terça-feira, 16 de outubro de 2007

Mestrados e Bolsas


Começa hoje o II Mestrado de Antropologia Social e Cultural, lá no ICS.

Junto com os restantes alunos, deveriam estar dois assistentes universitários, que tiveram as melhores médias de sempre na licenciatura de antropologia da Universidade Eduardo Mondlane.
Não estão, porque a bolsa paga pelo IPAD (cooperação portuguesa) não lhes foi atribuída, pois o Ministério moçambicano que gere e canalisa os pedidos alegou que tinha passado o prazo.

Acontece que a sua aceitação como mestrandos foi feita excepcionalmente cedo, para que não existissem problemas desse tipo, mas só poderiam cobrir o prazo de candidatura, em qualquer universidade normal, se se candidatassem já para o ano seguinte.
Acontece também que, em conversa com bolseiros estudando em Portugal, com bolsa do Estado português, pude concluir que conseguiram obtê-las tendo "cunhas" no Ministério moçambicano, ou torneando o sistema através de formas lícitas, mas que não citarei.

Compreendo que a cooperação entre Estados não deve marginalisar um desses Estados. Mas, assim, talvez seja o Estado português a ficar marginalizado do processo, a não ser como pagador.
Compreendo que, noutros tempos, o Estado moçambicano queria controlar os seus quadros e respectivo regresso, estando uma simples viagem de férias dependente de várias autorizações estatais. Mas os tempos são, a esse respeito, felizmente outros.
Compreendo que a actual tendência de "bypassar" os Estados, para canalizar as "ajudas" e projectos directamente para os supostos beneficiários, tem custos e efeitos preversos sobre a governância estatal.
Mas isto cheira suficientemente mal para exigir um reequacionar dos procedimentos.

Aditamento em início de 2008:

Fiquei a saber que os congéneres do IPAD de outros países são menos dados a esses complexos pós-coloniais. Por exemplo, a Cooperação Irlandesa limita-se a analisar o mérito da proposta e a despachar a atribuição (ou não), esperando até pelo documento de aceitação da Universidade respectiva. Ainda por cima, as bolsas são um pouco melhores.

Jovens académicos moçambicanos: sigam por essa via. Talvez o IPAD se convença que alguma coisa está errada, quando ninguém lhe pedir bolsas.

Sem comentários: