domingo, 20 de abril de 2008

Gémeos, albinos e desaparecidos - um apelo

Antes de afixar o último post da série Poder, Morte e Linchamentos (que ainda precisa de umas "limadelas"), deixem-me fazer um apelo aos leitores e bloguistas:

Estou a escrever um artigo para um livro colectivo, acerca da relação simbólica que existe em Moçambique entre os gémeos, os albinos e os presos políticos desaparecidos - no período colonial, ou depois disso.
Disponho de materiais para analisar, de terreno ou bibliográficos, que parecem ser mais do que suficientes. Mas diz-me a minha experiência que, nestas coisas, quanto mais melhor; um pequeno pormenor, numa história aparentemente inócua ou redundante, pode sempre abrir mais uma porta para interpretar de forma mais completa um determinado tema.
É por isso que apelo a que, manejando nós esta tecnologia dos blogs e internet, experimentemos uma nova forma de trabalho antropológico:

Peço a quem conheça histórias envolvendo gémeos, albinos, ou pessoas desaparecidas que foram presas pela PIDE, mandadas para o Niassa ou raptadas durante a guerra (e, sobretudo, sobre o que aconteceu aos seus corpos, sobre como eram tratadas as suas mães e sobre trovoadas que tenham acontecido), que as conte.

Não têm que ser histórias provadamente verdadeiras. Podem ser "diz-que-disse" ou "as pessoas acreditam que" pois, para o estudo de representações sociais, o seu valor é igual ao de verdades documentadas.
Seria bom que, ao fazê-lo, dessem o vosso contacto, para podermos esclarecer depois pormenores que sejam necessários. Mas peço que, se não o quiserem fornecer, indiquem pelo menos o vosso nome, mesmo que seja um pseudónimo - para poder agradecer-vos no artigo.

Afinal, as ciências sociais são sempre um produto colectivo.
Mesmo aqueles autores que se acham tão geniais que pensam nada deverem aos que os antecederam têm que reconhecer uma coisa: aquilo que sabem e as análises que fazem, por extraordinárias que sejam, têm como base o conhecimento, as interpretações e a inteligência de muitas outras pessoas - mesmo que se tenha a arrogância de chamar a essas pessoas "objectos de estudo".
Por isso me atrevo a fazer-vos este pedido.

Peço também aos bloguistas de/sobre Moçambique que divulguem este apelo, para que ele possa chegar a mais pessoas.

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