Bem sei que alguns tipos (ou todos) têm um GPS particular que é uma maravilha da evolução, que ficam muito jeitosos a voar às dezenas ou centenas à volta das malfadadas velhinhas que os alimentam nos jardins, que os machos fazem um belo efeito lúbrico ao arrastarem as penas do traseiro pelo chão, quando tentam convencer as fêmeas mais renitentes.
Mas a sua imagem de marca, para mim, são as inúmeras doenças que transportam e os ácidos cócós que inevitavelmente soltam sobre a roupa estendida e sobre a janela do meu escritório, fosse qual fosse a casa lisboeta em que tenha vivido.
Confesso-me entusiástico apoiante do controle de natalidade desses ratos voadores e, mesmo, que me cheguei a informar acerca do tal de trigo roxo - que talvez nunca tenha usado por medo de suscitar algum pânico relacionado com a gripe das aves.
Eu, que adoro animais e até mantenho uma relação afectiva duradoura com um cágado que dá pelo nome, tenho de facto um problema com esses bichos.
Eis senão quando me surge um e depois dois ovos plantados na varanda, dentro de um vaso que a minha senhora tinha ali deixado, para abrigar sementes bravias que andassem pelo ar.
Em vez de plantas sem-abrigo, tenho agora ovos de rato voador e duas pombas (ou um casal, mas duvido) que se revezam a chocar os ditos cujos.
Rapidamente nos habituámos a fechar a portada respectiva para não espantar os bichos e, quais padrinhos, vamos cuidadosamente espreitando, de vez em quando, para ver se tudo está bem. Ontem, até houve quem ficasse de atalaia, porque uma gaivota nos rondava a varanda!
Entretanto, as pombas já nos olham com a desfaçatez da foto em baixo, continuando nas suas sete quintas, sempre que damos uma espreitadinha.
Cada vez mais me convenço. A reprodução é um golpe baixo da natureza.
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