(imagem retirada daqui)
Houve hoje uma grande e atípica manifestação em Maputo.
Eram moçambicanos ameaçados pela possibilidade de regresso dos horrores da guerra civil, basicamente devido a questões de «equidade na distribuição da riqueza» (leia-se, entre as elites políticas da Frelimo e da Renamo), conforme sobriamente colocou, em recente entrevista ao Público, um reitor de universidade privada que há anos ouvi televisiva e sobriamente declarar que não se podem julgar os corruptos, porque as prisões não têm as condições básicas para pessoas daquela categoria.
Eram moçambicanos fartos de uma crescente onda de raptos, perante a inação ou cumplicidade das chefias policiais, que fizeram questão de salientar que, embora a coisa tenha começado por atingir cidadãos de origem asiática, é um problema de todos, pois todos são cidadãos moçambicanos.
Eram moçambicanos que não aceitam que a corrupção e a ganância ponham em causa os mais elementares deveres do Estado para com os cidadãos.
Desta vez, manifestaram-se a apelo de organizações da "sociedade civil", que na esmagadora maioria dos casos até têm uma presença muito significativa do partido no poder. Ao contrário de 2008, de 2010 e de um início de manhã de 2012, fizeram-o pacificamente. E, a julgar pelas imagens, o seu estrato social era um pouco diferente de nesses anos - alargando o leque de quem protesta, embora exigindo em última instância fundamentalmente o mesmo.
Vendo a s televisões portuguesas, fica claro que tudo isto é irrelevante.
Só a TVI noticiou o acontecimento.
Embora em todas elas ainda houvesse, claro está, tempo de antena para o desconforto de alguns angolanos ricos e poderosos, em relação à desfaçatez de haver sistemas judiciais que investiguem as suas avultadas transferências financeiras, a partir de off-shores especializados em lavagem de dinheiro.
Haja Deus! Ainda há sentido das prioridades!...
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