imagem "roubada" do blog de Carlos Serra
Fechado em casa a tentar acabar um artigo que já devia ter entregue, só pelo blog de Carlos Serra fiquei a saber de uma nova frase que corre em Maputo, acerca do motim/revolta/tumulto (conforme a perspectiva) de 5 de Fevereiro: «O povo saiu da garrafa!»
Numa pesquisa acerca da Lei da Família, tive oportunidade de estudar um pouco como «meter um homem na garrafa», a origem desta nova expressão. A razão para o fazer era que, assim, podia contornar o discurso politicamente correcto acerca do "género" (que toda a gente conhece por aqui) e chegar àquilo que as pessoas consideravam inaceitável no comportamento masculino.
Isto porque, quando um marido tem um comportamento considerado pouco próprio de um homem (entregar o salário todo em casa, não se meter em borgas ou com outras mulheres, deixar a mulher tomar as decisões, ajudar em casa, etc.), a sua família e vizinhos começam a especular que ele foi «metido na garrafa». Quer dizer, ele foi vítima de um feitiço para o submeter amorfamente à esposa, que foi misturado na comida ou enterrado na latrina dentro de uma garrafa - daí vindo o nome popular do feitiço e da suposta situação do homem.
In short, quem «está na garrafa» é considerado "pouco homem" e amorfamente submisso a quem não deveria ser, em resultado de uma acção ilícita de quem o domina.
Só ao «sair da garrafa», por decisão sua e através de um contra-feitiço, voltará a poder ser um homem digno e completo.
Parece-me que a metáfora expressa nesta nova frase que por aí corre é suficientemente clara e eloquente.
Dispensa mais comentários acerca da forma como a população interpretou e valorizou o 5 de Fevereiro, o seu antes e o seu depois.
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