sábado, 6 de novembro de 2010

«Produção primeiro, segurança depois»


« Os dois acidentes laborais mais mediáticos dos últimos anos - o derrame do poço petrolífero da British Petroleum (BP) no golfo do México e os célebres 33 mineiros resgatados em San José, no Chile - vieram dar visibilidade, junto do grande público, a um problema que os estudos especializados tendem a ignorar: a frequente subalternização da segurança aos objectivos de produção e ao lucro, na gestão corrente de indústrias perigosas.

Em curioso contraste com o quase silêncio a nível internacional, o assunto tem sido abordado em estudos sobre Portugal e Moçambique, embora nada indique que tal se devesse a algum particularismo local ou cultural. Estas novos acidentes (cujo impacto mundial tornou inevitável a divulgação das suas causas e circunstâncias) vêm demonstrar que, a existir um particularismo, ele não se situa na prática das empresas, mas no olhar que sobre elas é lançado por quem as estuda.

Os acidentes vieram também colocar na ordem do dia interrogações inquietantes. Podemos continuar a considerar um caso pontual cada novo desastre em que a segurança tenha sido subordinada a critérios economicistas, ou estamos perante um padrão sistemático? Que podemos fazer para contrariar essa tendência empresarial, com isso protegendo a vida dos trabalhadores, o meio circundante e as demais pessoas que podem ser afectadas por cada desastre? »

...continue a ler, na página 2 do Monde Diplomatique deste mês

1 comentário:

Patrick disse...

Gostei do que li no Monde, e quando terminei procurei algum exemplo de empresas que melhoraram o tratamento a seus trabalhadores por simples questão ética desinteressada. Não encontrei (a não ser em formas cooperativas). Restam realmente duas alternativas: convencer que a prioridade na segurança rende (o que em muitos casos, não é verdade), ou constituir a "negligência" como crime penal (isso pode ferir as almas mais liberais).. os Estados têm instrumentos para isso, ou não querem?

Ab!