in Etnográfica, VII, 2 (2003)
A recente implantação em Moçambique de uma grande fundição de alumínio, com tecnologia de última geração, não tinha à sua espera um vazio conceptual acerca do trabalho e dos seus perigos. As referências para a interpretação popular e operária desta fábrica - a Mozal - não vieram contudo das indústrias já existentes, mas da memória histórica acerca do trabalho mineiro na África do Sul, que se sucede desde há mais de um século. Essa memória modela não apenas a imagem pública da empresa mas, com base nela, a própria avaliação que os operários fazem dos perigos laborais e do seu trabalho. Como consequência, perigos concebíveis como semelhantes aos do trabalho nas minas são enfatizados e objecto de cautelas aparentemente excessivas, enquanto diminui a vigilância para com os restantes. Também o emprego é visto, à imagem da migração mineira, como uma situação transitória e bem paga, destinada a criar condições para uma vida melhor, noutro lugar.
Leia "A Mina Desceu à Cidade - memória histórica e a mais recente indústria Moçambicana"
domingo, 4 de fevereiro de 2007
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