quinta-feira, 30 de abril de 2009

'Tou lá no sábado


Enquanto espero a saída iminente do Um Amor Colonial, o «Trabalhamos Sobre um Barril de Pólvora» - homens e perigo na refinaria de Sines vai ser livro do dia no próximo sábado.

Vou, por isso, estar no stand da Imprensa de Ciências Sociais na Feira do Livro, das 17 às 19 horas, à disposição das multidões sedentas de autógrafos.

Como não sou Prémio Nobel, nem figura televisiva, nem ex-namorada do Pinto da Costa, devem ser umas duas horas um bocado solitárias...
Quem quiser aproveitar para vir dar dois dedos de conversa é, também por isso, muito bem vind@.

Favelas, drogas e violência

O meu pessoal de Antropologia Política apresentou ontem um seminário sobre a vida e violência nas favelas (o tal lugar de morada de 1/4 dos brasileiros, o equivalente a 5 vezes e meia a população portuguesa...).

Na interessantíssima discussão que se seguiu, argumentou-se acerca da ideia peregrina mas bem real de cercar as favelas do Rio de Janeiro com muros tipo Gaza, sobre a criminalização implícita de todas essas multidões que vivem entaladas entre as espadas de letal violência da polícia e dos traficantes, e sobre controle de criminalidade.


Saindo da faculdade, havia uma pergunta que (como em muitas alturas anteriores) não me saía da cabeça:

Se é evidente que, por todo o mundo actual, uma enorme parte da criminalidade violenta decorre da circulação proibida de drogas e se o narcotráfego tira os seus enormes lucros dessa proibição, por que raio é que não se equaciona com seriedade "partir-lhe a espinha", tornando as drogas acessíveis em estabelecimentos públicos, ao preço de um macito de tabaco?


Será por os semi-analfabetos chefes de gangs locais não serem, obviamente, os organizadores e principais beneficiários do tráfego, incluindo nos países de consumo?

domingo, 26 de abril de 2009

Também lá estive...


... e com uma reivindicação maningue pós-moderna.

Aquele abraço, Filipe!

sábado, 25 de abril de 2009

Pois, cá p'ra mim, é um dia de festa

Há uma coisa que há muito me fascina nas opiniões tornadas públicas pelo meu colega Vasco Pulido Valente:

Embora tragam sempre consigo uma preocupação de originalidade e de refinada reflexão intelectual, é com frequência que as ouço reproduzidas por taxistas de direita, acompanhadas daquela frase desejada por qualquer opinador - «é mesmo isso que eu penso».

Talvez para homenagear esse seu público fiel, VPV inverteu o processo, na sua crónica de hoje no Público.
Citou ele os discursos dos taxistas acerca do 25 de Abril, num tom de «é mesmo isso que eu penso».
Não obstante, numa altura ou outra enganou-se na transcrição. Escreveu «os militares» em alturas em que eles dizem «os comunas».

O homem que devia ser feito General




quinta-feira, 23 de abril de 2009

África do Sul às urnas - actualização

Com metade dos votos contados, o ANC alcançou os 2/3 que lhe permitem alterar a Constituição como quiser - a única questão que, afinal, continua a estar em jogo nestas eleições.

Uma maioria do ANC acima dos 2/3 era, contudo, a situação anterior.
Mas a coisa ganha importância devido à imprevisibilidade e peculiaridades de Jacob Zuma e à postura trauliteira que vem vindo a ser assumida pela organização juvenil do partido.

No entanto, o ANC tem ainda uma enorme força na sua bem real e muito profunda democracia interna. A mesma que fez apear Mbeki, quando quiz (precisamente) fazer alterar a Constituição, para poder cumprir mais mandatos como Presidente da República.

Esperemos para ver.

(O primeiro post desta série está aqui)

Uns abanões a tempo

Está a ficar cada vez mais obscena (nas suas delirantes argumentações pseudo-legais e no generalizado envolvimento da administração Bush) a história da autorização norte-americana ao uso daquilo a que o bota-de-elástico que será homenageado dia 25 de Abril em Santa Comba Dão chamou «uns abanões a tempo».

Agora, a tortura do sono e a "estátua", tão bem conhecidas de muitos resistentes anti-fascistas portugueses, passaram de «abanões» a «técnicas de interrogatório avançadas», a par da repetida simulação de afogamento.

Não tão avançadas assim, senhores do Pentágono e de alvas casas. Afinal, já a polícia política fascista de um país atrasado as utilizava há muitas décadas atrás...
Não tinha era o despudor de negar que fossem tortura.

A sua utilização por parte de um país democrático moderno é um inaceitável retrocesso civilizacional.
Mas a sua justificação com minudências sofísticas que procuram negar que sejam o que são (e, com isso, tornar letra morta a proibição da tortura) é um retrocesso ainda mais obsceno.

África do Sul às urnas

A África do Sul não é Angola, pelo que vai andando rapidamente a contagem de votos de umas eleições particularmente concorridas - votaram cerca de 80% dos recenseados.

Quando estavam apurados 25% dos votos, o ANC ia um pouco abaixo dos 2/3 que permitem alterações na Constituição - coisa que eu, já avesso a maiorias absolutas no país onde voto, devido à arrogância e unilateralismo que estimulam, considero uma situação desejável.

O COPE, novo partido formado por dissidentes Mbekianos do ANC, terá contribuído para essa baixa desde os anteriores 70%, mas está a ficar muito aquém das expectativas dos seus dirigentes - menos de 8% dos votos.
Mas, afinal, quando uma longa liderança reduz o black empowerment ao enriquecimento de meia dúzia de pessoas de pele escura, esquecendo todas as outras, fica difícil arranjar muita gente interessada em votar nela.

Nova do Azagaia

Entretanto, saiu outro clip do polémico rapper moçambicano Azagaia.
Doi bastante.
Mas já ouvi isto muitas vezes, por outras palavras, no caniço de Maputo.



quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da Terra

Foi hoje Dia da Terra e foram-se vendo umas coisas engraçadas.

As que apareceram em sites de jornais deixaram já, quase todas, de estar acessíveis. A "actualidade", mesmo quando pouco relevante, (re)tomou-lhes o lugar - e ainda nem sequer o dia acabou.
Vê-se, afinal, a importância que é realmente dada às questões ambientais/energéticas a que tão importantes palavras foram sendo dirigidas ao início do dia. Valem, parece, pela "actualidade" e pela celebração, assim tipo uma oferta de flor no Dia da Mulher.

Está ainda acessível este dossier, com vários dados interessantes.
E a vossa vontade, ou não, de aproveitarem as coisas que foram ouvindo e vendo ao longo do dia para fazerem, quanto mais não seja, um pequeno bater de asas de borboleta.

Pela minha parte, decidi aproveitar o futuro reembolso de IRS cobrado em excesso para arranjar uma bicicleta com motor eléctrico.
Para além do mais, cheira-me que vou acabar por poupar umas boas massas.

domingo, 19 de abril de 2009

A caminho da humanidade

No seguimento de tomadas de posição humanas e que me parecem ética e moralmente inatacáveis por parte de alguns dos seus confrades, o Cardeal Patriarca de Lisboa veio falar do preservativo em tempos de SIDA.

Diz que partilha a opinião do Papa, porque especialistas lhe disseram que o preservativo é um meio falível de prevenção.
E de facto é, em termos absolutos, tanto por ser largamente desvalorizado no sexo oral, como pelo seu uso inconsistente por parte das pessoas, em virtude das noções locais e culturais acerca do que é "sexo seguro" que são bastante diferentes dos pressupostos epidemiológicos (vejam aqui, a este respeito, o artigo de Emídeo Gune).

Mas, também de facto, daí não decorre nem a irrelevância da "camisinha", nem que o Cardeal partilhe, como diz, as opiniões do Papa - ou, mais precisamente, que o Papa partilhe as opiniões agora expressas pelo Cardeal.

As actuais limitações do uso do preservativo como instrumento exclusivo de prevenção implicam (sendo ele o instrumento mais eficaz) o repensar das formas de intervenção e comunicação, em vez do descanso sobre estatísticas que podem dizer coisas bem diferentes daquelas que os epidemiologistas pressupõem. Não implicam o seu abandono, como se fosse irrelevante.

E o que o Papa disse e pensa (pelo menos a julgar pelo que diz e pela doutrina acerca do assunto que veio criando desde que o Papa era outro e ele era o inquisidor-mor) também não é o que o Cardeal agora diz: que sendo o preservativo falível, tem que ser complementado por outras formas de prevenção.
O Papa está contra o uso do preservativo e contra o estímulo a esse uso. Ponto final. O resto são justificações.

A não ser que esteja a mentir, o que não parece de todo provável, não é esse o caso do Cardeal Patriarca de Lisboa.
Com toda a solidariedade institucional para com o chefe que está expressa nas suas declarações, o que diz é radicalmente diferente da doutrina do chefe.

O que o Cardeal declara é uma posição que está a caminho da humanidade (enquanto sentimento e postura moral). O que o Papa reclama baseia-se numa posição desumana.

Com todos os paninhos quentes, o Cardeal fala como quem dá importância a Cristo e ao Deus do novo testamento. O Papa, como quem segue o Deus do antigo testamento e S. Paulo.

E, desculpem-me os cristãos, entre uma coisa e outra há um mundo de diferença.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Entrolhos económicos


Pela primeira vez em muitas décadas, o custo de vida está hoje menos caro do que um ano antes, pelo menos de acordo com a forma como é oficialmente calculado.
Os juros, entretanto, estão francamente mais baixos - o que, isso sim, facilita muito a vida de quem andou mais de um ano a ter pesadelos bem plausíveis, em que os membros da família se encostavam uns aos outros debaixo de uma ponte, para se aquecerem.

A situação é curiosa porque, de acordo com a ortodoxia dos economistas (que, por exemplo, manteve os juros altíssimos na Europa, quase criando autonomamente uma crise semelhante à que importámos de Wall Street, e agravando durante meses o impacto desta última), inflação e taxas de juros têm supostamente uma relação inversamente proporcional. Ou, trocado por miúdos, quando uma baixa, sobe a outra.

Isto passa-se, claro, no mundo abstracto e nunca vivido das "leis de mercado", onde a Srª Oferta e Srª Procura são totalmente livres e racionais, tecendo ao sabor dos seus namoros e arrufos a tal de mão invisível.
Mas, se nenhuma das senhoras tem muito de racional (vejam este video e pensem no preço que pagaram, nos últimos tempos, por uma série de porcarias que compraram), tão pouco a D. Procura é muito mais livre do que um escravo recém-liberto que não tenha onde cair morto.
Se têm dúvidas, tentem lá discutir spreads com o "vosso" banco, ou forçar a compra de coisas de que realmente precisem pelo preço que consideram justo e correcto.

É por isso que se torna muito instrutivo ver que preços desceram e quais subiram.
Entre os que descem temos, claro, os combustíveis - hiperinflaccionados devido à mera especulação petrolífera e à esperteza saloia de aproveitar essa desculpa para manter os preços altos muito para além do prazo razoável. Temos também duas actividades onde os gastos de combustível são fulcrais: a pesca e os transportes aéreos.
Para além destes, temos produtos e serviços com margens de lucro e preços obscenamente altos nos últimos tempos - ou desde sempre.
O que sobe? Quase tudo o que, essencial ou não, não dá escolha - incluindo o ensino e (apesar da descida de combustíveis) os transportes terrestres, efectivamente essenciais para as pessoas.

Por outras palavras, desce fundamentalmente o que estava obscenamente caro, poderia ser objecto de alguma poupança da D. Procura e continua a assegurar rechunchudas margens de lucro à D. Oferta.
Sobe basicamente o resto, acima da inflação esperada e, em muitos casos, sem dar hipótese de escolha à D. Procura...

Um outro aspecto curioso, olhado a partir da ortodoxia económica e reproduzido pelo jornal, é que esta coisa da inflação não crescer é, afinal, um perigo para nós. Levanta o espectro da deflação.

A coisa até é explicada num boneco, de forma muito correcta e ilustrativa, de acordo com a tal ortodoxia.
Há é um problemazinho na explicação (destinada, afinal, a elucidar-nos que esta coisa de pagar menos é má para quem paga).
O ponto 2 do boneco diz «a descida dos preços e a expectativa de que vão continuar a descer tornam a poupança mais atractiva e a dívida cada vez mais cara» e o ponto 3 diz «preocupados com as expectativas para o futuro e com o crédito muito caro, as empresas adiam o investimento e os particulares o consumo».

Ó santinhos! Então vocês não repararam que os juros estão baixos, que provavelmente terão que baixar mais, e que isso não é para permitir à D. Procura continuar a ter um telhado onde se abrigar mas, precisamente, para ajudar a D. Oferta nesta curva difícil?

Já não digo que, perante uma situação anómala que põe em causa os pressupostos liberais, vocelências os questionem.
Mas, pelo menos, não debitem a conversa do costume, quando ela se torna ridícula por contrária aos dados reais.

E, senhores jornalistas, detentores da nobre missão de informar, pensem!
Ninguém vos exige que sejam economistas, antropólogos, físicos, historiadores e mais todas as outras coisas especializadas que para aí há.
Mas pensem!
Reparem quando vos enfiam o barrete. E não reproduzam a barretada.

domingo, 12 de abril de 2009

Lançamento 2ª feira


É lançado 2ª feira às 18h 30m, na Livraria Bulhosa de Entrecampos, o livro Migração, Saúde e Diversidade Cultural.
Organizado por Elsa Lechner, tem por lá este meu artigo.

Sejam bem-vindos.

sábado, 11 de abril de 2009

Este senhor nasceu há 80 anos e 3 dias





Obrigado por nos lembrar, Lusofolia.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Tendências da moda oficial: revivalismo pré-1974

As funcionárias da Loja do Cidadão de Faro estão proibidas de usar em serviço saias curtas, blusas decotadas, lingerie escura e saltos altos. E, já agora, também gangas e ténis.

A D. Pulquéria Lúcio, da direcção da Agência de Modernização Administrativa, justifica a medida dizendo que isso «tornará o contacto com cidadãos mais agradável».

Não sei porquê, mas não me surpreende o nome da senhora.

(vejam também aqui)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Saudável convívio familiar

Para ver antes ou depois de se ler isto, isto e isto.
(descoberto via Arrastão)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Alarmistas e papões

O aspecto mais terrível do trágico sismo ocorrido em Itália é algo que poderá acontecer em qualquer outro país, desde que esse país disponha dos meios técnicos necessários e de pessoas que saibam interpretar os seus dados:

Havia fortes indicações de que um grande sismo iria acontecer, mas as autoridades mandaram calar o cientista que deu o alarme, por estar a ser (precisamente) alarmista e a causar o pânico entre a população.

O "filme" é de facto tão comum que até já deu origem a um género cinematográfico hollywoodesco, que mete desde tubarões de 10 metros até vulcões e centrais nucleares.
Ou seja, é popularmente credível e esperado (bem mais que um tubarão com o tamanho do velho Jaws) que existam coca-bichinhos com capacidade para detectar grandes perigos iminentes, sejam eles animais, naturais ou tecnológicos, e que as autoridades que deveriam zelar pelo bem de todos os mandem calar, transformando a ameaça em catástrofe devido à falta de informação e preparação.

É comum, nesses filmes, a reacção oficial vir a reboque de interesses económicos mesquinhos ou imediatistas.
Mas não é forçoso que assim seja, nem nos guiões cinematográficos nem na realidade.
A habitual preocupação que o possível pânico público costuma suscitar às instâncias de poder basta para motivar essa reacção de negação e silenciamento.
Porque quem diz 'pânico' diz 'caos', diz incontrolabilidade das massas humanas que se é suposto ter sob controlo.

Talvez esteja aí a chave para compreender um paradoxo dos tempos actuais:

Um pouco por todo o mundo, as autoridades e os interesses económicos escudam-se na incerteza que rodeia a (im)previsibilidade das ameaças naturais e técnicas para, a bem da serenidade pública, desacreditarem ou silenciarem chamadas de atenção para elas; ao mesmo tempo, instigam o pânico em relação a outras ameaças, também elas imprevisíveis, mas mais directamente humanas.

O problema não começou, sequer, com o despertar dos USA para o terrorismo como algo que lhes pode bater à porta.

Já bem antes disso, a leitura da realidade que estava na moda era a tal de "civilização do risco", assustando-nos com um mundo mais inseguro e perigoso do que nunca, mas alegrando-nos por haver quem tenha os instrumentos racionais e técnicos para domar tanta ameaça.

Curiosamente, pouca gente ouvi questionar porque deveríamos nós sentir que vivemos no mais arriscado dos mundos, tendo em conta que (apesar da polulação de novos riscos tecnológicos ou tecnologicamente induzidos) vivemos bastante mais tempo, com muito maior capacidade de responder a doenças e muito menos hipóteses de morrermos à fome, ou de sermos vítimas de violência indiscriminada ou acidentes letais, do que os nossos bisavós ou os nossos contemporâneos de outras paragens.

Talvez esse quase inexistente questionamento tenha a ver com a importância que para nós assume a crença de que podemos dominar o mundo.
Talvez seja por esse susto com os riscos ser politicamente valioso, já que reforça a nossa dependência dos especialistas e dos governantes, e os reforça a eles através da chancela de cientificidade que passa a estar colada às suas protectoras acções e decisões. Talvez...

Mas, num quadro como este, o especialista é bem-vindo se traz a ordem à (bem real) incerteza e ao caos - que, se não é bem real, se afirma como a realidade que existiria caso não existissem também, por um lado, o especialista com meios técnicos para dizer como controlá-lo e, por outro, o reconfortante governante que dá o braço ao especialista para nos proteger.

Se pelo contrário (e com base na sua expertise) o tal de especialista decide ser mensageiro da desgraça iminente, não traz ao poder nem controlo nem legitimidade.
Traz a desagradável evidência da falta de controlo técnico e político sobre a incerteza, a par da ameaça de falta de controlo sobre a população.
Tenha ou não razão (coisa que a incerteza do que está em causa só deixará saber a posteriori) é um alarmista. É alguém que joga com as mesmas regras, mas que só traz, no imediato, desvantagens para os principais jogadores, à luz do seu objectivo de jogo.
É claro que poderia contribuir para reforçar a posição deles (e, já agora, para salvar muitas vidas e bens), ao permitir-lhes demonstrarem uma grande capacidade de gestão da desgraça incerta. Mas ver isso, a partir de uma posição de poder, pode implicar para muitos uma racionalidade e capacidade de análise que seriam sobrehumanas.

Temos, por outro lado, os papões.

E esse mais recente enfatizar das ameaças humanas corporizadas no terrorista estranho (mas que pode estar no meio de nós) é, temo bem, um jogo com objectivos bem mais prosaicos e conciencializados.
É, afinal, espalhar o medo de uma ameaça invisível e de que só poderemos ser protegidos a partir de um controlo centralizado mas geral para, num muito clássico processo de hegemonia, aceitarmos ser controlados muito para além do que aceitaríamos, a bem da nossa segurança.
E pelos vistos resulta.

Talvez, então, o tal paradoxo não seja assim tão paradoxal.
Talvez a instigação do medo tenha, afinal, uma mesma razão última e um mesmo limite: o reforço e legitimação do poder; e o monopólio de estimular e controlar o medo - que não pode transformar-se, pelo contrário, num instrumento de perda de controlo sobre os outros.

*****

Entretanto, Silvio Berlusconi pede aos sobreviventes que encarem a situação como «um fim-de-semana no parque de campismo».

Qual Alberto João, qual quê... Este gajo não existe!

domingo, 5 de abril de 2009

Um debate em curso

A propósito do lançamento do míssil norte-coreano em dia de cimeira da Nato (e lembrando a avançada georgiana para a Ossétia em dia de Jogos Olímpicos), propuz um debate por aqui.

Querem juntar-se a ele?

Cégada comercialeira

Para que acontecesse a uma hora que desse maiores audiências televisivas na Europa, o G.P. da Malásia foi alterado para o fim da tarde local.
Sabia-se (e foi dito e comentado nas últimas semanas) que, por lá e nesta altura do ano, anoitece muito cedo e é raro não chover a potes nos fins de tarde.

A direcção comercial da Fórmula 1 (o inefável Bernie Eclestone) decidiu apostar contra todas as probabilidades.
E a corrida teve que ser interrompida, sob um enorme dilúvio.

Os telespectadores europeus e os canais de televisão que pagaram a transmissão a peso de ouro devem estar muito satisfeitos. Ou não?
E quem gosta realmente deste desporto?

Parece estar provado que os velhotes gananciosos que gerem esta coisa já ultrapassaram o prazo de validade. E não aprenderam muito, nos últimos meses.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Notícias do dia 1

A União Europeia apresenta ao G20 uma estratégia concertada de superação da crise financeira e ambiental, que já recebeu o acordo de princípio dos restantes participantes.
Algumas das medidas ventiladas terão a ver com a forte taxação das mais-valias obtidas em transações bolsistas e seu canalizamento para segurança social e sistemas redistributivos, a par de estratégias de forte investimento na pesquisa, produção e aplicação de substitutos de maquinaria e transportes emissores de carbono.


À margem do encontro, Obama e Hu Jintao comprometem-se a abolir «rápida e definitivamente a pena de morte», nos países respectivos.

José Sócrates exige uma «investigação célere, completa, transparente e com imediato acesso a todos os dados que os investigadores considerem necessários» acerca do caso Freeport.
«Seria inconcebível, em termos éticos e para a saúde do regime democrático, que um primeiro-ministro tentasse ignorar tão grave suspeição, ou algo fizesse para obstacularizar o seu esclarecimento», declarou durante as jornadas Parlamentares do PS.

O Papa esclarece os reais fundamentos da sua oposição ao uso do preservativo pelas outras pessoas: «É necessário todo o latex disponível, para construirmos um objecto concebido sob inspiração divina, destinado a proteger a humanidade das posições teológicas que tenho vindo a produzir nas últimas décadas».

1 de Abril de 2009