De repente, sinto-me mais seguro em Moçambique, mesmo com o barril de pólvora do Zimbabwe ao lado e a xenofobia sul-africana em baixo.
A uns milhares de quilómetros de distância, saber que há bloqueios de estradas em que um homem é atropelado mortalmente por se tentar agarrar a um camião em andamento (certamente para lhe perguntar, como diz o líder da barragem, «se desejava aderir à paralização», e não para lhe mandar uma mocada na cabeça, ou coisa que o valha), numa acção de protesto de empresas de camionagem que também usam os empregados como carne para canhão, suscita-me analogias que me recuso a escrever aqui.
E choca-me que, no meio deste impune lock-out, em que empresários apedrejam, intimidam, desviam e agridem (directamente ou através dos seus assalariados, que agora até morrem) os empregados da concorrência que não adere à sua paralização, o primeiro-ministro que conhecemos fale de «direito de manifestação», mas sem «danificar propriedade alheia» e promete «a ajuda que puder».
Uma analogia, no entanto, não posso calar. A Primeira Guerra Mundial (ou, se preferirem outra mais próxima, as Guerras Coloniais/De Libertação).
Porque, sobretudo, há que dizer:
Coitado do homem que morreu a defender os interesses do patrão!
Coitado do homem que o matou, a defender, mais do que o coiro, o camião e a entrega do patrão!
terça-feira, 10 de junho de 2008
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