sábado, 31 de outubro de 2009

Moçambique: primeiros resultados definitivos


Os resultados das eleições moçambicanas apurados até hoje (disponíveis aqui, e apresentados no mapa acima, que pode aumentar clicando na imagem) correspondem a 69% das mesas para as legislativas e a 72% das presidenciais.
Integram já 3 círculos eleitorais com dados definitivos.

Se o método de proporcionalidade utilizado é, conforme julgo, semelhante ao português, estão eleitos os seguintes deputados:

Maputo cidade - Frelimo 14; MDM 3; Renamo 1

Sofala - Frelimo 11; MDM 5; Renamo 4

Maputo província (onde a CNE não deixou o MDM concorrer) - Frelimo 15; Renamo 1
Tendo como indicador os resultados das presidenciais, se o MDM tivesse concorrido neste círculo elegeria 1 deputado, em vez da Renamo.

Se os resultados finais em Inhambane e Niassa não foram muito diferentes dos actuais, o MDM não elegerá mais deputados.

Nota de leitura do mapa: em cada círculo eleitoral, as colunas a vermelho correspondem a Guebuza (a cheio) e à Frelimo; as colunas a azul correspondem a Simango (a cheio) e ao MDM, onde este concorreu; as colunas a amarelo correspondem a Dhlakama (a cheio) e à Renamo.

9 comentários:

Leo disse...

Segundo a Rádio Moçambique:

Eleições 2009: Frelimo e Guebuza continuam a liderar com vantagem 31/10/2009
O processo de apuramento parcial dos resultados das quartas eleições gerais e multipartidárias e primeiras das assembleias provinciais não trouxe alterações de vulto no que se refere ao posicionamento dos candidatos e partidos políticos.

Com efeito, a Frelimo, nas legislativas, e Armando Guebuza, nas presidenciais, continuam a liderar a contagem em todo o país e com larga vantagem em relação a outros concorrentes.

Processadas que foram 4593 mesas dum total de 12 595, o candidato presidencial dos “camaradas”, Armando Guebuza, somava 1 239 055 votos (77 por cento), Daviz Simango 188 613 (12 por cento) e Afonso Dhlakama com 180 820 votos (11 por cento).

Dados parciais divulgados pela CNE, referindo-se ao maior círculo eleitoral, Nampula, dão conta que Armando Guebuza continua o candidato mais votado nas presentes eleições com 107 097 votos (72 por cento), seguido de Afonso Dhlakama com 32 256 (22 por cento) e Daviz Simango com seis porcento da tendência de voto, correspondente a 8460 votos. Nas legislativas, a Frelimo assume a liderança com 103 551 votos e a Renamo com 31 613, quando estavam resumidos os dados de 514 de 1642 mesas.

Na Zambézia, o segundo maior círculo eleitoral do país e quando já estavam processados os votos de 703 assembleias de voto, de um total de 2064, o candidato Armando Guebuza vencia com 116 831 votos (62 por cento), Afonso Dhlakama na segunda posição ao totalizar 56 744 votos (30 por cento) e Daviz Simango que conseguiu 16 126 votos dos eleitores. Nas parlamentares a Frelimo tinha somado 106 140 votos (62 por cento) e a Renamo 55 570, ou seja 33 porcento em 656 mesas.

Na capital do país, Maputo, os votos recolhidos pelo candidato presidencial da Frelimo quando faltavam por somar os votos de apenas três mesas, dum total de 791, totalizavam 275 864 (80 por cento), contra os 51294 (15 por cento) de Daviz Simango e 16 835 votos de Afonso Dhlakama (5 por cento). Nas parlamentares, a Frelimo já vai com 263 819 votos (76,57 por cento), com a Renamo a totalizar 18 902 votos (5 por cento).

O apuramento provisório do círculo eleitoral de Gaza mostra que os eleitores mantêm-se fiéis à Frelimo e ao seu candidato. Armando Guebuza assume a dianteira com 172 816 (97 por cento), Daviz Simango com 4924 votos (3 por cento), tendo Afonso Dhlakama conseguido 1329 votos, ou seja um porcento. Estes dados referem-se a 414 assembleias de voto processadas, num total de 882. Para o Parlamento a Frelimo contava até ontem com 152 057 votos (98 por cento) e a Renamo com 0,97 por cento, equivalente a 1513 votos.

No círculo eleitoral de Manica e numa altura em que foram já processadas 734 mesas, de um total de 847, a Frelimo figura em primeiro plano contando com 29 068 votos (75,5 por cento) e a Renamo com 8011votos (20,8 por cento). Armando Guebuza ganha com 29 980 votos (72 por cento), Afonso Dhlakama está em segundo lugar com 6409 votos (15,43 por cento) e Daviz Simango na terceira posição com 5149 votos (12,40 por cento).

Nas eleições para a presidência, Armando Guebuza, com 89 299 (84 por cento) segue em frente na província de Inhambane, quando tinham sido escrutinadas 537 dum total de 868 mesas. Segue Daviz Simango que totalizava 9269 votos (9 por cento) e Afonso Dhlakama com 7128 (7 por cento). Na mesma província, o partido no poder soma para a Assembleia da República 84 825 votos (82.45 por cento), contra 7764 do maior partido da oposição nacional (7,55 por cento).

(Continua)

Leo disse...

(Continuação)

A CNE indica que em Cabo Delgado a supremacia é de Armando Guebuza, com 80 443 votos (81 por cento), seguindo Afonso Dhlakama com 13 253 votos (13 por cento) e por último Daviz Simango com 5220 votos (5 por cento), em 362 mesas aferidas dum total de 1138. Na disputa de assentos parlamentares, o partido no poder contava 74 512 votos (76,65 por cento) e o seu mais directo adversário, a Renamo, tinha arrecadado 11 429 votos (11,76 por cento).

Enquanto isso, em Tete, Armando Guebuza não tem igual ao somar 36 601 votos (90 por cento), Afonso Dhlakama que somou 2333 (6 por cento) e Daviz Simango que totalizou 1652 votos (4 por cento) em 101 mesas de voto processadas, de um total de 1207. Nas eleições legislativas a Frelimo tinha somado até ontem 37 114 votos (93 por cento) e a Renamo 2516, o correspondente a 6 porcento.

Quando estavam escrutinadas 354 mesas, de um total de 962, o candidato da Frelimo somava, em Sofala, 91 128 votos (52 por cento), Daviz Mbepo Simango 59 046 (34 por cento) e Afonso Dhlakama 25934 (15 porcento). No que se refere às legislativas, a Frelimo somava 89 063 votos ( 51 por cento), o MDM 60402 (34 porcento) e a Renamo 21 901 (13 por cento) quando estavam escrutinadas 482 mesas.

A mesma tendência nas legislativas assim como nas presidênciais é dada pelo apuramento parcial do Niassa e Maputo província.

Leo disse...

"onde a CNE não deixou o MDM concorrer" ??

Eu diria onde o Tribunal deu razão à CNE, não aceitando a queixa do MDM.

(Paulo Granjo) disse...

Grato pelos dados, embora venham desactualizados em 4.488 mesas e em 1.411.439 votos em relação ao encerramento oficial do escrutínio hoje, que me dei ao trabalho de apresentar em gráfico.

É, apesar disso, sempre interessante dar a conhecer, aos leitores que não estejam familiarizados com ela, a forma de tratamento noticioso por parte dos meios de comunicação do Estado. (Oo será que é do partido? Eu confesso que nunca percebi bem, e acho que eles próprios também não.)

Para além disso, é extremamente honroso para um modesto bloguista como eu poder contar com um correspondente que desempenhe de forma tão empenhada tal missão. Bem haja!

Entretanto, e sem querer abusar do seu entusiasmo, aproveito para pedir se pode fazer o favor de transcrever também, amanhã, a análise dos resultados pelo jornal Domingo e, já agora, a coluna de Sérgio Vieira.
Suponho que interssarão muito a quem por aqui passe.

Quanto ao seu último comentário, lembraria que existe uma queixa-crime na Procutadotia-Geral da República, relativa a extravio de documentação por parte da CNE (para justificar a sua decisão) nos processos alegadamente mutilados que enviou ao CC.

Será talvez de esperar pelos resultados do inquérito que certamente será levantado, isto mesmo tendo em conta que os três orgãos referidos são designados com base em confiança política.

Leo disse...

"existe uma queixa-crime na Procutadotia-Geral da República, relativa a extravio de documentação por parte da CNE"

???? Então mudaram de ideias? Foram fazer queixa à PGR? É que em 9 de Setembro o porta-voz do MDM admitia um recurso ao Conselho Constitucional. Aliás, em todo o lado as queixas eleitorais apresentam-se ao Conselho Constitucional, nunca à PGR. Por razões óbvias.

Pode confirmar aqui neste link:

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2009/09/a-cne-est%C3%A1-a-matar-democracia-em-mo%C3%A7ambique.html

(Paulo Granjo) disse...

Foi apresentado recurso ao CC, que acabou por o indeferir, com base na documentação que a CNE lhe enviou como provas.
O MDM alega ter verificado que nesses processos enviados como prova ao CC faltavam muitos documentos que tinham sido entregues à CNE, e em cuja suposta não entrega esta se baseava para recusar candidaturas.
Apresentaram, por isso, queixa-crime à PGR por extravio de documentos por parte da CNE (seja para esta basear a sua recusa, ou para depois a justificar perante o CC).

Se foi assim ou não, é claro que não sei. Caberá à PGR de Moçambique investigar.

Se for andando para posts mais antigos aqui no blog, encontrará o link para a notícia da queixa.

Leo disse...

Em 12 de Outubro? Quinze dias antes das eleições? Mesmo a tempo de se vitimizarem? Bom golpe mediático, sem dúvida!

Maputo, 12 Out (Lusa) -- O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) apresentou hoje na Procuradoria-Geral da República uma queixa-crime contra a Comissão Nacional de Eleições (CNE) por ter "extraviado processos" de candidatos do partido às eleições de dia 28 de Outubro.
A CNE anulou as candidaturas do MDM na maior parte do país, permitindo que o novo partido moçambicano concorra somente em quatro círculos.
O MDM garante que fez tudo na legalidade e diz que a decisão da CNE foi propositada, incorrendo num crime público ao deixar desaparecer processos.
http://aeiou.visao.pt/mocambiqueeleicoes-mdm-apresenta-queixa-crime-contra-cne=f532854

(Paulo Granjo) disse...

A decisão do CC foi um ou dois dias antes.

Leo disse...

“Foi apresentado recurso ao CC, que acabou por o indeferir, com base na documentação que a CNE lhe enviou como provas.”

Obviamente Paulo, afinal quem apresentou as reclamações contra decisões da CNE foram os partidos. E obviamente que o Conselho Constitucional fundamentou as suas decisão com base na documentação em posse da CNE. A todas as reclamações o Conselho Constitucional negou provimento. Dito por outras palavras, deu razão à CNE em tudo.

E quanto às datas está também enganado. O Conselho Constitucional entregou em 28 de Setembro aos mandatários os vários acórdãos sobre as reclamações que lhe foram dirigidas por vários partidos e o MDM apresentou queixa contra a CNE em 12 de Outubro.