quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vidigueira não é só vinhos brancos

(Que, por sinal, eram os favoritos do meu pai, há 30 e tal anos atrás, embora a produção da adega cooperativa lá do sítio, infelizmente, não me dê razões para dar continuidade a essa tradição familiar...)

Mas, então, a Comuna (perdão! Câmara Municipal) da Vidiguêra decidiu que, para ajudar a enfrentar esta crise que nos crisa, os seus trabalhadores com o salário mínimo passariam à categoria remuneratória seguinte, recebendo mais 18% de salário.
Mas, como o orçamento é limitado, as pessoas com cargos eleitos ou nomeados (presidente, vereadores e assessores), passariam a receber menos 10%.

Os presidentes de câmara e os vereadores mereciam receber mais do que recebem? Suponho que sim.
Esta medida tem laivos de populismo? Também é provável.

Mas, se aquilo que possa ser rotulado como populismo for feito à custa do bolso de quem decide (e que, neste caso, também precisa), o rótulo mais adequado passa a ser solidariedade social.
E, se se trata de paliativos locais que não resolvem o problema geral que os suscita, trata-se também de um nível de decência muito marcante e de uma visão do mundo que me enternece e entusiasma - mesmo se não é de esperar que o exemplo seja seguido.

O mê Alentejo e a minha esquerda (que inclui esta gente e outras, espalhadas em pelo menos dois partidos, e fora deles) continuam a ter coisas muito belas.

3 comentários:

micas disse...

Que tal o governo e AR copiarem esta ideia? Esses e não só....

Chapa disse...

ó camarada, aumentar os trabalhadores já tem que se lhe diga, baixar o executivo é muito estranho, mas reduzir os assessores é uma prática diabólica.

(Paulo Granjo) disse...

Como disse, é uma coisa com um certo cheiro populista à Comuna de Paris.
Quanto ao executivo, é ele que se baixa a si próprio, para poder custear aumentos do pessoal que certamente considerará necessários, face à situação social local (ninguém vai ao próprio bolso de ânimo leve, sobretudo a mais de 3 anos das eleições).
A extensão das reduções aos cargos de nomeação (e confiança) política já parece de facto mais discutível, mas não lhe chamaria diabólica. Imagino que o raciocínio se terá baseado (para além dos valores auferidos) nesse facto de estarem lá por confiança política e para ajudarem a aplicar as políticas do executivo.