«Isto foi quase num fim-de-semana. Vem o domingo e uma pessoa não tinha nada que fazer. Aqui em Lourenço Marques, eu não conhecia ninguém. Ponho-me à janela muito cedo, a fumar um cigarro, ainda em roupas interiores e tal, e qual é o meu espanto quando vejo, defronte desse quarto, sair a mãe dela do prédio em frente. E eu disse: «Mas como é que o destino me está a colocar outra vez?...» Porque eu não sabia o paradeiro delas, não sabia! A única coisa que eu sabia era o nome da Pensão Tropical. Elas depois mudaram e a correspondência vinha para a Caixa Postal. E eu olho para ali e vejo a mãe sair do prédio!
Eu vou tentar vestir-me à pressa para ir atrás da mãe mas, quando eu chego à rua, já ela tinha ido à sua vida. Fartei-me de olhar para o prédio mas, àquela hora, ela de certeza morava ali. Porque se fosse a outra hora do dia, ela podia ter ido visitar alguém. Mas era muito cedo. Àquela hora, ela morava ali de certeza.
Então, resolvi fazer umas esperas, até que consigo apanhar a mãe.
- Bem, Dona Rosa, como está? Passou bem? Tal, tal...? A sua filha?
- Ah! A minha filha, e tal... Isso é uma história muito looonga...
- Ah é? Quer dizer, acha que é mais longa que a minha, é?
Eu perguntei-lhe assim, mas:
- Não! Isso aconteceu aí umas coisas...
- Mas o que é que foi? Aconteceu-lhe alguma coisa de mal?
- Não, ela conheceu aí um moço, começou depois a namorá-lo e ele propõe-lhe casamento. E ela casou-se.
- Ela chega aqui, conhece um moço assim sem mais nem menos e casa logo?
- Bem... ele é meu sobrinho, sabe?
Eu disse:
- Seu sobrinho aqui? Mas vocês tinham família em Lourenço Marques?
- Não! Ele veio cá cumprir o serviço militar e resolveu ficar cá.
- Então mas eu gostava de a ver. Pronto, ela seguiu a vida dela, pronto, ok, mas eu gostava de a ver.
- Mas agora é um bocado difícil, porque ela foi viver com o marido lá para cima para o norte, ela está lá para Vila Cabral.
E lá me dá um ponto, realmente, dos mais distantes que há em Moçambique, em relação ao ponto em que a gente se encontrava!»
Eu vou tentar vestir-me à pressa para ir atrás da mãe mas, quando eu chego à rua, já ela tinha ido à sua vida. Fartei-me de olhar para o prédio mas, àquela hora, ela de certeza morava ali. Porque se fosse a outra hora do dia, ela podia ter ido visitar alguém. Mas era muito cedo. Àquela hora, ela morava ali de certeza.
Então, resolvi fazer umas esperas, até que consigo apanhar a mãe.
- Bem, Dona Rosa, como está? Passou bem? Tal, tal...? A sua filha?
- Ah! A minha filha, e tal... Isso é uma história muito looonga...
- Ah é? Quer dizer, acha que é mais longa que a minha, é?
Eu perguntei-lhe assim, mas:
- Não! Isso aconteceu aí umas coisas...
- Mas o que é que foi? Aconteceu-lhe alguma coisa de mal?
- Não, ela conheceu aí um moço, começou depois a namorá-lo e ele propõe-lhe casamento. E ela casou-se.
- Ela chega aqui, conhece um moço assim sem mais nem menos e casa logo?
- Bem... ele é meu sobrinho, sabe?
Eu disse:
- Seu sobrinho aqui? Mas vocês tinham família em Lourenço Marques?
- Não! Ele veio cá cumprir o serviço militar e resolveu ficar cá.
- Então mas eu gostava de a ver. Pronto, ela seguiu a vida dela, pronto, ok, mas eu gostava de a ver.
- Mas agora é um bocado difícil, porque ela foi viver com o marido lá para cima para o norte, ela está lá para Vila Cabral.
E lá me dá um ponto, realmente, dos mais distantes que há em Moçambique, em relação ao ponto em que a gente se encontrava!»
(capítulo 8)
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