quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Portugal moçambicaniza-se

Aumentam os assaltos às bombas de gasolina?
Que deve fazer um governo?
Reforçar os mecanismos de segurança pública, através da racionalização de esforços e/ou reforço de pessoal das forças policiais, melhorando en passant o uso das tecnologias de detecção?

Nada disso!
Deve estimular o recurso às empresas de segurança privada.

É claro que isso permite evitar chatices de planificação e organização e, mais importante, maiores despesas no orçamento do Estado.
(Pelo menos, até algum liberal-socialista se lembrar de alegar que, em espaço público, esse serviço é de interesse público, pelo que deve ser subsidiado...)
Mas até lá, tal como antes se disse para a saúde, quem quer segurança paga-a. Com a vantagem de se arranjarem mais uns empregos no sector privado e de se dinamizar a economia - que, como é bem sabido, é uma palavra que quer dizer "empresários".

Afinal, Moçambique mostra o caminho à Europa, com década e meia de avanço.
É claro que, pelas margens do Índico, a solução tem mais vantagens sociais - pelo menos, até os empregados dessas empresas olharem para a miséria que ganham e para a arma que têm na mão, pensando noutros usos mais lucrativos para ela.
Sempre deu para 'integrar' um bom número de desmobilizados da guerra civil, é um sinal de status e tranquiliza os cidadãos, que desconfiam mais da polícia que dos ladrões.

Aqui neste rosto ocidental da velha Europa, entretanto, até o CDS-PP (paladino da retórica securitária) deve ter ficado perplexo, ao ser ultrapassado resolutamente pela faixa da direita, com esta ideia de que nem eles tiveram coragem de se lembrar.
Afinal, é uma outra especialidade moçambicana pós-guerra civil: governar radicalmente à direita, com uma retórica de esquerda.
Por cá, o governo até que podia reforçar um bocado a parte da retórica. Sempre dava mais pitoresco à coisa.

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