«(…) O empobrecimento dos trabalhadores, não só da Administração Pública, mas também do sector privado, dos reformados e pensionistas e da população em geral é, não só socialmente injusto e intolerável, como contraproducente, porque a quebra do poder de compra está a ter efeitos devastadores no mercado interno, levando ao encerramento de empresas e à consequente perda de postos de trabalho.
A generalidade da população, dos trabalhadores, dos jovens, dos desempregados e dos reformados e pensionistas está a pagar a factura de uma crise que não provocaram. (…)
Neste sentido, o Conselho Nacional da CGTP-IN, reunido a 18 e 19 de Outubro de 2011, decide:
(…)
■Convocar uma Greve Geral para o dia 24 de Novembro de 2011, contra a exploração e o empobrecimento; por um Portugal desenvolvido e soberano; pelo emprego; salários; direitos; serviços públicos;
■Promover, através das Uniões Distritais de Sindicatos, no dia da Greve Geral, acções públicas em diversos Distritos para dar expressão pública à indignação geral contra a política de direita e as posições retrógradas do patronato, e exigir uma mudança de política que respeite e valorize os trabalhadores e assegure o desenvolvimento económico e social do país.» (os destaques a bold não foram acrescentados, estando conformes ao documento original)
Parece que, para a direcção da CGTP-IN, não é evidente que houvesse uma conexão entre as “reiteradas exigências de manifestações em dia de greve” e um qualquer “discurso anti-sindical”. E, se por acaso achou que havia, parece que tem suficiente consciência da incomparável importância e força do movimento sindical (em termos absolutos e em comparação com os restantes e louváveis movimentos sociais) para não subordinar o impacto e capacidade de mobilização da Greve Geral a sectarices mesquinhas.
Parece que, para a direcção da CGTP-IN, não é evidente que uma Greve Geral seja uma coisa que só diga respeito aos trabalhadores assalariados, devendo a restante população arranjar nesse dia um entretém qualquer e não chatear. Parece que, pelo contrário, considera que o seu protesto e reivindicações são expressão dos interesses da população e do país. E parece que, pelo contrário, não só considera bem-vinda a mobilização cívica dos desempregados, dos jovens, dos reformados e da população em geral, como acha que cabe ao movimento sindical organizar, por todo o país, acções públicas no dia da Greve Geral, onde os trabalhadores e a restante população possam dar expressão pública à sua indignação.
Parece que, para a direcção da CGTP-IN, não é evidente que a realização de piquetes e a paralização dos transportes públicos sejam impedimento à organização e realização de acções públicas.
Parece enfim que, para a direcção da CGTP-IN, não é evidente que a forma mais eficaz, pura e justa de fazer uma Greve Geral na situação que atravessamos seja, por definição, ter um garboso e empenhado punhado de activistas nos piquetes e o resto dos grevistas em casa ou a passearem nos centros comerciais.
Também parece que, como diz (em versão mais vernácula) uma conhecida expressão popular, andou por aí muito boa gente a meter o testículo em virilha alheia.
Ou, para usar uma outra colorida expressão popular, parece que andou por aí muito bom mestre de revolução e sindicalismo a querer ensinar o pai a fazer filhos. De forma evidente. E por definição.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
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