sexta-feira, 20 de março de 2009

De como o silêncio diz muito

Soube hoje que o PS e o PSD romperam negociações acerca do futuro Provedor de Justiça.
E também que o cargo do anterior acabou há já 8 meses, sem que ninguém pareça ter dado conta disso.
E ainda (o que será menos irrelevante, já que não se trata de ignorância ou desinteresse por minudências, mas do esquecimento de uma coisa que sabia há alguns anos atrás) que quem ocupa esta função teóricamente essencial à cidadania é Nascimento Rodrigues. O senhor da foto.

Da política (embora em segunda linha) devem lembrar-se dele.
Até talvez se lembrem - como eu - que, nalguma vaga altura, ele foi designado Provedor de Justiça. Agora que isso vos (nos) foi lembrado.
Certamente não se lembram dele no exercício do cargo - que, por nada ter de vinculativo, depende totalmente da sua visibilidade pública.
E provavelmente lembrar-se-ão dos seus antecessores, mesmo que num caso ou outro.

O que coloca sob os holofotes uma questão bem mais importante do que saber quem é o senhor que se segue.
Acontecendo tudo o que acabei de deixar escrito, parece que a instituição Provedor de Justiça entrou em coma profundo sem que a gente se tenha sequer dado conta.

É uma figura socialmente irrelevante, apesar da sua ausência de poder de decisão? Muito longe disso!
Então, algo de errado existe, não apenas no exercício (?!) do cargo pelo seu actual ocupante, mas também na nossa relação com ele e com a nossa exigência de justiça e de cidadania.
Afinal, não só deixámos um senhor que ocupou uma instituição importantíssima matá-la de letargia, como lhe demos razão, ao nem sequer darmos por isso.

Às vezes, parece realmente que cada povo tem o governo (e as instâncias de poder não governativo) que merece.
Mas repetir essa frase brilhante, ficando muito satisfeitos com a sua sagacidade (que não é nossa) e perversidade, não é mais, afinal, do que uma segunda demissão.

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