Foi finalmente assinado, ontem, um acordo de "partilha do poder" no Zimbabwe.
O que é que isso vai querer dizer, ainda pouco se sabe.
Apenas que quem perdeu fica Presidente e fala grosso e que quem ganhou fica Primeiro-Ministro, coisa que não existia, e tem discurso de estadista.
Bem... pelo menos é de esperar que deixem de ser mortos e presos os deputados e dirigentes do partido maioritário, a que os jornais continuam a chamar "oposição".
Pelo meio, Mbeki lá se pode convencer de que fez alguma coisa útil e que não foi uma parte importante do problema, em vez de parte da solução. A linguagem corporal da foto diz-nos, aliás, muito acerca disso.
Pelo meio, também, ficou mais institucionalizada a nova e emergente "via africana para a alternância democrática":
Fazem-se eleições, o governo tenta TUDO para ganhar e, quando perde, cria o caos e a violência generalizada, até que alguma boa alma há muito amiga venha intermediar um governo de unidade que mantenha as oligarquias no poder.
Agora, talvez só Moçambique venha a escapar desta sina, já que até os negócios privados de quem manda (e não apenas as despesas correntes do Estado e o funcionamento da economia) dependem da boa vontade dos "doadores" internacionais.
Mas também, com a oposição a desacreditar-se cada vez mais, à custa de tiros no pé como o das autárquicas na Beira, a questão não se irá colocar durante uns bons anos.
Entretanto, o texto do acordo ficou disponível aqui (cortesia de Carlos Serra).
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