado, 4 de outubro de 2008

Bye, Dennis McShade

Não tive o previlégio de conhecer Diniz Machado.
Agora, já não vou ter essa possibilidade.

Diz quem sabe que perdi muito com isso. Aliás, só essa coisa de começar a ganhar a vida a escrever policiais (que claro tinham que ter um autor bem americano, como por exemplo Vernon Sullivan) e escolher para pseudónimo Dennis McShade já diz muito acerca da personagem.

Por vezes, não há nada melhor do que as palavras dos próprios, quando queremos homenagear alguém.
Deixo-vos, por isso, as páginas mais cinematográficas da literatura portuguesa (talvez a par da chegada do protagonista à China, no Mandarim do Eça; mas, n'O Que Diz Molero, é cinema mudo, não é super-produção hollywoodesca). Descubram ou relembrem, mas deliciem-se.

«Chegou uma esquadra», disse Austin, «e aqueles a quem chamavam camones invadiram a cidade, tingindo-a com a brancura das suas fardas. Meia dúzia deles enfiou pela rua acima, passou pelos Vai ou Racha, estes cuspiram para o chão em sinal de desprezo, o Zuca foi atrás deles de braço estendido, esfregando o dedo polegar no indicador, eh, camone, money, money, um camone atirou um monte de moedas ao ar e a miudagem lutou bravamente para apanhar o dinheiro». «Essas excursões a bairros desconhecidos desvendam mundos novos», interrompeu Mister DeLuxe. «Fiz duas ou três desse género e tirei excelentes fotografias». Austin sorriu. «Bem», disse ele, «os camones continuaram a subir a rua, pararam junto do Ângelo, que estava sentado no banco de madeira a experimentar a harmónica, um deles aproximou-se e disse girls, e fez com o braço o movimento respectivo, we want girls, o Ângelo disse girl é a tua mãezinha, estás a perceber ou precisas de explicador?, sim, a tua mãezinha, o camone riu-se para os outros, um deles avançou e fez uma espécie de passe à Fred Astaire, conta quem sabe, e de repente o Ângelo já tinha guardado os óculos e a harmónica no bolso, começou a despachar os camones, enfiou um pela loja de móveis do Ventura, outro foi cair numa das cadeiras da Barbearia Hollywood, exactamente em cima do Pimentel, que estava a ser escanhoado pelo Joaquim Navalhinhas, um terceiro mergulhou no tanque de roupa da Miquelina Fortes, outro ainda foi também remetido para a loja do Ventura, encontrou o primeiro no caminho, vinha de regresso, e estatelaram-se os dois numa cama de casal, o Ângelo com os pés, com as mãos, com a cabeça, vai disto, os camones enfiavam por tudo quanto era porta, positivamente distribuídos ao domicílio, o Zuca diria mais tarde que Ricardito entre Chamas e Bandidos, a sua fita número um, ao pé daquilo não era nada. A certa altura, com os camones, estoicos, a irem e virem, os Vai ou Racha começaram a subir a rua, meteram-se no vespeiro, foi o Pé de Cabra que disse chegou a hora, o Padeirinha ouviu a frase histórica e havia de transmiti-la mais tarde, nunca se chegou a saber a que hora se referia ele, também nunca se chegou a saber se tencionavam ajudar o Ângelo que, de resto, segundo Molero, conta quem sabe, se havia alguma coisa de que ele precisasse não era com certeza de ajuda, ou ajudar os camones, ou apartá-los, simplesmente o Ângelo começou também a despachar os Vai ou Racha, o Gil Penteadinho deu duas voltas no ar e foi aterrar na carroça de couves do Hipólito, o Tonecas Arenas ficou sentado no primeiro andar do andaime de um prédio que estava a ser pintado, entornando uma lata de tinta cor-de-rosa sobre o príncipe-de-gales novo do Joca Farpelas, isto depois de passar pela banca de peixe do Zeca Trampa, espadanando carapaus e lulas por todos os lados, o sombrero, esse, voou e entrou pela janela do segundo andar da Dona Ermelinda, o Bexigas Doidas, que quase tinha sido atado pelo Ângelo a um camone, conta quem sabe que fez um nó com o braço direito de um e a perna esquerda do outro, entrou com ele sem pedir licença pelo Ás de Espadas, Lda., levaram ambos consigo o Rufino, o Aranhiço, o Roque Sacristão e o Vovô Resmungas, que estavam a jogar à sueca, saíram todos um pouco à balda pela porta do fundo, acrescentados do Douglas Fazbancos e do Chico Dominó, que estavam ali a discutir o Sporting-Benfica do domingo anterior, o Pé de Cabra foi de cabeça contra a parede e até fez eco, abriram-me a cabeça, dizia ele, abriram-me a cabeça, o que, segundo Molero, devia ser por demais evidente, o Peito Rente foi chutado com efeito para a tipografia do Celestino, deu duas voltas lá dentro fazendo parar máquinas que estavam a trabalhar e pondo a funcionar máquinas que estavam paradas, alguém tinha espetado uma faca na barriga do Lucas Pireza, talvez um camone, de certeza que foi um camone, diria mais tarde o Zuca, os camones são uns naifistas do caneco, garantia ele, o Lucas Pireza segurava os intestinos com as mãos, falava baixinho para eles, parecia rezar, os camones iam e vinham, espartanos, segundo Molero, até à medula, a certa altura, numa ressaca, levaram com eles, pelo ar, o Metro e Meio, o Ângelo tinha-os juntado todos num molhinho, enfeitou-os com o Metro e Meio, e vai disto, tudo pelo ar, rumo ao Marocas Papa-Milhas, que tinha uma motocicleta cheia de cromados e a mania das curvas rápidas, já tinha atropelado três gatos e duas pessoas, ia a fazer uma bela curva naquele momento, foi contemplado com a colecção de camones coroada pelo Metro e Meio, despistou-se, disse foda-se, foda-se, subiu o passeio, virou de pantanas o mostruário do Raul Pechisbeque, choveram colares de vidro, pulseiras, broches e anéis, o Marocas continuou em prova, descontrolado e tudo, devolveu para dentro de casa o berço que a Gertrudes tinha colocado à porta com o bebé, atravessou a rua aos ziguezagues, embateu na caixa da criação da Mafalda Capoeira e terminou a prova contra o balcão da carvoaria do Galego, lançando o pânico nos elementos do Grupo Excursionista Moscatel, que estavam a beber o seu meio litro da praxe, enquanto as pessoas assomavam alvoroçadamente às janelas, as mulheres gritavam, o bebé da Gertrudes, que era o melhor pulmão lá do bairro, berrava como nunca, o papagaio do Pimentel, que tinha caído do poleiro e dançava suspenso na correia de metal, esganiçava a sua expressão preferida, ó da guatda, ó da guarda, muitíssiomo apropriada, segundo Molero, às circunstâncias, o fox-terrir do Silva Farmacêutico filava um camone pelo fundilho das calças e fazia questão de não o largar, as galinhas da Mafalda Capoeira corriam espavoridas num cacarejar infernal e num dilúvio de penas, o burro do Hipólito zurrava, os gatos da Dona Maria Bicharoco miavam e pulavam, o Alsácia do Tó Peneiras ladrava com aquela fúria só dele, camones entravam por aqui, ex-Malhoas saíam por acolá, às vezes dava certo, parecia que o Ângelo tinha controle sobre a confusão, à distância, o Zuca diria mais tarde que, tirando algumas partes cómicas que pareciam à Charlot, aquilo tinha sido uma coisa iglantónica, o Ângelo era igualzinho a um tal Lone Ranger, só lhe faltava a mascarilha». (...)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Curiosidades da imigração em Portugal (1)

Nos bairros "problemáticos" de Lisboa, quando uma velhinha encontra na rua jovens com mau aspecto, tem tendência a seguir pelo passeio onde estão filhos de africanos.

Isto, porque sabe que eles costumam fumar haxixe, mas só muito raramente são consumidores de heroína (ao contrário dos filhos de portugueses que também tenham mau aspecto).
Como os consumidores de heroína é que, nesses bairros, assaltam qualquer pessoa, para roubar qualquer valor, é dos "brancos" que as velhinhas têm medo.

Sejam mais criativos!

...E habilitem-se a ganhar o Prémio IgNobel.
Este ano, as pesquisas vencedoras foram sobre:

Economia: efeito do ciclo ovulatório das dançarinas eróticas sobre as gorjetas que recebem

Quimica: ex-aequo, um estudo que prova o efeito espermicida da Coca-cola e outro que prova o contrário

Biologia: descoberta de que as pulgas que vivem em cães saltam mais alto do que as que vivem em gatos

Nutrição: alteração electrónica do som da batata frita, para parecer mais estaladiça

Paz: adopção do princípio legal de que as plantas têm dignidade (Suiça)

Medicina: demonstração de que os medicamentos falsificados mais caros são mais eficientes que os mais baratos

Ciência cognitiva: descoberta de que uma espécie de amiba consegue resolver puzzles

Física: demonstração matemática de que cordeis e cabelos acabam inevitavelmente por se embaraçar

Literatura: estudo acerca da indignação dentro de empresas


Tudo isto (excepto, claro, o da Paz) publicado nas mais prestigiadas e ISIzadas revistas científicas. E ando eu para aqui a perder o meu tempo a estudar perigos industriais, curandeiros e tretas dessas...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Reflexões ociosas - 3

Quem lança mão de todos os meios para tentar secar o mundo à sua volta e ficar apenas rodeado de discípulos submissos costuma ter, como se diz no Alentejo, "uma morte de grilo":
Com a cabeça enfiada num buraco e os (tais) miúdos a mijarem-lhe em cima.

Aos alunos da Fac de Letras:


O tal texto acerca da "Antropologia à Porta de Casa" que vos desperta curiosidade está disponível para download aqui.

Olhem... divirtam-se.

Ólhó Antropovistas!



Nova actualização do Antropovistas, com fotos de Arcueil, Algarve e S. Paulo.

Obrigado, Samya e Júlia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Que raio se passa em Wall Street?

Para quem perceba inglês, aqui fica aquilo a que poderíamos chamar "Economy for dummies".
Ou nem por isso.

(cortesia Arrastão)

Dilemas


Tenho dois livros para acabar (do mal o menos, pode esperar um pouco), três artigos prometidos há que tempos, mais um que me fizeram prometer esta semana (todos sobre temas diferentes e para ontem), uma hipoteca para renegociar, uma filha e uma mulher a quem tenho dedicado muito menos tempo do que estamos habituados, uma aula depois de amanhã, um raio de uma constipação que não passa (o que pode ter a ver com o recente hábito "africanista" de me pôr de calções e descalço mal chego a casa) e uma colega algo maternal que me aconselha a passar um par de dias na cama, rodeado de cházinhos e boa literatura.

Alguém tem sugestões?

Uma bejeca de prémio

Acabo de, finalmente, conseguir inserir on-line o relatório final de um projecto de pesquisa.

Acho que mereço sentar-me na varanda a beber uma cervejinha - e depois ir para a cama, que amanhã há mais.

Espero que o mundo não tenha pegado fogo entretanto, pois não tenho tido tempo para olhar.

Quem disse que essa coisa do trabalho alienado é só para os operários?