quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O desengarrafamento da Beira

Embora eu não seja muito dessas coisas e existam discrepâncias enormes entre os resultados eleitorais divulgados por diferentes fontes, peguei naqueles que valem (os da Comissão Nacional de Eleições) para fazer o pequeno exercício que vos apresento acima, acerca da notável vitória do agora independente Deviz Simango, na sua recandidatura a presidente do município da Beira.

Mesmo partindo do princípio de que todos os que votaram num candidato partidário votaram nesse mesmo partido para a Assembleia Municipal, todos os partidos e grupos que apresentaram candidatos à presidência do Município (o PIMO não o fez) foram engrossar os votantes de Deviz Simango de forma muito significativa.

Nalguns casos, as "perdas" de votos para o re-eleito presidente ultrapassaram os 90% (Renamo e GDB). Mas mesmo a arqui-inimiga Frelimo viu 17% dos seus votantes preferirem Simango ao candidato partidário.

Simango foi, assim, eleito maioritariamente por votantes da Renamo e capitalizou o importante eleitorado do local GDB. Mas, para além disso e da contribuição dos pequenos partidos, quase 1 em cada 8 dos seus eleitores foram votantes da Frelimo.

Convenha-se que, num país em que os eleitores tendem a ser encarados, quando vistos a partir "de cima", como propriedade dos partidos em quem habitualmente votam, é um autêntico terramoto nos conceitos e na realidade.
Ou, como talvez prefiram dizer os votantes de Simango, um desengarrafamento.

1 comentário:

Nelson disse...

Disse eu na altura que a candidatura Indepentente de Deviz Simango era didactica. Mostrava a quem quisesse que em Mocambique é possivel não contar com apoio de partido politico mas apenas do povo. Simango desfez o mito. Ficou claro que Beira não é bastião de ninguém, é isso sim uma cidade com eleitores famintos por desenvolvimentos como todos outros mas diferentes dos outros, são atentos