terça-feira, 1 de julho de 2008

Directiva do retorno

Este post vem muito atrasado.
Julgo que pelo nojo e cansaço que este novo episódio da telenovela me suscita - da mesma forma que, ontem, me cruzei com o sul-africano Sunday Times e não o comprei, apesar (ou por causa?) dos títulos «Mbeki volta a levantar o polegar para Mugabe» e «Mugabe avisa os outros líderes africanos para que não lhe apontem o dedo».
Alinhavo-o agora, devido ao e-mail que recebi de uma amiga, com este mordaz cartoon a reboque.

Esta Directiva do Retorno traz novas obscenidades.
A maior de todas, creio, a incrível possibilidade de se deter alguém até 18 meses pela ousadia de ter tentado viver na "nossa" terra.
Mas, desculpem-me, é apenas mais um passo na obscena visão que de si tem a Europa "direitinhas", mesmo que com governos que exibem simbologias "de esquerda".

Porque, desculpem-me de novo, obscena é já, para mim, a própria ideia de negar a alguém a circulação pelo mundo. Os vistos. As fronteiras barradas. Os pequenos ditadorzinhos do carimbo. Em qualquer fronteira e em qualquer país.
Aceito que um estado negue entrada a criminosos e apenas a esses. Mesmo aí, contudo, tenho orgulho em que a Constituição lá da "minha" terra proíba o repatriamento de acusados por crimes que, lá na terra "deles", permitam pena de morte ou prisão perpétua.

É por essas águas que navego.
E, por isso, também não reconheço no bisavô de ninguém um cartão de entrada - tal como, noutros sítios, uma razão para negar entradas.
O cartão de entrada, inalienável, é a meus olhos a simples condição de ser humano.

Mas lá que o cartoon está bem esgalhado, lá isso está.
Mesmo que se seja um africano, como tantos e tantos existem, descendente de esclavagistas e não de escravos.

2 comentários:

samya disse...

Boa semana para você.
P.S.: e o lobolo nada ainda...

(Paulo Granjo) disse...

Estive sem net desde dia 1. Nem pude meter um post de aniversário...

Vai para breve, prometo.