sexta-feira, 14 de março de 2008

Filosofia na lixeira?

Há dois sem-abrigo que conversam, algures entre as machambas e a lixeira que se instalaram nas traseiras da minha casa.
Não os vejo, apenas os consigo ouvir.
O changana modifica-se, quando se fala de assuntos realmente sérios. Muda o tom, a escolha das palavras, a entoação, e começa a soar singularmente parecido com o japonês das grandes tiradas retóricas dos filmes do Kurosawa - embora sem aquele arrastar enfático das vogais.
Aqui e ali, vou reconhecendo palavras solenes, de conceitos complexos que aprendi em trabalho de campo.
Será que tenho dois Sabastiões Albas às traseiras de casa?

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