Depois de ser empurrado a isso por toda a gente neste país que sabe da sua existência (e de ter estoicamente tentado fazer de conta que não via), Dias Loureiro finalmente renunciou ao seu cargo de Conselheiro de Estado.
Diz ele que o fez para contrariar a ideia de que o Conselho de Estado o estava a proteger.
Bem... independentemente do crédito público das suas palavras, que diminui de cada vez que abre a boca, seria talvez bom explicarem-lhe que, cá por fora, ninguém acha que o Conselho de Estado o estivesse a proteger.
Parece, pelo contrário, que todos os seus membros o queriam ver de lá para fora, fosse por razões éticas, políticas, ou para evitar que a sua lepra se lhes pegasse.
O que toda a gente acha que o estava desesperadamente a proteger não era o Conselho, mas o seu cargo de Conselheiro...
Mas é uma pena.
Assim, há uma relevante fatia da "sociedade civil" que deixa de estar representada no Conselho de Estado: a dos craques dos negócios no mínimo escuros, facilitados por relações políticas dúbias, que foram promovidos por Cavaco Silva (quando primeiro-ministro) a decisores dos destinos do país. Por, claro, serem geniais tecnocratas empreendedores e pragmáticos, sem essa mancha ética de serem políticos...
Mas, sabe-se lá, pode ser que venha a ser substituído por um irmão siamês, ou por um primo de outra cor política, que mantenha a representação da espécie, no seu todo.
Entrementes, os patuscos da Sociedade Lusa de Negócios reclamam (em contrapartida desta ansiada renúncia?) uma indemnização pela privatização do BPN, onde o estado já enfiou mais dinheiro, para tapar as suas ilegalidades e incompetências, do que o valor do banco...
Será que não perceberam que, nos tempos mais próximos, nem acerca do BPN nem acerca do Freeport convém aos envolvidos fazerem ondas?
Que, de vez em quando, convém aos que se acham usufrutuários de impunidade por direito natural (ou divino) evitarem esfregar isso na cara dos outros?
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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