sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A guerra que se segue

18 anos depois da declaração separatista, a Geórgia atacou a capital da Ossétia do Sul, declarando que a maior parte do território está sob seu controle e que continuará as operações até alcançar uma «paz durável».
Vai daí, a Rússia - que sempre se demonstrou intransigente no seu apoio à independência desse território de maioria populacional russa, que estimulou e protegeu - bombardeou uma cidade georgiana. E vai declarando que «a Rússia não hesitará para avançar com medidas a grande escala para proteger os nossos compatriotas na região e para assegurar a segurança das fronteiras da Rússia a Sul».

O que levou a este ataque, este tempo todo depois e sabendo-se que a Rússia nunca ficaria de braços cruzados?
O mesmo que fez a junta militar argentina invadir as Malvinas?
A velha ideia, tantas vezes desmentida, de que uma guerra maningue nacionalista reforça o moral e o apoio a governos fragilizados?

Agora, pouco importa.
Tal como pouco importa que a "independência" da Ossétia do Sul tivesse sido uma obra russa.
O que importa é que iremos certamente ter uma nova modalidade olímpica: wargames com mortos a sério.

Adenda: conforme Miguel Madeira chama a atenção na caixa de comentários, a população da Ossétia do Sul não é maioritariamente russa, mas pró-russa (o que pode ter a ver com conflitos históricos e/ou com a protecção do "irmão grande" a expectativas independentistas), tendo uma língua própria que nem sequer é eslava.

3 comentários:

Miguel Madeira disse...

Só um detalhe - a ossétia não é um território de maioria russa.

Os osssetas são pró-russos, mas não são russos: falam um lingua aparentada ao iraniano, embora sejam de religião ortodoxa.

(Paulo Granjo) disse...

Obrigado pela chamada de atenção.
Vou introduzir uma correcção.

Anónimo disse...

A Ossétia tem sido desde a Idade Média uma parte da Geórgia. Não é por acaso que a rainha Tamar se casou com um príncipe ossétio. Naquela região o contacto entre pessoas das duas etnias dura há muitos séculos em boa vizinhança.
O problema tem origem em determinados grupos nos anos finais da URSS. O aproveitamento político e a ganância duns poucos deu origem a tudo aquilo.
É lamentável a hipocrisia dalguns políticos russos. Assim, se a Chechénia é russa, então a Ossétia do Sul é da Geórgia.