Vinte dias depois, foram agora os "chapeiros" (diz-se que os «piratas» sem licença, mas não posso garantir) a fazer greve, por questões processuais ligadas ao acesso ao gasóleo subsidiado.
A coisa foi bem mais calma, pois bloquearam ou tentaram bloquear duas vias essenciais (entrada da Matola e Chiquelene) com as viaturas, mas a população ou veio a pé ou voltou para casa. Esta não é a sua greve.
De manhã, mal se soube da coisa, as lojas fecharam em zonas centrais da cidade, mas o ambiente voltou mais ou menos ao normal - apenas com menos chapas em circulação, indecisos se iriam ou não aderir.
A caminho da padaria, fui inopinadamente nomeado representante da "comunidade internacional" (ou dos "doadores", como aqui se diz), por uma vendedora de mangas sentada no passeio:
- Não dá dinheiro ao governo. Dá machimbombos.*
Parece que os comentadores encartados e o povão estão de acordo acerca do que faz falta para resolver este imbróglio dos transportes.
* autocarros, em português de Portugal
2 comentários:
é, quem anda de chapa e larga 30-40% do seu ordenado neste sugadouro para ir trabalhar sabe melhor que ninguém o que faz falta.
e sabe ainda que há vinte dias as balas de borracha só as houve nas declarações das autoridades, que as verdadeiras ficaram para as pessoas na rua.
como me disseram há uns dias, "morreu-se muito por aí".
Pois.
Essa parte dá para ver (a partir deste modesto olho) nas «Crónicas dos Motins» números 1 e 7, aí um pouco mais a baixo.
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