Há pouco, li Kolakowski sustentar, num quadro de crítica aos marxismos e à visão dos crimes stalinistas como uma sua adulteração casual, que «o mal, eu afirmo, não é contingente, não é ausência, ou deformação, ou a subversão da virtude, mas um facto obstinado e irremissível».
Parece-me que a questão está mal colocada. Talvez por Kolakowski ter sido tão estruturalmente judaico-cristão como os sacerdotes dos "marxismos" no poder.
Pela minha parte, diria que a relação entre "virtude" e "mal" é bem diferente dessa, e muitíssimo mais generalizada (e verificável) nos mais diversos contextos da vida política e social.
Diria, antes, que a busca e imposição pública da virtude e da pureza se torna inevitavelmente maléfica (para além de repressiva) nos seus métodos, práticas e consequências.
Um efeito perverso? Talvez. Mas sistemático e permanente.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
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1 comentário:
Achei muito interessante o assunto que levantou mas foi um comentário tão corriqueiro que fiquei instigada a saber mais sobre seu pensamento a cerca deste tema, principalmente porque vejo em meu país pelo que consigo acompanhar dos debates entre os intelectuais no Brasil, o pensamento político dividido ou uma esquerda purista e virtuosa sempre interessada no bem social ou uma direita considerada sempre sanguinolenta, e isso falando de uma forma ampla e não pensando em questões partidárias. Não é a toa o clima acirradíssimo nas eleições presidenciais deste ano que quase resultaram em uma guerra separatista. A busca de uma virtude em si pode nos conduzir justamente a falta de qualquer uma? Mas sem ela o que haverá de ser o guia?
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