sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Portugal Moçambicaniza-se (IV)

A 5 de Fevereiro de 2008, Maputo foi paralizado por motins populares que tiveram como motivação imediata um aumento dos transportes semi-colectivos decidido sem ter em conta as dificuldades de sobrevivência da população, e expressaram um descontentamente geral com as condições de vida e a irrelevância do povo para as opções do poder político.

O ministro respectivo desvalorizou a questão e, pouco depois, o Secretário da propaganda do partido governamental veio dizer que os motins tinham sido orquestrados por uma "Mão Invisível".

A 8 de Novembro de 2008, Lisboa foi sacudida pela segundo manifestação esmagadora de professores em poucos meses. 4 profs em cada 5 protestaram na rua contra a política do ministério da educação. A ministra desvalorizou. Dias depois, estudantes receberam a ministra com ovos em Fafe e, como seria de esperar, a coisa foi imitada em Lisboa, na primeira oportunidade.

O equivalente português do Sr. Macuácua, o porta-voz do PS Vitalino Canas, vem dizer que os protestos são "desacatos que nos parecem muito orquestrados, muito instrumentalizados, talvez por alguns radicais e alguns professores".


Depois do apoio a empresas privadas para garantirem o policiamento público, do epíteto de "negativismo, maledicência e bota-abaixo" a todos os que não viam o futuro tão risonho como o nosso primeiro, e depois de plagiarem o slogan de Armando Guebuza e da Frelimo, já não me restam dúvidas:

O nosso primeiro e o seu partido estão tão incrivelmente preocupados com o meu bem-estar pessoal que decidiram fazer tudo para que eu não sinta choques e dificuldades de adaptação, ao transitar entre Portugal e Moçambique! É a única explicação possível.

Sendo assim e já agora, nosso primeiro, torne a semelhança ainda maior: com a maior rapidez, demita a ministra e aproveite para mandar também borda fora alguns dos seus colegas mais inconvenientes.

Sei lá... Olhe: por exemplo aquele ex-chefe da secreta que não consegue dirigir forças policiais às claras, ou aquele outro que aprendeu com ele e acha normal autorizar devassas ilegais de correspondência electrónica, ou o ex-banqueiro que fez procurador pessoal um alto quadro do BP que devia fiscalizar o seu banco e, já ministro, o nomeou para a Autoridade da Concorrência.
Oh, homem... você é que sabe. Tem muito por onde escolher.

Sem comentários: