Proponho neste artigo, a publicar no livro colectivo Portugal Contemporâneo. Olhares Sobre a Sociedade Portuguesa (Lisboa, ICS, 2008) que «independentemente das representações públicas acerca dessas actividades e da natureza que os seus praticantes lhes pretendam atribuir, tanto a gestão probabilística de riscos quanto a adivinhação “mágica” se regem por uma lógica de caos determinístico. Dessa lógica comum, associada à complexidade dinâmica das realidades sobre as quais as suas análises incidem, resulta uma também comum incapacidade de controlar a incerteza de forma prospectiva, transformando a prevenção de acontecimentos indesejáveis (seja ela técnica, comportamental ou ritual) num paliativo parcial – útil, mas insuficiente para os evitar.
Dessa forma, mesmo quando sejam exactas nos diagnósticos e cenários que produzam, as conclusões de um adivinho ou de um analista de risco deverão ser encaradas, por quem as considere fidedignas, como apenas parte das dinâmicas futuras possíveis e não como um controlo seguro da incerteza; optar e agir apenas de acordo com os seus ditames, esperando com isso assegurar o resultado desejado, é em última instância irracional.»
Leia «Tecnologia Industrial e Curandeiros: partilhando pseudo-determinismos»
sábado, 1 de março de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Abri uma postagem para este trabalho.
Muito obrigado. Já se notam consequências disso, aqui no "bufo" Feedjit.
Entretanto, como reparou, é uma proposta teórica "in progress" (com avós na refinaria de Sines, pais na Mozal, nos lobolos e nos quintais dos vaNyanga, e um "clic" essencial durante uma comunicação do etnomatemático Ron Eglash em Leiden), mas muito caminho para andar.
Anseio, por isso, por ouvir os seus comentários críticos, quando tiver oportunidade - embora, infelizmente, isso já não possa ser feito no espaço acolhedor do Sr. Pereira. É com a crítica que avançamos, não é?
Enviar um comentário