Acredita na imparcialidade profissional dos cientistas sociais? Acha que, a ser possível, ela seria desejável?
Entretanto, é bem verdade que, por deformação profissional, tenho tendência a tentar perceber porque é que as pessoas fazem determinadas coisas, em vez de simplesmente as mandar para sítios feios.
Mas não tenho nenhuma obrigação de aturar tudo nem, enquanto cidadão, me é exigido analisar profundamente as motivações e constrangimentos de um sacana qualquer que me quer assaltar, que está a bater na mulher ou nos filhos, ou que viola a enteada, antes de ter o direito ao desagrado e indignação.
Acontece que não estudo taxistas. Pago-lhes (e bem) para me transportarem onde preciso, com rapidez e segurança e, de preferência, sem ter que me chatear com eles para não passar no Porto ou em Faro para chegar a dois quilómetros de distãncia.
Nesse tempo em que estou ali fechado, eles bem podem achar que a melhor forma de ganharem mais uns cobres ou de deixarem a sua marca no mundo é falarem da "falta que faz um Salazar", dos "filhos da puta dos pretos" ou de como resolviam a proliferação de graffitis ou de roubos a "cortar as mãos a esses gajos".
Eu é que não tenho que aturar isso. Nem, muito menos, dourar a pílula.
É um cidadão do mundo que nasceu português em 1963, é casado e tem uma filha.
Antropólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), doutorou-se em 2001 e realiza pesquisas tanto em Portugal como em Moçambique.
Mete o nariz em terrenos de estudo tão diversos como a indústria, as práticas curativas e mágicas, os processos de aprendizagem, as práticas políticas, as relações laborais ou o direito familiar.
No entanto, as suas pesquisas possuem um fio condutor comum: compreender as concepções e respostas sociais à incerteza, ao perigo e à tecnologia, em contextos de mudança cultural e social.
Vai sendo também docente no ICS e na FCSH, depois de ter passado pela Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
É autor de diversos livros e artigos, alguns dos quais irão sendo afixados aqui no blog.
Os seus trabalhos receberam, em 2007, dois reconhecimentos de que muito se orgulha:
Por parte dos seus "pares", o Prémio Sedas Nunes para as Ciências Sociais.
Por parte dos seus "objectos de estudo", o estatuto de membro honorário da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique.
desde a actualização anterior, à Argélia, Bielorússia, Cazaquistão, Chipre, Costa Rica, Egipto, El Salvador, Etiópia, Guiana, Honduras, Jersey, Katar, Letónia, Líbano, Malawi, Nicarágua, Paquistão, Senegal e Suazilândia
Nkosi Sikelele Mama Africa
SELECÇÃO DE ARTIGOS - MOÇAMBIQUE
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2 comentários:
A cada coizo as suas coizas
o taxista cospe sentenças para criar laços com o cliente e ganhar cobres extra
todo o homem quer deixar o seu grafiti para a eternidade
embora a eternidade e a posteridade serem virtuais como os blogues
não entender as razões de qualquer homem cuspir sentenças e afirmar a sua existência no mundo
nã faz de si um mau ou bom homi´
mas faz um antropólogo de duvidosa imparcialidade profissional
digo eu que não existo
Acredita na imparcialidade profissional dos cientistas sociais? Acha que, a ser possível, ela seria desejável?
Entretanto, é bem verdade que, por deformação profissional, tenho tendência a tentar perceber porque é que as pessoas fazem determinadas coisas, em vez de simplesmente as mandar para sítios feios.
Mas não tenho nenhuma obrigação de aturar tudo nem, enquanto cidadão, me é exigido analisar profundamente as motivações e constrangimentos de um sacana qualquer que me quer assaltar, que está a bater na mulher ou nos filhos, ou que viola a enteada, antes de ter o direito ao desagrado e indignação.
Acontece que não estudo taxistas.
Pago-lhes (e bem) para me transportarem onde preciso, com rapidez e segurança e, de preferência, sem ter que me chatear com eles para não passar no Porto ou em Faro para chegar a dois quilómetros de distãncia.
Nesse tempo em que estou ali fechado, eles bem podem achar que a melhor forma de ganharem mais uns cobres ou de deixarem a sua marca no mundo é falarem da "falta que faz um Salazar", dos "filhos da puta dos pretos" ou de como resolviam a proliferação de graffitis ou de roubos a "cortar as mãos a esses gajos".
Eu é que não tenho que aturar isso. Nem, muito menos, dourar a pílula.
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