Há coisa de 20 anos atrás, uma amigo cruzou-se, durante umas curtas férias na Madeira, com uma inauguração transformada em comício.
Contava ele que, enquanto A. J. Jardim discursava, um homem com aspecto modesto começara a gritar um qualquer protesto, que não conseguiu perceber bem.
O orador interrompeu-se e, apontando para o cidadão que lhe perturbava a inauguração-comício, disse e repetiu: «Não queremos comunas aqui!...»
De imediato, um grupo de gente rodeou o homem, que levou uma valente carga de pancada e, ensanguentado, acabou por ser arrastado dali para fora, perante a impassibilidade de dois polícias que se encontravam no local.
Ontem, os epítetos a quem protesta passaram de «comuna» a «fascista», e a polícia impediu que um ex-candidato a Presidente da República levasse mais do que alguns pontapés.
Sinais de alguma mudança nos tempos, talvez.
Muitíssimo insuficiente, certamente.
Reparei entretanto que, sem sequer pensar conscientemente nisso, ao escolher entre bananas ainda meias verdes de não-se-de-onde e bem aspectadas bananas da Madeira, tenho vindo a trazer do supermercado as primeiras. Isto desde que foi conhecida a ocultação de contas públicas e a aparente simpatia local para com a justificação de AJJ, de que cometeu esse crime para esconder outro, a violação da lei de finanças regionais.
Se, depois disto e conforme prevêm as sondagens, os eleitores voltarem a dar a vitória a AJJ nas eleições regionais, passarei a fazer essas escolhas diárias de forma consciente e reflectida, alargando a minha recusa de compra a todos os produtos vindos da Madeira.
Um boicote com poucas consequências, bem sei.
Afinal, esta situação não é reproduzida e paga com bananas, mas com os nossos impostos e com a cobardia e cálculo eleitoral dos políticos do centrão continental.
Mas, simplesmente, não estou disposto a compactuar com esta obscenidade, no que dependa do meu limitado espaço de escolha e actuação.
sábado, 8 de outubro de 2011
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