Hoje vivi uma aventura improvável.
As bancazinhas do Mercado do Peixe serão muito very typical, mas a verdade é que na peixaria do Sr. Juvêncio, lá para o meio, os preços são iguais ou mais baixos, as balanças não têm a capacidade de aceleração da Lurdes Mutola e o produto que se leva é o que se vê, e não umas miudezas escondidas por baixo dos bichos bem aspectados que nos enchem o olho.
Tornei-me cliente a conselho de um outro homem sério: o Sr. Matine, taxista de um Mercedes que já teve muito mais saúde naquelas rodas, mas pessoa em quem confio totalmente e que tem sempre uma frase inteligente e sensata em qualquer conversa - coisas que fazem esquecer alguns desconfortos da viatura e a pontual necessidade de a tchovar.
Mas, então, lá passei eu hoje pela peixaria e, pressa para aqui, distração para ali, vim-me embora sem o bendito cartão de crédito.
Só dei pela falta 5 horas depois e, claro, instalou-se o pânico. Para além da possibilidade de ficar bem mais pobre em muito pouco tempo, o cartanito é o cordão umbilical que me une à única conta bancária que tenho, na longínqua terra dos herois do mar.
Lá pensei e me lembrei que, de facto, não o tinha trazido.
A caminho do Mercado do Peixe, a anterior seriedade do homem dava-me esperança de que tudo corresse bem. Mas isso não impedia que todas as possibilidades desagradáveis me passassem pela cabeça.
Chegado à porta,
- Oh, Sr. Paulo! Andámos à sua procura, mas como o cartão é português não têm o seu telefone, aqui no número de emergência.
«Muito obrigado», etc. e tal, e tudo normal.
E, de facto, é normal.
Mas é, também, muito pouco provável.
Depois de 9 meses a ser abusado financeiramente por moçambicanos, portugueses e sul-africanos, saí do Mercado com um pouco mais de fé na humanidade.
Obrigado sr. Juvêncio, obrigado Sr. Matine, por me deixarem poder confiar.
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