sexta-feira, 3 de julho de 2009

Burgessos (para pôr a semana em dia)

por aqui tinha teorizado, com profusa análise de vernáculo, sobre o recurso parlamentar a palavrões capazes de fazer corar carroceiros, caso ainda os houvesse.
Hoje, acabada uma resma de testes escritos para classificar, cruzei-me com a versão gestual de insulto parlamentar, produzida pelo ministro Maizena.

Fico aliviado que o homem seja corrido (e desconfio que o nosso primeiro também achou isto uma oportunidade caída do céu), mas confesso que nada disto me parece significativamente diferente da arrogância e desrespeito com que este governo sempre tratou a oposição e, a reboque, todos nós cidadãos.

Essa reiterada arrogância e desrespeito causa-me, de facto, repulsa. E muita.
Esta sua manifestação particular, por seu lado, só me causa pena. Por eles e pelo país.

Se um ministro acha que deve insultar os outros quando dizem que ele está a mentir, isso quer dizer, entre outras coisas, que não percebe sequer que essa acusação faz parte da ocupação do cargo.

Agora, é chato que alguém chegue a ministro sem perceber, ao longo da sua vida, que isso de fazer pilinhas e cornos com os dedos já tem um ar um bocado infantil no ensino secundário.
Ou que alguém tenha o poder de tomar decisões importantes acerca das nossas vidas sem ter nunca percebido que, quando toca a insultar, isso pode ser feito de 1001 formas (irónicas, sarcásticas, metafóricas, you name it...) sem que o insultado tenha muito por onde reagir. E sem mostrar que somos burgessos e bimbos.

Já que a Natália Correia talvez seja refinada de mais para o senhor perceber a ideia, sempre lhe deixo aqui uma prenda:
Uma utilização bem mais insultuosa, inteligente e eficaz dessa coisa dos cornos, touros e campinos.

4 comentários:

AGRY disse...

Na postagem anterior, sugeria-lhe que "passasse" pelo Navegador Solidário. Não leu ou não se interessou, o que me surpreende

(Paulo Granjo) disse...

Peço desculpa!
Com a fase das avaliações escritas e com uma orientanda em cima da hora para entregar a tese dela, não tenho sequer aqui vindo, até ontem.
E mesmo ontem limitei-me a meter o post sem sequer o ver, a deixar para depois as Américas "latinas" e o Irão, e ir a correr lançar notas...
Vou já lá de seguida.

Nuno Moniz disse...

Parabéns.

http://canardlibertaire.blogspot.com/2009/07/o-blog-o-valor-das-ideias-da-autoria-de.html

(Paulo Granjo) disse...

Merci bien, les canards!

(E já agora: também são fãs do Inspector Canardo?)