quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Um perigoso buraco

Uma notícia recente, acerca do destino a dar ao Arquivo Histórico da Câmara de Lisboa parece confirmar aquilo que suspeitava quem passava pelo Vale de Stº António:

O enorme buraco que ali foi criado (com uma parede de betão a amparar o que resta de uma colina que, com ele, perdeu uma encosta) corresponde a um projecto abandonado.

Pedro Santana Lopes enterrou ali 3 milhões de euros e António Costa abandonou a ideia - dizem alguns que pelos seus custos faraónicos, sugerem outros que por existirem dúvidas acerca da segurança da contenção de terras.

A segunda hipótese é, claro, gravíssima no imediato.

Mas, mesmo que se dê o caso de tais dúvidas afinal não existirem, continua a estar ali um grave problema por resolver.

Apesar da impressionante quantidade de betão empregue para amparar a colina (cortada na vertical para escavar alicerces), uma coisa é a pressão das terras ser depois distribuída pela estrutura do prédio que se previa construir, outra é ter ali um paredão isolado, apenas sustentado em si próprio.

Mais a mais, o betão (como qualquer outro material) envelhece, degrada-se, cria zonas de fragilidade.
E mais depressa o faz quando foi empregue numa obra abandonada, que nunca merece a vigilância e manutenção de algo que está a ser utilizado.

Por outras palavras, os prédios que já estavam implantados na crista do que resta da colina estão, a prazo, ameaçados por aluimentos.

Que irá a Câmara de Lisboa fazer?
Repor as terras - o que também cria perigos e erosão e deslizamentos, imprevisíveis na forma que possam tomar?
Confiar que, com tanto betão ali metido, «não há de haver azar»?

Não sei.
Mas pelo menos que, desde já, se tenha consciência do problema e da necessidade de o solucionar.

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