A AMA
Na mesa ao lado, estava um casal com dois filhos pequenos, a cargo de uma jovem ama.
Devem tê-la mandado fazer qualquer coisa, pois ia em direcção aos empregados.
- Ó estúpida! - gritou o homem.Instantaneamente, a rapariga virou-se. Já dá pelo nome.
8 comentários:
Tal como milhares de compatritas sou fã incondicional do Gato Fedorento. Esta citação de café dava um excelente "sketch" para este grupo de humoristas. Já estou a imaginar o Ricardo Araújo Pereira a dizer (entre as diversas interjeições que só ele sabe fazer), "Ó estupida! Olha, olha, ela já dá pelo nome"!!!
Em relação ao elemento masculino do do casal, também merece um singelo comentário: QUE GRANDE BESTA!
Agora imagine a nossa cara ao ouvir e ver isto...
Que sensíveis! parece que não faziam isso quando eram vocês a mandar.
Pois é, João...
Respondi-lhe como se estivéssemos os dois em Portugal ou aqui, mas este anónimo lembrou-me que tenho que fazer algum enquadramento antropológico:
1 - como o anónimo logo viu, o homem deste episódio não era europeu pois, mesmo que um europeu fosse suficientemente "uma besta" para o querer fazer, não se atreveria a fazê-lo em público.
2 - nessa remota possibilidade, um europeu é que seria uma "grande besta" e um "inaceitável racista". Um autóctone é um "homem de sucesso" a exercer a sua "legítima autoridade" sobre "serventuários".
Vou ser muito honesto e pragmático neste meu comentário...
A minha consciência cívica e humanista colide com qualquer estigmatização/agressão física ou psíquica de um ser humano sobre outro.
Para mim é indiferente que o agressor seja branco, preto, amarelo, verde, às riscas ou às bolinhas. Quando alguém agride gratuitamente o seu semelhante isso é tão condenável, quer seja europeu, quer seja africano, ou ainda de outro continente qualquer.
Já agora coloco ao anónimo a seguinte questão: eu que nunca estive em África, sempre fui contra a colonização portuguesa (ou outra qualquer), durante quanto mais tempo terei de suportar o fardo dos erros dos meus antepassados (com os quais eu nem sequer me identifico)?
Sinceramente não me apetece fazer o papel do anterior Papa e andar a pedir desculpas constantes pelos erros cometidos nos séculos anteriores!
Nem tem nada que o fazer, João!
Aquele tipo de desonestidade (para evitar nomes mais feios, mesmo que bem merecidos) é muito comum entre as novas classes médias que se querem ascendentes - embora, honra seja feita, com a suficiente consciência do que é dito para que o façam a coberto de anonimato.
Como se diz por aqui (porque também não falta gente inteligente, intelectualmente honesta e bem educada), "Fazer o quê? Não tem maneira!"
E não apagar os comentários - porque, para além da liberdade de expressão, são elucidativos.
Eh pá, cheguei agora, e bastante atrasado, através dos (+ comentados) 15.
Grande bisbilhoteiro.
Mas ainda bem.
1 - Quanto ao Sr. anónimo dos "sensíveis" - aconselho-o, vivamente a ler a história de Moçambique - invasão de Moçambique por Sochangana (Manicusse), e depois durante os períodos de Muzila e Gungunhana.
Depois venha-me falar de "sensibilidade", OK?
Mas permita-me que adivinhe – O Sr. deve ser descendente dos guerreiros do Reino de Gaza.
Em Moçambique ainda há esse tique do Reino de Gaza, não é?
2 - Quanto ao meu estimado compatriota, e com o devido respeito, colonização é uma coisa muito diferente de colonialismo.
Erros?
Erro foi não se ter caminhado no tempo certo da história, e esse tempo foi quando o Dr. Salazar, não soube ouvir ou receber os líderes emergentes das possessões portuguesas em África, para ser neutro.
Nessa altura sim, houve erros crassos. E a história demonstrou-o.
Quanto ao resto, supondo que se refere à gesta histórica dos Portugueses, nada há que nos envergonhe.
Era o contexto histórico em tempo diferente, que não pode ser julgado pelos parâmetros de 2008.
E, se não fosse essa gesta heróica, não estaríamos hoje, aqui, simplesmente porque não haveria motivos.
A herança de Portugal no mundo, ou se assume, ou não.
Desculpe-me esta frontalidade, embora compreenda que são erros muito comuns em muitos "metropolitanos".
Nota: Há Portugueses, que conhecendo o terreno já pós-indepedência, já reciclaram os tais lugares comuns que ainda enformam o pensamento de muitos dos meus compatriotas.
"Bisbilhoteiro", não; "antropólogo".
(Ou seja, um bisbilhoteiro encartado, com uma boa desculpa para o ser.)
É... os estereotipos da história são coisas complicadas de gerir por aqui, pelo menos se se referirem ao período anterior à independência.
Mas, de vez em quando, as pessoas até conseguem que as deixem ser, apenas, pessoas.
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