sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bolivia chateia o Grande Irmão do Norte

Preocupei-me, aqui, com a possibilidade de balcanização da Bolívia, em resultado do independentismo latifundiário e racista das províncias mais ricas do país.

Preocupei-me mais ainda ao saber a história do embaixador Philip Goldberg, que agora foi declarado persona num grata pelo estado boliviano.

Pensei que dificilmente os problemas recrudesceriam depois do surpeendente referendo que punha em questão a continuidade nos cargos do presidente, do vice-presidente e dos governadores provinciais, do qual Evo Morales saiu com um apoio reforçado.

Afinal, vieram manifestações e ocupações dos edifícios públicos nas tais províncias e a secessão está mais do que nunca em cima da mesa.

Os Estados Unidos dizem que a Bolivia cometeu um erro grave ao expulsar o seu embaixador, acusado de activo apoio às tais manifestações.

Tendo em conta que Philip Goldberg é considerado o grande especialista diplomático norte-americano em agudizar conflitos étnicos e raciais, que ganhou esses galões na Bósnia, no Kosovo e na ex-Jugoslávia em geral, mas que também calhou estar no Haiti durante o golpe que depôs o presidente Jean Aristide, para além de ter sido obreiro da militarização do Plano Colômbia, depreendo que o tal "erro grave" a que a administração Bush se refere não será a responsabilização de um pobre inocente.
Será o de terem a veleidade de não aceitar que ele continue a aplicar os seus talentos, conhecimentos e meios para os derrubarem.

O que me deixa uma nova preocupação: será que os Estados Unidos equacionam uma intervenção militar na Bolívia?

4 comentários:

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Os USA ainda não têm por onde pegar para tal insanidade. Mas o venezuelano Chávez já levantou esta hipótese, ou seja, se houvesse um golpe na Bolívia ou se matassem o Morales, que ele entraria pela Bollivia a dentro.
O exército boliviano já lhe mandou um "fica quieto", quando disse que não aceitarão a~entrada em solo boliviano de nenhum soldado, nem venezuelano, nem de parte alguma.
Bem que eu digo que o Hugo calado já está errado, falando então!...

(Paulo Granjo) disse...

Entretanto, o governo brasileiro declara (depreendo que até por razões energéticas) que não tolelará uma deposição do presidente boliviano, embora não coloque de momento a questão do apoio militar.
Ou seja, o Chavez é campeão da asneira mas, deixando de lado as suas boutades e pelo menos a nível diplomático, já não estamos a 11 de Setembro de 1973 (sim, não de 2001).
A única coisa que me dá alguma calma, quanto a este assunto, é os EUA estarem enfiados até ao pescoço no Iraque e Afeganistão e as eleições estarem à porta. Mas, com tudo o que já foi feito, a guerra civil é uma forte hipótese.

Zé Paulo Gouvêa Lemos disse...

Paulo,

O que o Brasil fez logo no primeiro momento foi o de apoiar o governo do Morales e oferecer-se para intermediar o governo e aoposição boliviana para conversações. Não se levantou a minima hipótese de questões militares.
É claro que existe sim uma preocupação com uma guerra cívil no país vizinho por serem também eles exportadores do gás que o Brasil está hoje dependente, mas nesse caso, até são os departamentos (estados ricos) e opociosionistas a Morales que têm tal produto.
O Morales,com serenidade e postura democrática, e pensando andar para frente, começa a acenar em dialogar e negociar algumas posiçôes com a direita...pode parecer triste, mas melhor andar devagar, mas para a frente, e democráticamente, principalmente.
O Hugo? Pode até ser muito giro ver ele a bater no Tio Sam, mas é mesmo um insano que em cima de um discurso populista, e de um ou outro conceito válido, só sabe meter os pés pelas mãos...ou seria as mãos pelos pés?

(Paulo Granjo) disse...

Plenamente de acordo.
Aliás, quanto à Bolívia, salientei isso uns posts mais abaixo.

Mas, tal como essa postura democrática e dialogante quando se pretendem fazer mudanças radicais é uma novidade dos tempos que correm, também as declarações brasileiras revelam os novos tempos em que hoje se passam situações de tensão (mesmo que apoiadas pelos EUA) nas Américas.